Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 24 de junho de 2006

Poseidon

Um filme que consegue a proeza de prender a atenção do espectador até o fim. “Poseidon” consegue se destacar no meio de tantos outros filmes do gênero e se torna umas das melhores pedidas em cartaz atualmente.

Diante da maré de refilmagens que resolveu inundar as salas de projeção atualmente, começa até a cair no clichê produzir uma história que já teve seus dias de sucesso no cinema. Falta de criatividade em Hollywood? Pode ser, mas o fato é que parte considerável dos grandes filmes que temos visto nas telonas são remakes. Com “Poseidon” o caso é o mesmo, mas não exatamente. Refilmagem de “O Destino de Poseidon”, de 1972, o filme mantém a história de mais de 30 anos atrás. Contudo, o longa consegue ser realmente destacável no hall do gênero ação.

Tudo começa bem quando pessoas estão reunidas em um navio durante a passagem do ano. Aos poucos, um leve destaque é dado a determinados personagens. Sabemos que seus destinos irão se cruzar e isso se comprova quando uma onda gigante atinge a embarcação, deixando-a de cabeça para baixo. Com destruição em toda parte, os sobreviventes encontram-se basicamente no salão principal. A luta pela sobrevivência começa.

Uma pequena facção, liderada pelo apostador profissional Dylan, então, resolve fazer algo mais que esperar o resgate onde está. Eles iniciam uma jornada com objetivo de sair pelo casco do navio como jeito mais provável de sobreviver. O ex-prefeito de Nova York, sua filha e o noivo, uma passageira clandestina, um arquiteto, um apostador bêbado e uma mulher com seu filho, todos se encontram unidos pelo trágico acidente e pela vontade de escapar. A partir daí, o filme é um festival de tensão que prende a atenção do espectador até o fim.

O diretor Wolfgang Petersen está longe de ser um iniciante, com uma filmografia que exibe nomes como “Tróia”, “Mar em Fúria”, “Força Aérea Um” e “Epidemia”. Com “Poseidon”, entretanto, arrisco dizer que ele exibe o melhor de seu talento. Para quem não é fã do gênero ação, às vezes torna-se cansativo e tedioso acompanhar uma história do gênero, mas o diretor tem pulso para manter o interesse de todo tipo de público. Tudo está bem medido, sem doses exageradas de falta de realidade nem situações mirabolantes.

Os efeitos especiais também são um mérito à parte. Salvo aqueles pequenos detalhes que nunca passam despercebidos aos olhos de quem está assistindo ao filme para analisá-lo, as cenas do acidente estão todas muito bem feitas e reais. As tomadas de dentro do navio também foram conduzidas com maestria, criando o ambiente no mínimo claustrofóbico de pessoas presas e submersas sem vislumbre de escapatória.

O elenco também foi bem escolhido, misturando veteranos e figuras menos conhecidas. Kurt Russell, famoso por filmes estilo “sessão da tarde”, está muito bem no papel do ex-prefeito e bombeiro Robert. Josh Lucas, um nome que vem ganhando certa notoriedade ultimamente, também segura com competência o cargo de protagonista. Richard Dreyfuss também se destaca como o arquiteto que tenta suicídio minutos antes do acidente, mas, de repente, está junto aos outros na luta para sobreviver.

Jacinda Barrett (“Revelações”), Mia Maestro (“Diários de Motoclicleta”), Emmy Rossum (“O Fantasma da Ópera”), Mike Vogel (“O Massacre da Serra Elétrica”), e Jimmy Bennett, que interpreta o garoto Connor, completam o time principal. Não exatamente todos dão um show de interpretação, mas nenhum deixa margem a críticas severas. Até a pequena participação da vocalista da banda Black Eyed Peas, Stacy Ferguson, como a cantora do navio, foi válida.

Ao optar por um formato mais curto – o filme só tem 90 minutos – a produção acerta novamente. O ritmo se torna mais dinâmico e não deixa chance de “cansar” o público. Para não dizer que “Poseidon” não peca em nada, temos um final feliz dentro dos padrões clichê. Depois de tudo o que vemos durante toda a projeção, no entanto, isso se torna até perdoável.

Falando com a opinião de uma não-fã do gênero, “Poseidon” é, de fato, um bom filme. Vale a pena conferir.

Amanda Pontes
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