Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 09 de julho de 2009

Proposta, A

Sandra Bullock está de volta em seu melhor estilo na comédia romântica “A Proposta”, filme que embora venha com uma temática bem previsível como a maioria das obras do gênero, consegue arrancar boas gargalhadas e ainda surpreender com sua ousadia e eficiência.

Margaret Tate (Bullock) é uma chefe dominadora e bastante temida por todos. Ao receber o aviso que irá ser deportada para o seu país de origem, Canadá, ele decide propor um falso casamento ao seu fiel assistente Andrew Paxton (Ryan Reynolds). O problema é que, embora ele saiba tudo sobre a sua chefe, a mesma não conhece quase nada da vida dele, o que a motiva a passar um fim de semana com a família do rapaz na sua bela terra natal, o Alasca. Assim, o filme promete um choque cultural entre a afetiva família do rapaz e a sua chefe durona, o que resulta em uma boa comédia.

Aos 44 anos, Bullock volta às comédias românticas. Apesar de ser considerada uma atriz mediana, é indiscutível que nesse gênero ela realmente é eficiente. É bastante interessante também a química que a atriz tem com seus pares. Aqui é Ryan Reynolds com quem a atriz tem perfeita harmonia, mas é bom lembrar seus pares em outros filmes que também receberam elogios quanto a sua participação ao lado da atriz. São eles Hugh Grant em "Amor à Segunda Vista", Keanu Reeves em "A Casa do Lago", Benjamin Bratt em "Miss Simpatia", e Ben Affleck em "Forças do Destino".

A direção de Anne Fletcher pode ser considerada boa. Com algumas experiências nas comédias românticas, como em "Vestida Para Casar", a diretora consegue dar o tom certo ao filme principalmente nas cenas em que a comédia se mistura ao romance. Margaret é dominadora e fria por fora, mas por dentro ela tem sentimentos que, quando são expostos, comovem Andrew e o público. E dessa vez, não há a mudança brusca de personalidade como há na maioria dos longas do tipo, mas sim uma situação mais próxima da realidade em que a pessoa é uma coisa por fora, mas que não anula o que ela é por dentro.

Se até agora tudo está agradando, o humor no filme não foge à risca e apresenta-se da melhor forma possível. Seja pelas atuações de Bullock e de Reynolds, seja pela direção, o filme é divertido e cativante, capaz de agradar não só aos fãs do gênero. Destaque para a cena em que Margaret encontra a avó de Andrew fazendo um ritual que mistura tradição e música. A avó convida a chefe de seu neto para participar do estranho ritual, o que só poderia resultar em uma das mais hilárias cenas do longa.

É interessante ver o rumo que as comédias estão tomando. Muitas delas estão abusando do recurso da metalinguagem que é o de fazer alusão a sua própria condição para conseguir o humor desejado. Algo que não teve a mesma eficiência foi o desfecho do longa que, de tão inovador, dá a impressão de estar faltando algo a ser mostrado, embora os créditos reparem um pouco essa falta e o filme não tenha sido prejudicado.

Assim, essa ousadia pode fugir do formato e causar repulsão por parte do público que, em sua maioria, espera uma história inovadora que tenha o seu “final feliz". Isso é um pouco contraditório já que o eles querem inovações e também querem o famoso “happy end” que é o recurso mais tradicional do cinema.

Além de tudo que já foi dito, merecem elogios também a trilha sonora e a fotografia. Enquanto a primeira mistura músicas clássicas com a batida moderna, a segunda abusa de belas imagens que de tão lindas parecem nem tão distantes da realidade. Destaque para as belíssimas imagens do Alasca que impressionam por tamanha beleza e naturalidade.

"A Proposta" merece ser aceita não só por toda sua competência quanto ao gênero em que se encaixa, mas também por conseguir surpreender e fugir um pouco dos principais vícios que acabam sendo cometidos nesses filmes. Uma ótima proposta de ir ao cinema como há muito tempo não se tinha.

Marcus Vinicius
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