A sequência de um dos maiores blockbusters de 2008 continua acima da média, mas deixa de lado qualquer traço de inovação e originalidade.
A identidade do super-herói blindado foi revelada e todas as capas das revistas mais influentes do mundo já publicaram o rosto do bilionário industrial Tony Stark (Robert Downey Jr.). Em “Homem de Ferro 2”, um elenco de estrelas dá força à história do herói que, mais humano do que nunca, enfrenta processos judiciais e problemas comuns na vida dos que não possuem uma armadura de alta tecnologia.
No novo filme, Stark é um super-astro, que engorda sua conta promovendo grandes eventos de novidades tecnológicas e dançando ao lado de belas garotas seminuas. Como um bilionário entediado, o industrial cede a direção de seu império para sua assistente Pepper Potts (Paltrow) e se diverte enfrentando processos judiciais que o obrigam a compartilhar as tecnologias do Homem de Ferro com as Forças Armadas, a mídia e a população.
Além de Downey Jr., os conhecidos Don Cheadle, Samuel L. Jackson, Gwyneth Paltrow, Scarlett Johansson, Mickey Rourke, Sam Rockell e Stan Lee também integram o elenco e fazem um filme de qualidade inegável e emoções distribuídas de forma homogênea em toda a sua exibição. Se o diretor Jon Favreu, que também faz o papel de Happy Hogan, um ex-lutador, foi certeiro ao não deixar o clima cair em nenhum momento, escorregou um pouco ao construir um longa que não surpreende e se sustenta apenas em um bom time de atores e efeitos visuais milionários.
Nem Mickey Rourke é capaz de arrancar de Stark o bom humor exagerado que o empresário faz questão de colocar em primeiro plano, mesmo nas situações mais arriscadas. Munido de chicotes elétricos e caracterizado de maneira inusitada, o vilão de Rourke é a melhor atração da trama. Após seu inesperado retorno e sua impressionante redenção com “O Lutador”, o ator dá mais uma prova de que tudo o que se falou sobre sua incapacidade para fazer bons filmes estava errado.
Scarlett Johansson interpreta a Viúva Negra e precisou superar Emily Blunt, Jessica Biel, Gemma Arterton, Jessica Alba, Natalie Portman e Angelina Jolie para abocanhar o papel. Sua atuação mostra que a decisão de inseri-la no elenco foi sensata, e os esforços da atriz, que treinou artes marciais durante mais de sete meses, podem ser conferidos em todas as sequências do longa.
Apesar do merecido destaque dado aos papéis coadjuvantes, o astro do filme continua inatingível e agora com um diferencial: ele é o protagonista da história e a sensação de toda a imprensa inventada pelos roteiristas. Tanta ostentação acaba servindo apenas para Downey Jr. demonstrar que é capaz de satisfazer como um bom ator, mas pode ser igualmente irritante quando sua excentricidade é somada ao pedantismo do personagem.
O responsável pela fotografia, Matthew Libatique, já havia trabalhado na primeira parte da franquia e trouxe toda sua prática com o experimentalismo técnico do cinema de Darren Aronofsky. Ao lado de uma edição ágil, o longa possui qualidade técnica inegável, que não vai decepcionar quem espera por efeitos, ângulos e montagens de encher os olhos.
“Homem de Ferro 2” continua agradando o público sedento por boas histórias de super-heróis e não decepciona quando o assunto é adaptar e melhorar uma história consagrada. Sua maior falha é se contentar com o que já foi testado no primeiro filme e não ousar na experimentação de novidades que também poderia dar certo. Para aqueles que já esperam pela surpresa após a exibição dos créditos finais, o longa vai cumprir suas expectativas e deixar no ar uma boa ideia para a possível sequência.