Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 28 de novembro de 2009

A Trilha

Mistérios, perseguições, correria e muita desconfiança, tudo isso está em “A Trilha”, suspense do diretor e roteirista David Twohy. As falhas, sobretudo na direção e no roteiro, transformam a película em nada mais que entretenimento.

A trama gira em torno do casal Cydney e Cliff que decide passar a lua-de-mel fazendo trilhas pelas mais belas e isoladas praias do Havaí. Um ambiente perfeito para a ação de um assassino. E é o que acontece, mas o suspense da obra está relacionada a identidade desse assassino que só viria a ser descoberto ao fim da sessão. O interessante é que, mesmo com muita enrolação, o filme até consegue o seu objetivo de surpreender em muito devido à primeira metade da história que de tão lenta e previsível, torna a segunda eletrizante com direito a muita correria nos moldes dos filmes de ação.

A direção e roteiro são de responsabilidade de David Twohy. Como diretor, ele demonstra insegurança, sobretudo quanto ao gênero suspense, e imaturidade ao deixar passar detalhes que fazem muita diferença. Um deles é o ritmo que de tão lento no início pode até dar sono.

O roteiro não traz nada de novo para o gênero, mas é importante que se diga que ele envolve o público no suspense em torno do assassino. E para isso, o cineasta não dispensa personagens estranhos, muita desconfiança e detalhes, aliados à bela paisagem natural da obra. A reviravolta  ocorre no tempo certo. As falhas se devem em muito à falta de ousadia na forma de explorar um ambiente tão espetacular e exótico para o gênero.

Inicialmente, Milla Jovovich surge totalmente diferente do estilo de sua personagem mais conhecida no cinema, a Alice de “Resident Evil”, mas tal sensação desaparece quando se iniciam as perseguições e parece ocorrer uma transformação, sobretudo na personalidade de Cydney que lembra muito a sua personagem do outro longa. Nas cenas em que exigem dela força, Jovovich realmente parece incorporar sua antiga personagem. Outro destaque é Steve Zahn que tem um bom desempenho e chega a ser o principal responsável pela eficiência do longa.

A edição de “A Trilha” se mostra eficiente utilizando-se de cortes inteligentes, principalmente nas cenas finais quando é mostrada a identidade do assassino. Nos momentos de perseguição, a edição ajuda a aumentar ainda mais o ritmo. A fotografia recebe a grande ajuda do cenário natural em que se passa, mas o ambiente poderia ser melhor explorado.

“A Trilha” se perde devido a falta de maturidade de David Twohy que o transforma em um filme de pouca relevância para o gênero e principalmente para o público, que pode até tirar um cochilo durante a primeira metade da obra em que quase nada de interessante acontece no filme. Um bom entretenimento momentâneo, apenas isso.

Marcus Vinicius
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