O encanto do Dia dos Namorados chega ao país um pouco antes da data oficial com este longa que, ao contrário do que o título nacional transmite, está longe de ser apenas mais uma boba comédia romântica.
Chega o famoso “Valetine’s Day” e com ele uma série de histórias de pessoas envolvidas nas comemorações deste aguardado evento. Com um elenco repleto de estrelas, o longa foca nas fantasias geradas pela data que acabam transformando ou não a vida de várias pessoas. Do entregador de flores ao jovem que deseja ter a primeira noite de amor com a namorada, as situações são as mais diversas possíveis, atingindo o auge no romance entre um rapaz e a moça que trabalha fazendo sexo por telefone. Várias histórias, vários romances, um prato cheio para quem gosta do gênero.
O longa é dirigido por Garry Marshall, mesmo diretor de “Uma Linda Mulher”, que faz um bom trabalho e mostra que é possível não cair na mesmice quando se trata deste gênero. Destaque para o descontraído e bem natural clima nas cenas românticas que, na maioria das vezes, fogem do convencional. É bom lembrar que os méritos também se devem ao roteiro de Katherine Fugate que é responsável por grande parte dessa nova leitura do gênero, moderna e bastante ousada.
Antes de mais nada, quem foi que fez essa tradução terrível para o título original? Quando é que vão perceber que em vez de atrair elas acabam afastando o público e, o pior de tudo, aumentando os comentários de que esses filmes são todos iguais. Esquecendo o título, ou ao menos tentando, vamos ao motivo responsável por atrair a atenção de todos: o elenco. Julia Roberts, Jennifer Garner, Ashton Kutcher, Jéssica Alba, Bradley Cooper e muitas outras estrelas fazem parte deste elenco nunca antes visto em uma comédia romântica, e nem lembrem do “Ele Não Está Tão a Fim de Você” que não passa nem perto deste. O interessante é observar que souberam dosar nomes já reconhecidos com alguns em ascensão como o do jovem Taylor Lautner da saga “Crepúsculo”, atendendo assim a todos os gostos.
Dentre todas as estrelas, merecem destaque duas atrizes que representam duas distintas fases do gênero. A primeira é Jennifer Garner, que representa a fase atual das comédias românticas e cai como uma luva em personagens típicas do gênero. Aqui, ela praticamente domina o filme. A outra é Julia Roberts, que não precisou nem ter uma participação efetiva no filme para brilhar. Só sua modesta aparição já acrescentou e aumentou o brilho da obra, uma vez que é uma das artistas mais marcantes do gênero responsável por verdadeiros clássicos como “Uma Linda Mulher” e “O Casamento do Meu Melhor Amigo”.
O amor é explorado nas mais diversas representações. O menino que nutre uma paixão pela professora mostra um lado que ao mesmo tempo é cômico e triste, uma vez que o filme possibilita a explicação de que aquilo pode ser causado pela ausência da figura da mãe que não aparece inicialmente. Essas possibilidades do amor dão charme ao longa, que não economiza em surpresas ao expectador até nos seus créditos finais. E as boas surpresas estão por toda parte, da trilha sonora à simples e eficiente fotografia. Agradável também são os detalhes que, em uma data como essa, fazem toda a diferença.
Algo que não caiu muito bem foi o forte apelo ao “novo romance”, adaptado aos costumes modernos, tirando um pouco a magia típica de um bom filme. Talvez isso e o próprio título não permitam o filme ser um clássico do gênero. Basta observar que quase sempre o romance é substituído ou acaba terminando em sexo. Esse jogo com o sexo até proporciona algumas ótimas sacadas, mas também retira um pouco do encanto do “dia do amor” que futuramente pode se tornar o dia do sexo.
O Dia dos Namorados é representado, aqui, na sua forma mais moderna, surpreendendo a todos pelo seu encantador clima envolvente e descontraído que não perdoa até os mais isolados de sentimento. Vale a pena conferir este festival de estrelas de Hollywood, mas não espere sair suspirando do cinema. A realidade não é mais tão romântica.