Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Vi no Cinema: Kick-Ass 2 [2013] e Os Suspeitos [2013]

Um desperdício e uma grande surpresa.

Não tinha como não ficar na expectativa para Kick-Ass 2. O primeiro filme foi extremamente divertido. Uma excelente surpresa. Desconhecidos se vestindo ridiculamente de heróis e fazendo referências a uma cultura de super-heróis que nós estamos acostumados foram duas características marcantes. E fazendo tudo isso com bom humor, ótimas musicas e grande estilo. O segundo filme tinha tudo pra funcionar. Tinha…

A mudança de diretor praticamente destruiu o projeto. Matthew Vaughn fez muito com pouco no primeiro filme. Com muita criatividade, violência e efeitos práticos, o resultado foi bem acima da media. Jeff Wadlow, seu substituto no segundo filme, tentou reproduzir as mesmas inventividades do original, e o resultado foi um turbilhão de repetições em uma trama chatíssima. Sabe aquele filme em que os personagens não saem do lugar? Pois é…

O longa tem muitos pontos negativos, como personagens descartáveis, história repetida, estética nada inovadora e um ritmo horroroso. Chloe Moretz se esforça muito pra segurar o filme. A Hit-Girl é a protagonista! Sem ela, este Kick-Ass 2 não passaria nem no cinema. Jim Carrey faz um bom personagem, mas tem zero de profundidade e está lá só pra ser figurante dessa história que parece que foi escrita num guardanapo. Matam quase 10 policiais em uma cena e parece que está tudo normal. Que mundo é esse, hein?

Existem especulações de um filme solo da Hit-Girl. Pode até acontecer e poderia até funcionar. O fato é que foi uma baita decepção. Desistimos até de fazer um RapaduraCast após este filme. Foi unânime: as quatro pessoas que iriam participar não gostaram do filme. Gastar um podcast pra SÓ falar mal não vale a pena. Aliás, este filme não vale a pena. Guarde seu dinheiro.

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Os Suspeitos poderia ser aquele filme que provavelmente ninguém daria atenção, por ter sido lançado em um circuito mais limitado e apesar do seu excelente elenco, poderia ficar no nicho de ótimos thrillers desconhecidos. Ainda bem que não foi o caso! O filme é poderoso, cheio de reviravoltas, tenso, dramático, visceral. Estava com muitas saudades de um filme policial/thriller de qualidade.

A trama mostra foca Keller, um pai de família cuja filha pequena Anna desaparece ao lado da coleguinha Joy, num dia de Ação de Graças, quando saem para brincar. O primeiro suspeito é Alex, rapaz que parece ter problemas mentais e dificuldades em se expressar. Ele é apenas a primeira pista para tentar descobrir o paradeiro das meninas. Um detetive de polícia, Loki, entra no caso. A investigação não leva a nada e Alex é libertado. Cabe a Keller tentar desvendar os segredos desse sequestro pelas próprias mãos.

Primeiro, o elenco é assustadoramente bom. Sabe aquele filme, teoricamente pequeno, com tanta gente conhecida? Pois é! Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Viola Davis, Maria Bello, Terrence Howard, Terrence, Melissa Leo e Paul Dano estão excelentes em seus papeis. Destaque para Jackman e Gyllenhaal. É impressionante como Jackman é um excelente ator pra drama. Estamos acostumados a vê-lo em filmes de ação, fazendo o Wolverine (por exemplo), e acabamos não lembrando dos shows que ele deu em dramas como Fonte da Vida e Os Miseráveis. Este é mais um filme que entra para a sua prateleira de grandes atuações. Você entende a situação do personagem, compra a ideia, e até chega a pensar que faria o mesmo, por mais que Keller esteja bem extremo. Mas no desespero, será que não somos assim? Em contrapartida, Gyllenhaal faz um policial que tenta seguir as regras, mas acaba se descontrolando diante as investigações frustradas. Os cacoetes do personagem mostram um pouco da complexidade da atuação.

O diretor Denis Villeneuve se mostra seguro do que está fazendo do começo ao fim. Apesar disso, a única coisa que me incomodou foi o ritmo bem desacelerado. Eu sei que o gênero não permite exageros, mas fico com a sensação de que a duração do filme é maior do que a história permitia. Talvez seja até um problema de montagem. Não chega a atrapalhar, mas com certeza eu gostaria mais se não fosse isso.

Pra finalizar, não entendo essa cultura de brasileira de produzir títulos ridículos. Os Suspeitos é aquele filme espetacular do Bryan Singer (The Usual Suspects, 1995). Prisoners, título original, é um nome tão poderoso e tão reflexivo pra trama, que só mostra que a Paris Filmes vacilou feio ao subestimar o potencial e o alcance desse longa. Tirando isso, vá na fé! Recomendado.

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Vi no Cinema é uma coluna escrita por mim, Jurandir Filho, com opiniões sobre alguns filmes vistos no cinema. Este espaço não tem o caráter de crítica cinematográfica, afinal nem crítico eu sou. São apenas textos rápidos e exagerados sobre a minha visão de cinema. Filmes que foram/serão abordados no RapaduraCast, não aparecerão nesta coluna. Para ler outros textos relacionados a cultura pop escritos por mim, acesse e leia a ACME

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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