Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 18 de junho de 2006

Vem Dançar

Mais do que um belo filme de dança, mais do que as boas interpretações, mais do que a lição de vida trazida na mensagem do filme, Vem Dançar é um filme que retrata a paixão pela dança e as conseqüências dela em nossas vidas.

O filme conta a história, baseada em fatos reais, de Pierre Dulaine (Antonio Banderas), um professor de dança de salão de Nova Iorque que decide dar aulas a alunos da rede pública. Atualmente o projeto conta com mais de 12 mil alunos em toda Nova Iorque e tem planos de expansão para outras cidades dos Estados Unidos. Ao iniciar as aulas para o grupo de detenção de uma escola pública, o personagem de Antonio Banderas é levado a um mundo onde a dança é para os jovens das periferias americanas uma forma de libertação, uma maneira de esquecer todas as dificuldades pelas quais eles passam e todas as discriminações que eles sofrem. Incutir na mente desses jovens que a dança pode ter outras manifestações e outras intenções é o principal desafio do Sr. Dulaine, que também enfrenta a descrença da diretora da escola, assim como a oposição de um outro professor. À medida que o tempo vai passando, ele vai conseguindo mudar a idéia de que eles têm sobre a dança de salão, que eles julgavam ser “estranha”. Já o professor percebe que se pode incluir na dança de salão toda a expressão vinda da “Black Music”. Novos desafios são mostrados ao grupo, que vai tentar ganhar um grande concurso de dança de salão, passando a ensaiar com maior dedicação, ganhando uma maior paixão pela dança.

A história ainda possui outros pontos interessantes. Como a personagem de Lauren Collins, Caitlin, uma garota rica, que passa a freqüentar as aulas de Dulaine na detenção por não se sentir à vontade “no seu meio natural”. Há também uma inserção do drama da marginalidade pelo qual alguns desses jovens podem passar, porém é abordado de maneira superficial.

As atuações, em geral, estão satisfatórias, perdendo um pouco a qualidade devido ao grande elenco, tornando inviável a escolha de bons atores para todos os papéis, como o pai de Rock (Rob Brown), por exemplo. A coreografia poderia ser mais variada, causando talvez uma certa frustração para os dançarinos mais experientes. Já a trilha sonora, bastante exigida pelo tipo de filme, não decepciona, empolgando em vários momentos.

Por fim, esse redator gostaria de dividir, de maneira sucinta, uma experiência de vida. Há cerca de um ano, eu iniciei aulas de dança. Até então, era um completo desastre. No curso, o que foi me passado, precipuamente, além dos passos, claro, foi a paixão que se deve ter quando se dança. Tal paixão é retratada belissimamente no filme, sendo este, para concluir, o ponto mais forte do longa.

Jonas Maciel
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