Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 23 de setembro de 2006

Asterix e os Vikings

A nova obra dos famosos amigos gauleses Asterix e Obelix conta com uma premissa bastante interessante, mas que infelizmente acaba caindo nos eternos clichês e ainda sai prejudicada com a dublagem brasileira.

"Asterix e Os Vikings" é o terceiro longa baseado nas histórias em quadrinhos criadas por Albert Uderzo e René Goscinny, em 1959. As revistas fazem sucesso até hoje e tornaram-se populares principalmente na França. Tamanho prodígio foi responsável pela primeira adaptação aos cinemas, em 1999, com o filme "Asterix e Obelix", estrelados por Christian Clavier, Gerard Depardieu e Roberto Benigni. Em 2002, chega a continuação "Asterix e Obelix: Missão Cleópatra", desta vez trazendo a bela Monica Belucci no lugar de Benigni. E eis que, 4 anos depois, chega aos cinemas mais uma aventura dos heróis, "Asterix e Os Vikings", realizada totalmente através de animação ao invés de trazer atores reais.

Asterix e Obelix são dois habitantes de um pequeno vilarejo situado na região da Galícia e que ainda resiste aos ataques do Império Romano. Os hérois se envolvem em aventuras com diversos personagens históricos, o que traz de quebra um pouco de informação. Para dar vida a este rico universo medieval, só mesmo um longa animado para retratar melhor os elementos dos quadrinhos e ser mais fiel à proposta inicial. Infelizmente, neste "Asterix e Os Vikings" os personagens principais e os divertidos costumes gauleses são deixados de lado para pôr em evidência uma história de amor clichê envolvendo personagens pouco carismáticos, além de umas modernidades nada convincentes para a época.

A história tem início quando o "xamã" de uma tribo viking revela aos seus compatriotas que o medo é capaz de lhes dar a habilidade de voar. Pensando nisso, seu líder oferece o prêmio que for necessário para quem capturar o Campeão do Medo, o único que poderia lhe transferir conhecimento de tal arte. O filho do "xamã", instruído por seu pai, busca encontrar o Campeão para que este possa se casar com Abba, filha do líder, e se tornar dono da aldeia. Enquanto isso, na Galícia, Asterix e Obelix recebem a difícil missão de transformar em guerreiro o jovem medroso e cheio de frescuras Calhambix, vindo da cidade grande. Calhambix, torna-se então um prato cheio para os Vikings, causando uma série de confusões envolvendo os dois povos.

A dublagem do desenho, aqui no Brasil, foi realizada pela turma do programa Pânico. Como era de se esperar, o resultado foi quase catastrófico, já que a dupla Sabrina Sato (dublando Abba) e Mendigo (dublando Calhambix) fizeram um péssimo trabalho, por vezes até constrangedor. No entanto, Ceará (Obelix) e Vesgo (Asterix) surpreendem ao emprestar suas vozes aos carismáticos heróis, realizando um trabalho de ótima qualidade e bastante sensível. Por falar na famosa dupla, é sempre divertido vê-los juntos, já que os dois, Asterix (mais racional) e Obelix (mais sentimental) se complementam tão bem. É uma pena que o enredo do filme deixe de lado os heróis, tranformando-os em meros coadjuvantes para dar lugar a uma fraca história de amor entre Calhambix e Abba.

Contando com um roteiro fraco, e por diversas vezes cansativo (principalmente por se tratar de um filme para crianças), "Asterix e Os Vikings" peca ao deixar de lado seus verdadeiros protagonistas, mas acerta ao criar com detalhes o universo concebido nos quadrinhos. Vale a pena conferir se você for fã dos heróis gauleses. Caso contrário, escolha algo melhor para assistir.

Diego Coelho
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