Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 14 de outubro de 2006

Deu a Louca na Chapeuzinho

Mostrando-se infelizmente ser menos engraçado do que o trailer, mas ainda assim não completamente, "Deu a Louca na Chapeuzinho" é uma animação que garante algumas boas e em determinados momentos verdadeiros rios de risadas, embora sejam por pouco tempo, mas com certeza agrada.

Esqueça a história da "chapeuzinho vermelho" como você conhece. Nessa nova animação, que demorou mais do que deveria para chegar ao Brasil, a história começa quase no fim do filme. A polícia chega à casa da vovozinha, onde um crime à paz foi cometido, quatro suspeitos: chapeuzinho, lobo mau, vovozinha e o lenhador estão sendo acusados. Um deles pode ser o ladrão que anda roubando as receitas de doces e forçando os habitantes da floresta a fecharem suas docerias. Em interrogatório, cada um conta a sua versão do que realmente aconteceu naquele dia. É preciso saber qual a identidade secreta do vilão que está roubando as receitas.

O trailer do filme acabou revelando a maior parte da graça do filme, que aliás, demonstrou ser uma excelente animação para rir. Claro que não há uma atenção muito grande nos detalhamentos da animação como apresentados por empresas como a Pixar ou a Dreamworks, e na verdade esse é o principal ponto falho do filme, já que o público, acostumado com as animações que invadiram ultimamente as salas de cinema, acaba sentindo falta dos detalhes das árvores ou de personagens mais verossímeis e não tão semelhantes a esses bonecos de plástico pintados por aí.

Seguindo os passos de "George, O Curioso", "Deu a Louca na Chapeuzinho" se torna muito mais atraente ao público devido à dublagem característica nossa, e que graças a Deus não contém nenhum ator global, o que prova mais uma vez que ator da Globo em sua grande maioria não sabe realmente fazer uma dublagem. E o filme aproveita e guarda ótimas surpresas como o personagem do bode cantante, que desde o primeiro momento de sua aparição até a última é um dos personagens mais hilários de toda a animação. Outro personagem visivelmente hilário é o esquilo fotógrafo, e não se assuste se você sair do cinema recitando passagens das falas desses dois personagens. Você não está pagando nenhum mico, eles foram realmente marcantes. E aqui vai um aviso para quem não gosta de filmes dublados: essa animação é uma das poucas que com certeza é muito mais válido ver dublado em português do que no original.

O filme falha em poucos pontos, como já citado a falta de detalhamento em sua produção. Outro elemento também é a sua visível tentativa de fazer graças em algumas cenas, que inclusive perderam a graça desde a segunda vez em que se vê o trailer do filme. Outro ponto falho do filme também é a visível parada básica nas falas da animação, quase como se estivesse dando uma pausa para as risadas da platéia, e que infelizmente em sua maioria não acontece.

Outro ponto excelente do filme é a trilha sonora. Uma trilha composta de rock pop, além de boa parte do filme com personagens cantando, momento mais do que batido em produções antigas da Disney, nessa animação há sim boas canções, mesmo dubladas, embora não sejam todas as canções. Aqui novamente cabe um elogio mais do que rasgado ao dublador do bode, que em sua maior parte teve que cantar nos momentos em que esteve presente nas cenas.

Apesar de uma história fraca, o filme diverte e cumpre bem o seu papel de diversão infantil, e inclusive consegue arrancar boas gargalhadas dos pais que estão acompanhando seus filhos ao cinema. De longe essa é uma boa pedida para o público infantil nesse fim de semana.

Leonardo Heffer
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