Cinema com Rapadura

Colunas   sexta-feira, 06 de agosto de 2010

Alguns exemplos de tentativas de criações de novas franquias

O caminho para a derrota.

Hoje tudo que um estúdio quer é investir em filmes e franquias que rendam uma boa grana ao final da arrecadação. Além da questão financeira, querem também o reconhecimento por envolver seu nome em um projeto que seja bem aceito tanto pelo público quanto pelos críticos de cinema. Em uma época em que tudo gira em torno das inacabáveis adaptações de quadrinhos, livros, etc., e em que o público fica cada vez mais exigente (ou espera-se que fique), as franquias são opções quase irresistíveis.

Entretanto, várias produções lançadas no cinema nos últimos anos não deram certo. Nem todas as películas que prometiam um futuro nas telonas conseguiram atingir o patamar de indispensáveis na Sétima Arte. Resumindo: nem tudo que é lançado pode ser comparado a franquias como “O Senhor dos Anéis”, “Harry Potter”, “O Poderoso Chefão”, “Star Wars”, “Matrix”, “Rocky”, “Bourne”, entre outras de sucesso.

A partir disso, decidi pontuar algumas das principais decepções cinematográficas recentes ou apenas os filmes que não funcionaram e não causaram o impacto esperado pelos seus realizadores. Obviamente não são só os filmes abaixo que falharam em sua proposta, mas eles resumem uma grande parte dos filmes ruins dos últimos anos. Vamos relembrar?

Categoria: Heróis derrotados

Elektra (2005) – Lembro que vi “Elektra” no cinema, com direito a pipoca e tudo mais. Achei que seria um baita filme, principalmente porque adoro heroínas que saem por aí soltando a mão nos vilões. Entretanto, ainda que eu não conhecesse plenamente o universo de Elektra, a decepção foi medonha. O roteiro fraco e longe do que foi vivido pela heroína nos quadrinhos incomodou muito os fãs e críticos, assim como seu antecessor “Demolidor – O Homem Sem Medo” (2003).

Do que lembramos? Da roupa coladíssima no corpo escultural de Jennifer Garner.

Quarteto Fantástico (2005/2007) – A Marvel sujeitou seus grandes e famosos heróis do Quarteto Fantástico a uma comédia fraca e efeitos constrangedores no primeiro filme. O pior da franquia é perceber que os dois filmes não são inteiramente ruins, só não são bons o suficiente para dividir espaço entre os grandes filmes de heróis que chegaram às telonas, como “Batman” e “Homem de Ferro”. A certeza de que um bom trabalho não foi feito nesta franquia resultou em uma recente decisão em fazer um reboot da história, que talvez dê um novo gás à trama.

Do que lembramos? Das lentes de contato nada naturais da Jessica Alba e do Tocha Humana semi-nu.

Superman (2006) – Praticamente desde sempre os cinéfilos aprenderam a acompanhar a história do Homem de Aço na televisão e no cinema. Após alguns acertos e outros erros em sua filmografia, em 2006 o diretor Bryan Singer inventou de reiniciar a franquia com um melodrama menos heróico de Clark Kent. Um epic fail para o longa que até hoje tenta se reerguer e, assim, desperdiça a interessante história do herói.

Do que lembramos? Da fofoca que Brandon Routh precisou de Photoshop para esconder seus excessos dentro do uniforme do herói.

Categoria: “O novo Harry Potter” que nunca chegou

Eragon (2006) – A história escrita por Christopher Paolini narrava a vida do menino que conhece um dragão e vive grandes aventuras. O longa foi uma das grandes decepções da 20th Century Fox. Ainda que os livros sejam elogiados pela forma como aborda esse universo interessante dos dragões e seus heróis, “Eragon” não obteve sucesso e foi guardado na gaveta, sem esperança de que a franquia se renove.

Do que lembramos? Da bela voz da Rachel Weisz dublando o dragão Saphira.

As Crônicas de Nárnia (2005/2008/2010/2012) – Ninguém duvida da capacidade de C.S. Lewis contar histórias. Os livros que deram origem aos filmes de Nárnia são maravilhosos dentro de sua proposta e direcionados ao seu público infanto juvenil. Uma franquia de sucesso estava nas mãos da Disney, que apostou muito dinheiro para transformar Nárnia em uma espécie de concorrente direto a “Harry Potter”. Por um lado, a bilheteria era razoável, ainda que insuficiente para suas grandes proporções. A franquia sempre andou em uma corda bamba e precisou de três anos para seu segundo exemplar ser lançado. Já com a pouca animação da franquia, a Disney decidiu se livrar da realização e passou para as mãos da 20th Century Fox a responsabilidade de trazer algum diferencial que dê um up na série.

Do que lembramos? Do bom elenco adulto desperdiçado.

A Bússola de Ouro (2007) – O diretor Chris Weitz levou aos cinemas a adaptação do primeiro livro da trilogia escrita pelo renomado Philip Pulman, tendo como principal atrativo os nomes de Daniel Craig, Nicole Kidman e Eva Green no elenco. O resultado gerou uma divisão de opinião tanto de público, quanto de crítica. Esta dúvida e a baixa arrecadação do longa fez com que uma sequência para a história também fosse deixada na gaveta. Particularmente, acredito no potencial da franquia, ainda que precise de mais ousadia para se tornar inesquecível.

