O longa conta a história do médico Joe Darrow (Kevin Costner) que fica atordoado após a morte da sua esposa Emily Darrow (Susanna Thompson) em um acidente de ônibus na Venezuela. Dr. Darrow passa a se dedicar ao trabalho como forma de fugir da tristeza que o atinge, mas se surpreende por sua esposa começar a querer fazer contato com ele através de estranhas situações onde objetos se movem, alucinações o tormenta e seus paciente começam a servirem de conduto para que o contato do mundo dos mortos seja possível. A partir daí, o médico passa a se entregar a tais estímulos espíritas apesar de não contar com o apoio dos conhecidos, que achavam que ele estava ficando desnorteado com a perda da esposa. Nessa entrega, os fatos vão sendo comprovados e um suspense incrível vai sendo desenrolado.

No decorrer do filme, o roteiro mostra-se o verdadeiro ponto forte da produção. Com diálogos bem construídos, inteligentes e que se sustentam pela brilhante atuação do elenco que dá densidade a cada personagem, tornando-os convincentes ao ponto de emocionar com cada simples cena. Com o passar do filme, o roteiro vai dando margem ao público para que este imagine como a história pode desfechar, mas muitos dos nossos pensamentos vão se dissolvendo com o caminhar da trama. Devo confessar que eu cogitei trezentas possibilidades para desvendar o tal mistério juntamente com o personagem de Costner, então foi fácil entender como o filme iria acabar mesmo antes de seu fim. Isso poderia ser um ponto negativo, mas, para mim, tornou-se positivo por ter me despertado a ânsia de descobrir o que aqueles eventos sobrenaturais poderiam significar, comprovando que o filme envolve quem o assiste, mesmo cometendo algumas pequenas falhas de seqüência.

Partindo de uma premissa não tão original (mas enfim, qual filme hoje em dia não se baseia em premissas já trabalhadas antes?), o diferencial de O Mistério da Libélula é como foi conduzido. Com uma brilhante direção envolvida totalmente com um entendimento perfeito do roteiro, o diretor Tom Shadyac (Patch Adams) usa sua inteligência para captar as melhores imagens e extrair da cena o objetivo ao qual ela se dispunha. A edição do filme também foi bem feita, como podemos comprovar assistindo às cenas deletadas que estão nos extras. Talvez se elas tivessem sido colocadas na história, teria desvirtuado o carisma que ela conquista do público, por exagerar na surrealidade do mundo sobrenatural.

Quem consegue ver somente o que está sendo apresentado em cada cena do filme talvez nem o admire tanto, mas ao mesmo tempo estará fugindo de uma das lições que ele dá. O Mistério da Libélula é uma história de amor jamais contada antes, que mostra limites ousados entre o mundo dos vivos e dos mortos. Além disso, o filme mostra como acreditar em algo que não está sendo observado pelos olhos e que pendências são carregadas além da vida que levamos neste mundo. Por mais que algumas partes que envolvem o sobrenatural e o real tenham sido infelizes, não atrapalham o andar da trama. Talvez aqueles que não acreditem no sobrenatural ou que não estão abertos a novas visões sobre o assunto não se convençam com a história, mas o verdadeiro objetivo da trama foi atingido de uma forma tão peculiar que qualquer deslize que cometa pode se considerar irrelevante.

De qualquer forma, o filme se diferencia dos outros do gênero e quem o assiste tem a tendência a passar a sentir e ver a vida de outra forma, de um jeito mais apurado e menos estereotipado. A sensibilidade do personagem contrapondo seu jeito rancoroso de ser, faz com que Dr. Darrow seja uma das melhores performances já interpretadas por Costner, em uma trama envolvente e emocionante.