Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 19 de junho de 2010

Em Busca de Uma Nova Chance

A morte de um filho e as angústias causadas por ela são os principais fatores que direcionam este drama, que ainda conta com um forte e afinado elenco.

No momento em que dois jovens estão descobrindo um forte sentimento um pelo outro, ocorre um terrível acidente e muda tudo. O que antes era um passo adiante para a felicidade, agora caminha para o desespero principalmente quando a garota descobre que esperava um filho do namorado que morreu no acidente. Juntando-se a este contexto temos uma mãe perturbada pelo fato, um filho problemático e um pai angustiado. Um ambiente que se encaixa perfeitamente com o gênero e é explorado de forma eficiente como tal.

A direção da novata Shana Feste, que também assina o roteiro, consegue mostrar o angustiante clima que envolve a morte. As cenas iniciais em que pai, mãe e filho mais novo estão voltando do funeral é simples, mas de uma sensibilidade que só um grande diretor consegue pensar, executar e transmitir. A cena do acidente também impressiona por criar vários ambientes e climas adversos. O roteiro também faz bonito e não cai em nenhum momento. Destaque para a melhor cena do longa, quando a mãe enfrenta o temido assunto e conversa com o responsável pela morte do filho. A cena, que nem é mostrada no início do longa, é perfeitamente descrita, levando o espectador a desenhá-la. Tudo isso combinado às maravilhosas atuações é um prato cheio para o gênero.

Quanto às atuações, o que se pode dizer é que elas não são apenas eficientes, mas também profundas e tocantes. Algo fundamental para uma obra que, durante toda sua duração, baseia-se apenas no drama de uma morte. A melhor é sem dúvida Susan Saradon. Ela interpreta a mãe do rapaz morto e rouba a cena até da novata e já aclamada Carey Mulligan. Esta faz a jovem namorada que espera um filho do rapaz e convence mais uma vez que só confirma o título de a nova promessa do cinema. Pierce Brosnan completa o competente trio do longa.

A edição é algo que muito acrescenta. Em uma cena ela assusta por tamanha crueldade, em outra ela é econômica e transmite uma sensação de realidade. A modesta trilha sonora apenas completa a composição da cena. Destaque para os flashbacks que mostram os poucos momentos do relacionamento entre os jovens.

Algo fundamental e que, logo de cara, marca a proposta do longa é a valorizada presença do silêncio. Ele consegue representar bem o ambiente introspectivo e triste que envolve o ocorrido. E várias são as cenas que ele é responsável pela transmissão da mensagem principal. Na própria cena do carro, já descrita aqui, a família permanece em silêncio durante uma toda a sequência, bem longa por sinal.

A morte de um filho é algo difícil de superar. A obra consegue transmitir o tamanho peso do fato e poderia até achar que tenham forçado um pouco na extrema valorização do ocorrido, mas quem perdeu algum filho, ou alguém que considere como tal, sabe como não existe dor maior. Algo que causa uma dor que incomodará durante o resto da vida. Em intensidade diferente, mas sempre.

De uma sensibilidade e realidade aplausível, o longa cumpre o seu papel e mostra o real clima e ambiente causados por uma morte. Composta por um afinado elenco, a obra pode até não ser perfeita, muito devido a falta de cenas que emocionem, mas ela funciona bem. Uma boa opção para todos sentirem na pele a triste realidade que um dia chegará a todos.

Marcus Vinicius
@

Compartilhe

Saiba mais sobre