Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 31 de março de 2010

Chico Xavier e uma história que fala sobre paz e espiritualidade

Depois de Bezerra de Menezes, é a vez dele chegar os cinemas.

Aconteceu em Fortaleza (CE) nesta terça-feira, 30, a pré estreia para a imprensa e convidados de “Chico Xavier – O Filme”, dirigido por Daniel Filho. O Cinema com Rapadura esteve presente na premiére e prestigiou o elenco presente. Com foco em uma das figuras mais marcantes do Espiritismo, o longa narra a trajetória do menino que tinha visões e ouvia vozes, mas era desacreditado desde a infância, até se tornar uma figura cultuada do Espiritismo.

A coluna desta semana não será sobre “Chico Xavier” como obra cinematográfica. Em um País conhecido por seu cinema-favela de violência descomunal e sexualidade gratuita, uma nova leva de filmes com outra abordagem começa a ser disseminada no Brasil. Em 2008, “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”, do cearense Glauber Filho em colaboração com Joe Pimentel, arrebatou uma bilheteria incrível, tirando a atenção de obras nacionais como “Os Desafinados” e seu elenco estelar.

O longa, bastante criticado pela didática em excesso de sua linguagem, conseguiu levar aos cinemas não só os seguidores do Espiritismo, mas uma parcela de público que não está acostumada  ir aos cinemas. Não foi à toa que o filme ficou meses em cartaz, servindo como pontapé inicial a uma atenção maior a este “novo” gênero que surge na cinematografia nacional. Mais do que pregar a espiritualidade como forma de purificação e frases eficazes de bem estar, “Bezerra de Menezes” inaugurou uma tendência que deve ser explorada nos anos que estão por vir.

Esta sexta-feira, 2, quando Chico Xavier completaria 100 anos se estivesse vivo, chega aos cinemas nacionais “Chico Xavier”, baseado no livro do jornalista Marcel Souto Maior, intitulado “As Vidas de Chico Xavier” (2003). A obra liderou, durante um ano, o ranking de vendas no Brasil, e logo no ano seguinte houve o interesse de levá-la ao cinema. Nas mãos de Daniel Filho, responsável por besteiróis como “Se Eu Fosse Você” e “Muito Gelo e Dois Dedos D’Água” e do duvidoso “Primo Basílio”, o cineasta realiza sua mais decente produção desde “A Partilha” (2001), ainda que não chegue perto de fazer uma obra irretocável.

O sucesso parece estar garantido, se seguir a mesma linha traçada por “Bezerra de Menezes”. Ainda sobre Chico Xavier deve começar a produção, em breve, de mais um longa de Glauber Filho, focado também no líder espiritual. Recentemente, o longa “Nosso Lar”, baseado em uma obra de Chico, gerou burburinho na ocasião do lançamento de seu trailer, se revelando uma superprodução nacional.

O que podemos concluir, então, é que espaço e vigor para filmes espíritas está sendo construído. Por mais que exclua uma parte do público comum que vai ao cinema no País, aproxima um outro (e seleto) grande público que acredita, acima de tudo, que a espiritualidade canaliza mensagens, sentimentos e sensações que faltam em um Brasil tão invadido por tragédias, corrupção e falta de fé que a vida terrena é apenas um primeiro passo. E não é preciso ser espírita ou abdicar de sua religião para chegar a esta lição.

+ MAIS

[Festival] O In-Edit Brasil 2010 – Festival Internacional de Documentário Musicaldivulgou na noite de domingo, 28, o vencedor  de sua 2ª edição. Na competição, concorreram seis títulos nacionais, todos inéditos no circuito comercial. O filme vencedor escolhido por votação popular foi “Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez (Brasil, 2009), que entrará no circuito In-Edit de festivais, levando os diretores a Barcelona para apresentar oficialmente o filme. O longa conta a trajetória do irreverente grupo de dança carioca Dzi Croquettes, que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos 70. O grupo contestava a ditadura por meio do deboche e da ironia e defendia a quebra de tabus sociais e sexuais. É lembrado por depoimentos de artistas e amigos como Liza Minnelli, Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Ney Matogrosso, Betty Faria, Miéle, Jorge Fernando, Cláudia Raia, Pedro Cardoso e Norma Bengell, entre outros.

[Televisão] No domingo também foi realizado o Troféu Imprensa no SBT, apresentado por Silvio Santos. Na ocasião, jornalistas de diversos veículos escolheram os melhores do ano passado. A premiação foi longa, mais do que o Oscar costumava ser, além de ter registrado inúmeras situações constrangedoras protagonizadas pelo Seu Sílvio. Sem esconder a falta de know-how ao que acontece atualmente no País (não conhecia Fresno, NXZero ou qualquer coisa mais popular), suas conversas com os artistas que foram buscar a estatueta sempre terminavam em constrangimento. O melhor mesmo foi poder ver Hebe Camargo falando de sua recente doença e ser endeusada como a Rainha da TV brasileira, título mais que merecido. Foi emocionante.

– RÁPIDAS

[Boa ação] O diretor do premiado “Avatar”, James Cameron, e o produtor Jon Landau anunciaram, em Los Angeles, o lançamento do DVD e do Blu-ray do filme, que registrou a maior bilheteria de todos os tempos. Na ocasião, Cameron e Landau divulgaram também o plantio de um milhão de árvores no mundo, por meio de uma parceria global entre a Twentieth Century Fox Home Entertainment e a Earth Day Network, organização internacional sem fins lucrativos que coordena programas do Dia da Terra.

[Documentário] O Festival É Tudo Verdade 2010 entra em sua 15a edição e acontece em São Paulo e Rio de Janeiro, entre 8 e 18 de abril próximo. Nada menos que 18 documentários brasileiros inéditos, de curta, média e longa-metragem farão sua estreia no Festival. Um total de 71 documentários de 27 países participa da seleção oficial.

[Teatro] A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 7 a 11 de abril no Teatro Nelson Rodrigues, o espetáculo “Joãoe o Pé de Feijão” da Fabulosa Cia. de Bonecos. Um clássico da literatura universal de Charles Perrault adaptado à cultura brasileira com uma versão que traz como pano de fundo o nordeste do Brasil, o estado de Minas Gerais e as dificuldades vividas nestas regiões.

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Diego Benevides
@DiegoBenevides

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