Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Madagascar 2: A Grande Escapada

Os bichos que conquistaram o público com seu carisma em 2005, agora voltam às telonas em mais uma aventura, desta vez pela selva africana. Mesmo inferior ao seu antecessor, "Madagascar 2" continua com seu belíssimo visual, porém perde na qualidade da trama.

Alex, o leão; Glória, a hipopótama; Marty, a zebra; e Melman, a girafa. Os quatro amigos passaram por apuros no primeiro filme quando saíram de um zoológico nova-iorquino e pararam em Madagascar, uma terra onde bichos estranhos, quase loucos e divertidos habitavam. Com o sucesso incrível de bilheteria, logo a DreamWorks pôs em prática uma continuação. Nesta nova trama, o roteirista Etan Cohen faz um prólogo trazendo a história de Alex quando era apenas um bebê leão, explicando como ele se separou de sua família.

Daí, logo podemos esperar e prever o que acontecerá no decorrer da história, bem como seus vilões e conflitos. De qualquer forma, ainda temos um outro flashback, agora trazendo um resumão do que aconteceu no filme anterior. A alternativa de fazer isso, para não ficar cansativo, é levar o drama dos bichos desaparecidos aos jornais, uma escolha correta e competente de Cohen. Depois disso tudo, voltamos ao presente e acompanhamos os bichos tentando revitalizar um avião para voltar a Nova York, porém, eles acabam caindo em uma terra desconhecida. Lá, novos amigos e surpresas estavam prestes a acontecer.

O que fez de "Madagascar" um sucesso foi, sem sombra de dúvidas, o carisma de seus quatro protagonistas. De alguma forma, parece que eles se completam, mesmo sendo tão diferentes em personalidade. Outra coisa positiva do primeiro longa era que víamos os quatro agindo, brigando, questionando e fazendo as pazes juntos, concentrando realmente a atenção em todos, cada qual com sua função social na trama, juntamente com os ótimos coadjuvantes.

Em "Madagascar 2", a idéia foi fazer uma abordagem maior sobre a vida de Alex e, conseqüentemente, separar os outros três bichos em tramas paralelas. Inicialmente, a tentativa parece correta, mas do meio para o final da trama é quase impossível não sentir falta dos quatro estarem sempre juntos. É tanto que, quando eles precisam se reunir novamente, aparecem os melhores momentos do longa.

Um exemplo de desgaste de idéias é a indigesta relação de Melman e Glória, que se desenvolve após a hipopótama se interessar pelo fortão Moto Moto; além da incabível presença do rei Julian, imbecilizado e desagradável. Ainda vale ressaltar em "Madagascar 2" a presença de várias insinuações sexuais que, particularmente, me fizeram questionar o por quê de tal apelo em um filme no qual isso não é necessário.

Esses maus investimentos em pequenos dramas poderiam ter dado mais espaço a personagens como os pingüins, que aparecem mais do que no filme anterior, mas ainda assim não têm a abertura merecida na película. Outro personagem que fica em décimo plano é Mort, que tanto encantou os espectadores com seus olhinhos chorosos, e agora se resume a fazer poucas aparições, lembrando as aventuras de Scrat em "A Era do Gelo", com uma espécie de esquetes momentâneas dentro do longa, nem sempre engraçadas.

Mesmo com essas falhas em termos de história, é inegável que "Madagascar 2" continua com seus gráficos animados bem desenvolvidos. Mesmo não sendo uma unanimidade, particularmente creio que esta é uma franquia que a DreamWorks realmente pode ter orgulho, justamente por oferecer ao público um banho de cores fantásticas e criar ambientes belos. Além disso, existe a preocupação com uma fotografia delicada, que algumas vezes é esquecida em outros filmes de animação. As tonalidades pastéis ao retratar a infância de Alex são adequadas e a recriação da selva africana embelezam o longa.

Os diretores Eric Darnell e Tom McGrath têm a sensibilidade máxima de conduzir a trama, sempre com planos bem planejados que consigam dar a imensidão física e psicológica das situações trabalhadas. Além disso, os diretores movimentam seus personagens em cena, mesmo os que não estão em primeiro plano, dando vitalidade ao filme, que se sustenta por ter uma equipe técnica competente para desempenhá-lo. A edição e a trilha sonora são recursos que, mesmo tímidos, ainda contribuem para o bom resultado visual da película.

Apesar de não possuir uma história tão simpática quanto o primeiro da série, "Madagascar 2" continua divertindo. É sempre bom ver Alex, Glória, Marty, Melman e os pingüins em ação. Certamente, este será mais um grande sucesso de bilheteria e, quem sabe, pode gerar novos frutos.

Diego Benevides
@DiegoBenevides

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