Do que lembramos? Da impressionante luta de ursos.

Categoria: Veio antes de Twilight

Anjos da Noite (2003/2006/2009) – Antes da saga “Crepúsculo” invadir o cinema e deixar os fãs histéricos com o amor impossível entre humanos, vampiros e lobisomens, vale ressaltar (insira aqui um tom irônico) que outros filmes fizeram muito mais por esse universo. A franquia “Anjos da Noite” até que não começou tão mal, sempre com um timing decente para as cenas de ação. Entretanto, se perdeu de vez e, o pior de tudo, é que reconhece ser ruim e não para de ser produzido.

Do que lembramos? Das lentes de contatos fosforescentes usadas pelos atores.

Categoria: Jatos de sangue

Jogos Mortais (2004-2010) – Confesso ser um grande fã da franquia “Jogos Mortais”, mas apenas até o quarto exemplar. Pouquíssimos longas do gênero conseguiram mexer tanto com minhas sensações em uma sala de cinema: do nojo à piedade. Ótimos exemplares foram feitos, mas um dos maiores erros dos estúdios é não terminar uma franquia no momento certo. Chegando ao seu sétimo exemplar este ano (com a novidade que será em 3D), a série já não empolga tanto, a não ser por algumas armadilhas que continuam tão sádicas e incríveis quanto as do primeiro filme, mas em termos de narrativos, Saw já deu o que tinha que dar. Uma pena!

Do que lembramos? Cada um tem suas mortes preferidas.

Como esses, vários outros floparam na tentativa de ser lembrado por gerações e outros continuarão na mesma situação. O que nos resta a fazer como cinéfilos? Continuar exigindo que bons filmes sejam feitos, independente da bilheteria. E nos próximos anos, mais e mais franquias e heróis serão vistos nas telonas. Qual será o rumo tomado por eles? Sucesso ou o fracasso?

+ MAIS

[Documentário] A trajetória profissional, as experiências de vida e visões sobre a música de um dos bateristas mais talentosos do Brasil e do mundo estão documentadas no longa-metragem “Argus Montenegro & a Instabilidade do Tempo Forte”.Dirigido por Pedro Lucas e produzido por Aletéia Selonk, em uma realização da Artéria Filmes e Okna Produções, o documentário está em fase de finalização e tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2011. O filme acompanha o convalescimento desse artista, que não aceitou as transformações do mercado musical nas últimas décadas e se recusou a deixar de tocar por falta de espaço para o estilo de música que praticava: Bossa Nova, Jazz e Música Centro-Americana.

[Interação] A animação 3D “Meu Malvado Favorito”, da Universal Pictures, terá uma ação promocional exclusiva dentro do jogo online Grand Chase, da Level Up!, líder brasileira no mercado de games. Na ação, que vai até 18 de agosto, os jogadores de Grand Chase, um dos jogos mais populares da empresa no Brasil, terão a oportunidade de participar de eventos relacionados ao filme. Ao cumprir os desafios, os gamers receberão bônus e itens exclusivos que aumentam o poder de seus personagens.  São placas especiais com o logo do filme, mini-pets desenvolvidos com a imagem dos personagens e poções, que ao utilizadas, dão aos jogadores emoticons com a risada dos atrapalhados Minions. Mais detalhes aqui.

[Festival] A Região Metropolitana de Fortaleza (CE) se prepara para a realização de seu primeiro festival de cinema, o I Festcinemaracanau. O festival de cinema digital acontecerá de 21 a 26 de setembro, em Maracanaú.  A organização do festival recebeu mais de 500 inscrições de produções tanto nacionais quanto internacionais, oriundas de países como Argentina, México, Chile, Venezuela, Uruguai, Portugal e Chile, entre curtas e longas metragens e ainda produções em novas mídias, realizadas em celular, câmera digital e outros suportes.

– RÁPIDAS

[Abroad] Os diretores Icaro Martins e Helena Ignez embarcam neste final de semana para Genebra, na Suíça, para apresentar, na próxima quarta-feira (11), o filme “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha”, único representante latino-americano em competição no Festival Internacional de Cinema de Locarno. Em sua 63ª edição, o principal festival suíço de cinema acontece entre os dias 04 e 14 de agosto.

[Workshops] Estão abertas as abertas as Inscrições para nova etapa de Workshops “Novas Tecnologias Brasil”. Neste semestre, os temas abordados serão: Direção de Arte; Direção de Fotografia para Cinema; Direção de Fotografia para HD; Assistência e Operação de Câmera HD; e Técnicas de Logagem e Data Manager. Mais informações aqui.

[Visita] O cineasta e artista multimídia Vincent Moon vem ao Brasil a convite da Academia Internacional de Cinema (AIC) entre os dias 15 e 27 de novembro para workshops exclusivos. Mais detalhes em breve no site.

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Sugestões de Pauta: [email protected]

Diego Benevides
@DiegoBenevides

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