Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 24 de março de 2010

Cinema de animação vai muito além do público infantil

O público adulto também tem boas opções para assistir.

Esta semana, finalmente assisti à animação “O Fantástico Sr. Raposo”, de Wes Anderson, que tem recebido elogios de público e crítica por sua maturidade narrativa e abordagem sobre os conceitos familiares e jogo de princípios. Esteticamente belo e detalhista, o filme encanta pela forma com que os personagens se utilizam do humor refinado para arrancar risadas ou da emoção para gerar discussões.

A parceria de Anderson com Noah Baumbach no roteiro confere ao longa grande autenticidade. Os dois também foram responsáveis pelo ótimo “A Vida Marinha com Steve Zissou” e Baumbach mostrou sensibilidade e tato em “Margot e o Casamento”, além de “A Lula e a Baleia”. Com uma parceria assim, a partir de uma obra rica em conteúdo, só podia sair um filme inesquecível.


“O Fantástico Sr. Raposo”

Mas o foco da coluna desta semana não será especificamente em “O Fantástico Sr. Raposo”. O gênero animação tem um charme quase irresistível. Desde os primórdios do Cinema, as animações chamam atenção pela forma como se utilizam do fantástico para criar conflitos e narrativas que, talvez, se fossem filmadas com seres humanos, não seria nem um pouco convincentes.

Walt Disney se estabeleceu como o grande realizador de animações, presenteando os espectadores com seus clássicos memoráveis e suas canções deliciosas. Apesar de a época de ouro das animações da Disney ter passado há algum tempo, estúdios como DreamWorks e Pixar, entre outros, se utilizam das mais novas tecnologias para aperfeiçoar um estilo que continua no coração do público.

O lúdico é ferramenta indispensável às animações, possibilitando uma repetição, muitas vezes insuportável, “do mesmo de sempre”: animais, objetos e caricaturas ganham personalidades em cena e sustentam (às vezes) os filmes por uma hora e meia. Seguir por este caminho não é negativo, até porque é o que atrai o público infantil. Não devemos esquecer, apenas, que os pais das crianças acompanham os pequenos durante os filmes e merecem também um bom divertimento.

É aí que, vez por outra, aparecem algumas animações que até servem para os pequeninos, mas que possuem um significado bem maior (e direcionado) ao público adulto. As crianças se limitam a deslumbrar o conjunto de imagens e sons do filme, mas são os adultos que reconhecerão a profundidade da película. “O Fantástico Sr. Raposo”, por exemplo, utiliza-se de raposas e gambás para mostrar uma história densa aos adultos, e nem por isso inova ao usar animais falantes em situações burlescas.

Entre os vários exemplos de filmes “para os grandinhos” temos o recente “Coraline e o Mundo Secreto”, cuja história e design de produção obscuros trazem um peso incrível à trama; “A Viagem de Chihiro”, do mestre Hayao Miyazaki, que retoma lendas e crenças orientais; “A Casa Monstro”, em que crianças são alvos de uma casa maligna; “Valsa com Bashir”, que seria praticamente impossível uma criança compreender o sentido, visto que possui um caráter histórico; entre outros.


“Coraline e o Mundo Secreto” e “A Viagem de Chihiro”


“A Casa Monstro” e “Valsa com Bashir”

Então é esperar para que novas animações venham! Não importa se são feitas para crianças, para adultos ou para mesclar os dois públicos, o importante é que elas tenham qualidade visual e uma história cativante. Estes são os segredos para levar ao público maravilhas como “Procurando Nemo”, “Monstros S.A.”, “Toy Story” e “Shrek” que, assim como os clássicos da Disney são considerados, serão grandes referências do gênero daqui a algumas décadas. E que a tecnologia não engula, sempre, a contação de história.

+ MAIS

– Katherine Heigl deve sair de vez de “Grey’s Anatomy”. A atriz esnobou várias de suas participações na sexta temporada da série e agora, mesmo lamentando a imagem que causou aos seus fãs, deve mesmo abandonar o show. O pior é a possibilidade de não inserir um final para sua personagem, a Dra. Izzie Stevens, que, a exemplo da sua trama na segunda temporada, foi a melhor coisa que a série já teve até hoje.

– Com o abandono de Heigl e a visível preocupação de seguir carreira no cinema, agora resta saber se a atriz, que é bastante talentosa, vai continuar em comédias românticas bobas ou vai investir também em outras nuances de interpretação. Alguns atores que abandonam a televisão pelo cinema conseguem manter certa fama, tomara que este seja o caso de Heigl.

– Antes de Heigl, T.R.Knight, intérprete do Dr. George O’Malley, pediu para sair da série por não simpatizar com os rumos que seu personagem tinha seguido. A autora, Shonda Rhimes, deu um final digno de muitas lágrimas para o carismático médico. O ator está sumido desde então. Seria o cinema seu próximo alvo?

– RÁPIDAS

– O cineasta cearense Diego Akel (“Linhas e Espirais”) mantém atualizações em seu blog com conteúdo maravilhoso sobre técnicas e experimentos de animação, além de registrar a produção de seu próximo curta-metragem de animação, “Círculo”. Acesse aqui ou veja o canal do cineasta no YouTube.

“O Fantástico Sr. Raposo” continua em cartaz no UCI Ribeiro de Fortaleza (CE) até amanhã, 25, na sessão de arte. A partir de sexta, entra em circuito “À Procura de Eric”, de Ken Loach.

– Ainda falando sobre animação, “Como Treinar o seu Dragão” chega às telas de cinema este fim de semana, com a responsabilidade de ser tão cativante quando o seu trailer.

– As inscrições para a 3ª edição do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos estão abertas até o dia 04 de abril. Mais informações aqui.

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Veja as outras matérias da coluna ACTION.

Diego Benevides
@DiegoBenevides

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