Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Casseta e Planeta 2 – Seus Problemas Acabaram

"Casseta e Planeta 2: Os Seus Problemas Acabaram" até tenta. Se esforça. Chega até a apelar, e em alguns momentos consegue até mesmo causar um risinho ou outro do espectador, mas não consegue decolar e se sair bem como peça para o cinema. Mas, para ser sincero, alguém estava esperando isso?

As Empresas Tabajaras finalmente foram levadas ao tribunal. A acusação? Seus produtos não são tão compatíveis com o slogan "seus problemas acabaram", que vem sendo usado pelas empresas desde que muita gente se entende por gente, ou melhor, desde quase a gênesis do programa do grupo "humorístico" da televisão. Agora o filme segue as tentativas de um advogado que parece sempre defender as causas dos pobres e oprimidos para conseguir comprovar que os produtos das empresas tabajaras não são tão saudáveis assim.

Com uma linguagem completamente televisiva, o segundo filme do grupo poderia até ser considerado um especial da Globo. Ou melhor, deveria ser, afinal o filme consegue simplesmente ser idêntico a toda linguagem do programa, sem tirar nem por. Todos os personagens do programa, incluindo as imitações, estão de volta. E com eles a falta de diversão. Nenhuma das situações realmente chega a ser engraçada, e os únicos risos no cinema são realmente mais sobre as imitações da trupe do que dos personagens ou mesmo da história.

O elenco de apoio vem com Murilo Benício, que simplesmente parece ter voltado no tempo e assumido a identidade de seu personagem Bráulio Viana na novela "Vira-Lata" de 1996, a quarta novela do ator na emissora. Este foi um dos personagens mais memoráveis do ator, e ele traz de volta o jeito paspalho de ser do personagem. Até mesmo a forma de ajeitar os óculos relembra seu personagem. Por incrível que pareça e por mais caricaturado que seja, ele, na verdade, é o personagem com mais momentos engraçados, para não falar o único que possui a possibilidade de extrair risos. Não com as falas, porque essas são simplesmente ridículas, mas sim por suas expressões e o "timing" cômico que o ator já provou possuir, que é uma pena simplesmente estar sendo ignorado nesses últimos anos.

Luana Piovani e Juliana Paes aparecem no filme para fazer aquilo que o trailer do filme (para quem viu!) já tinha informado, mulheres boas no longa, e nada mais. Tanto que suas participações, se comparadas a filmes americanos, seriam daquelas atrizes boazudas, mas sem nenhum talento que possuem duas falas no roteiro e que geralmente só conseguiram o papel por terem feito o "teste do sofá" com o diretor. O que com certeza (espero sinceramente) não tenha sido o caso das duas (já que possuem contrato com a Globo, que deve ter sido a maior patrocinadora do filme).

Por falar em orçamento, é assustador pensar que alguém realmente tenha investido em um filme como esses, mas se formos parar para pensar, o filme inclusive foi feito com câmeras no estilo desses que vemos nas novelas da televisão, o que com certeza deve ter minimizado e muito os gastos da produção. Até porque o filme gasta o dinheiro em outros pontos da produção como cenários, (aliás, alguns muito bem feitos) e com a parte técnica. O filme nesse quesito só deixa a desejar na edição, que é simplesmente uma lástima (mas, afinal, quem realmente presta atenção à edição a não ser aqueles cinéfilos chatos e os críticos?).

Se o filme fosse um grande especial da Globo, ele sairia ileso, claro que não evitaria críticas, mas seria muito mais aceitável. Quando ele resolve partir para os cinemas, já se torna um pouco mais forte o conselho de que, pelo amor de Deus, não jogue o dinheiro da entrada do cinema no lixo, afinal, hoje essa é uma diversão um tanto cara.

Obs.: Quem esteve no cinema e pagou pelo ingresso, no mínimo deve gostar do programa. Essas pessoas não pareceram felizes ao final do filme. Isso deve significar algo.

Leonardo Heffer
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