Uma das franquias mais previsíveis do cinema está de volta e em 3D. O longa aposta apenas nos fatores que fizeram o sucesso da mesma: um enredo fraco que serve para destacar mortes cada vez mais inusitadas.
Um grupo de jovens se diverte assistindo a uma corrida de carros. Um deles, Nick, começa a reparar em alguns detalhes estranhos que acontecem ao redor. São rachaduras na estrutura do local, uma madeira quebrada, uma peça de carro que se solta. É impossível não prever o que vai acontecer: o rapaz consegue visualizar um terrível acidente do qual todos participaram. Ao tentar avisar, ele ocasiona uma confusão que consegue afastar, pelo menos aquele grupo, do acidente que realmente acaba ocorrendo. Um início nada original que foi simplesmente adaptado nas obras posteriores ao original. A parti daí, quem assistiu e até quem não assistiu aos outros longas já sabe o que vai acontecer: eles vão ter que escapar da morte. Exatamente o que prevíamos. Zero de originalidade.
A direção de David R. Ellis (“Matrix Reloaded”) é deprimente. Além de não acrescentar nada ao longa, ele o deixa bem enxuto e isso não se deve apenas ao fato de o filme só ter 82 minutos de duração, mas também por não entrar em harmonia com o roteiro de Eric Bress (“Efeito Borboleta”) que, por sua vez, também não ajuda em nada. Dessa forma, percebe-se que, mais uma vez, ocorre uma valorização a um recurso em detrimento de uma perda em outro. Percebe-se assim que o diferencial do filme de David é a tecnologia 3D, somente.
O que chama atenção no longa é a limitação da obra, que assume as características que a fizeram chegar até aqui e não acrescenta quase nada. Até o desfecho não é nada original, já que sempre se espera algo que possa diferenciar um filme de outro. O “quase nada” se deve a dois fatores que aqui não são descartáveis: uma leve criatividade nas mortes e uma eficiente direção de arte.
As mortes surgem bem inusitadas. Novos ângulos, novas associações de atos e objetos formam um interessante jogo em que o espectador possa adivinhar como vai ser a morte, deixando um bom espaço para uma tentativa de brincar com o público que muitas vezes espera um terrível acidente e o mesmo não vem. Um outro fator que merece ser elogiado é a direção de arte que mistura através de desenhos as mortes ocorridas nos longas anteriores com mortes que podem surgir futuramente.
As atuações são as mais descartáveis possíveis. Ninguém ali parece ser o principal. Todos mais parecem figurantes nessa história. O inexperiente Bobby Campo poderia até ter se esforçado mais que ainda assim, seu personagem não surtiria afeito. E ,assim como neste, ocorreu isso também nos filmes anteriores a este.
A tecnologia 3D aqui é o que funciona. As mortes ganham um destaque e nunca foram tão próximas ao público que acredita e até chega a desviar de um objeto que vem em sua direção. E para simbolizar a chegada da nova tecnologia à franquia, nada mais criativo do que ocorrer uma explosão dentro de um cinema que, por coincidência ou não, também é 3D. Uma boa aposta.
O novo filme da franquia marca a constante tendência das sequências de misturar tudo o que deu certo nos filmes anteriores sem se preocupar com o conteúdo da obra da vez. Assim, o enredo deste longa não se desenvolve e, tão pouco, é aprofundado, ficando na superficialidade tão marcante nas películas atuais de um cinema cada vez mais preocupado em atrair multidões pelos efeitos tecnológicos do que pelo conteúdo em si.