Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Aprendiz de Feiticeiro

O filme aposta no talento de Nicolas Cage e na magia do seu personagem para conquistar o público.

Nicolas Cage volta aos cinemas na pele de Balthazar Blake, um feiticeiro que mora em Manhattan e que busca defender a cidade de seu arquiinimigo, Maxim Horvarth. Além disso, o mágico busca também encontrar o “mais novo do milênio”, nome dado ao jovem herdeiro do poder de seu antigo mestre. Depois de muitas tentativas furadas, Baltazar o encontra e passa a ajudar o jovem a entender e praticar a magia dentro da missão de proteger o mundo. Boa parte do longa será destinada ao desenvolvimento e aprendizagem do jovem, que ainda arranja tempo para se apaixonar e complicar ainda mais a missão.

A direção é do americano Jon Turteltaub, de “A Lenda do Tesouro Perdido” e de sua continuação, “A Lenda do Tesouro Perdido- O Livro do Segredo”. Ambas as produções foram protagonizadas por Nicolas Cage. Assim, esta é a terceira parceria firmada, mas desta vez tem o seu pior desempenho. O diretor falha ao distribuir um festival de clichês e saídas desgastadas que não funcionam mais ao gênero. As situações sugeridas não passam de uma desculpa para se ver efeitos visuais de última geração. Nem mesmos as possíveis crianças que assistirem ao longa a levarão a sério.

Nicolas Cage não consegue salvar a trama, mesmo com toda sua desenvoltura para personagens extremamente distintos. O seu Balthazar Blake também não acrescenta nada. Ele até tenta um leve tom de humor, mas não consegue mantê-lo no decorrer da história que, diga-se de passagem, economizou muito em sua duração, o que proporcionou um ritmo acelerado demais. O Jovem Jay Baruchel, que faz “o aprendiz” Dave, também não traz nada de diferente e acaba recorrendo ao caricato. Nem mesmo o romance do personagem com a jovem que apresenta um programa de rádio salva a sua atuação. Se todos representaram mais do mesmo, Alfred Molina (“O Código Da Vince”) o fez em grande estilo e caprichou no seu vilão.

O principal problema está no roteiro, que pecou por não sai do padrão. Os efeitos visuais conseguem esconder um pouco as falhas da obra. É interessante ver que não ocorre aqui uma economia como ocorreu com o tempo de duração da obra e no romance na mesma. Eles estão em toda parte e para todos os lados. E como de praxe, os melhores ficaram para o final. O mais intrigante é que nenhum habitante da cidade consegue vê-los. Ninguém acha estranho um dragão de tecido transformar-se em um dragão de verdade.

Algo que vale ressaltar é o crescimento da história. Embora repleta de falhas em sua execução, ela chega ao seu ápice com vários ganchos que conquistam por sua força. O humor surge na obra  de forma bem contida. Algumas piadinhas e a própria inexperiência do jovem ao lidar com os poderes dão um tom leve e agradável à história. A cena em que ele, ao invés de melhorar o carro, o transforma em um calhambeque é divertida.

“O Aprendiz de Feiticeiro” parecia que iria repetir o sucesso da parceria de Jon Turteltaub e Nicolas Cage, mas  passou longe de consegui-lo. Faltou um pouco de senso no roteiro, experiência na direção, ousadia nas atuações e tempo para a história terminar de forma normal. Uma série de falhas que tiraram muito da magia da obra.

Marcus Vinicius
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