Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 13 de setembro de 2009

High School Band

O título nacional pode até lembrar a trilogia "High School Musical", da Disney, mas se engana quem achar que “High School Band” é tão descartável quanto. E o que diferencia os dois são detalhes que o diretor e roteirista do filme Todd Graff fez questão de dosar, como a construção dos personagens que possibilita um aspecto mais humano à obra. O roteiro bem consistente também é outro ponto de destaque desta comédia.

Gaelan Connell é Will Burton, um garoto "nerd" que, junto com sua mãe, Karen (Lisa Kudrow), muda-se para New Jersey, onde não se dá ao trabalho de se adaptar ou sequer fazer amizade. A verdade é que o rapaz nunca foi muito de se enturmar e, ao contrário disso, prefere ficar ouvindo seu iPod e enviar e-mails diários para o astro do rock David Bowie que nunca lhe responde. Como de costume nas histórias teens, ele conhece duas novas garotas, completamente diferentes uma da outra. Uma é a tímida e introvertida Sa5m (Vanessa Hudgens) e a outra é a descolada e popular Charoltte Banks (Alyson Michalka), talentosa ex-namorada do vocalista da banda mais quente da escola. O envolvimento com as duas vai dividí-lo ao ponto de fazê-lo pensar qual o estilo que ele mais se identifica.

Quando ele revela o seu conhecimento sobre a história da música, logo é convidado para gerenciar a nova banda de rock de Charlotte e, assim, ajudar os integrantes da mesma a vencerem a maior batalha de bandas da cidade: o Bandslam, que é o título original do filme e que mais uma vez foi adaptado com intenção de fazer uma ligação com algo que tem um retorno financeiro garantido, no caso, a trilogia da “High School Musical”. É importante lembrar que algumas semelhanças com a história da Disney são inevitáveis, uma vez que o ambiente é o mesmo e os clichês também. E em um mercado competitivo como é o americano, fugir desses recursos demasiadamente utilizados representa um risco que os produtores, na maioria das vezes, não estão dispostos a correr.

Vanessa Hudgens, embora seja o nome mais conhecido da película, pouco aparece e é ofuscada por atores realmente talentosos como Aly Michalka e Gaelan Connell. Para se ter uma ideia, o nome da personagem dela é Sa5m, e o cinco no meio do nome, assim como a personagem, não servem para quase nada. Gaelan Connell, que não é tão conhecido, convence com um personagem divertido, diferente e humano. Aliás, isso de ter um lado humano é o principal diferencial do filme que não fica somente na superficialidade de histórias irrelevantes de personagens mais descartáveis ainda. Isso é que acontece na maioria dos longas do gênero, como se já tivesse se tornado um vício que deve ser seguido por todos.

Ainda que alguns personagens possuam um pouco de carga realista, o mesmo não ocorre com os integrantes da banda de Will, que entram em cena apenas como membros da banda e não fazem outra coisa que não seja tocar os instrumentos e, assim, são desprovidos de personalidade ou de qualquer fato que os diferencie. Como os membros da banda, muitos outros personagens não apresentam qualquer diferenciação. Um exemplo disso é o que acontece no próprio concurso onde muitos personagens que mereciam mais destaque, mas são apenas figurantes diante dos outros participantes.

Se quase tudo já foi visto em outros filmes do gênero, o roteiro, aqui, apresenta-se
consistente e bem eficiente para o que se propõe. Um bom trabalho feito por Graff e Josh A. Cagan. alguns momentos, como o desfecho, mostram a tentativa de ousar e diferenciar a obra das demais. Uma outra peculiaridade é a trilha sonora. Além músicas teens bem típicas da jovens bandas americanas, surgem boas surpresas como “Femme Fatale” da banda Velvet Underground, “What Light” da banda Wilco, e “Rebel Rebel” do inglês David Bowie, que para surpresa de muitos, faz uma aparição especial no longa e este é um dos momentos mais interessantes da película.

A comédia da vez deve ser destacada como um filme isolado que tem clichês, qualidades, defeitos e peculiaridades. Um roteiro consistente, algumas atuações interessantes e personagens bem construídos. Por tudo isso, “High School Band” não é tão ruim como se imagina. Mas também não é bom. Fica em um meio termo que vale alguns momentos de descontração, nada mais do que isso.

Marcus Vinicius
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