Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 22 de junho de 2006

Apenas Amigos

Roger Kumble volta às telas quase 3 anos depois com mais uma comédia com boas risadas e que, mesmo que em determinados momentos acabe se tornando enfadonha, ainda assim funciona maravilhosamente.

“Apenas Amigos” retrata tudo aquilo que alguns de nós passamos na adolescência quando não sabemos exatamente como conquistar a garota dos nossos sonhos. É assim que conhecemos Chris Brander (Ryan Reynolds), em uma maquiagem que o transforma em enorme de gordo e apaixonado pela a garota mais gata do colégio, Jamie Palamino (Amy Smart), e que, para sua infelicidade, também é a sua melhor amiga. No dia da festa de formatura do colégio, Chris Brander tenta revelar sua paixão secreta, mas acaba sendo humilhado em frente de toda a sua turma. Então o filme dá um salto de dez anos para mostrar um Chris Brander diferente, (Ryan Reynolds na sua forma normal) e totalmente galanteador. Por um pequeno problema do destino, ou da loira burra Samantha James (Anna Faris, que em momentos jurei ser a Britney Spears), ele acaba retornando para sua cidade natal e reencontrando seus amigos e sua antiga paixão. Brander, então, promete a si mesmo que conseguirá sair com Palamino (o que não fica claro se é só para transar com ela ou se é por ainda estar apaixonado por ela), entre tentativas de se livrar da Samantha e ganhar do romântico Dusty, para conseguir ficar com sua antiga paixão.

Em filmes como esses, ao entrarmos na sala de exibição, já sabemos (ou temos idéia) de como irá terminar, então não há a desculpa de que o final é previsível, já que se você entrou no filme, é para ver especificamente o gênero, mesmo sabendo do final. Então esqueça os clichês e o final previsível, o que resta do final não deixa a desejar.

Roger Kumble retorna à sua forma ao comandar uma excelente comédia (em 2002, dirigiu a comédia Tudo Para Ficar Com Ele – inesquecível a cena em que todos cantam I Don’t Wanna Miss a Thing), que deixa bem claro desde a primeira cena que irá se basear em maneirismos, caretas, excessos de gritos e pancadas, e que pelos 40 minutos iniciais da película agradam, chegando a fazer chorar de rir (não há como não rir com Ryan Reynolds debaixo de uma maquiagem de gordo imitando, de frente para a câmera, a banda All 4 One, cantando o clássico “I Swear” (quem nunca, na década de 90, dançou agarradinho com o par ou fantasiou estar com a pessoa amada ao som dessa música?). Claro que depois de um tempo usando a mesma fórmula, o filme se torna um pouco entediante, mas é nesses momentos em que Anna Faris ou Ryan Reynolds conseguem salvar o longa.

Aliás, Anna Faris está deliciosa (em todos os sentidos) como a cantora-pop-e-burra Samantha James, que em determinados momentos lembra (em alguns maneirismos e expressões) a própria Britney Spears. Ela mantém o mesmo timing cômico que a fez figura marcante na franquia “Todo Mundo em Pânico” (que teve a sua 4ª versão e ainda a mantém como protagonista). A surpresa do filme para mim ficou em torno de Ryan Reynolds, que adimito ser a primeira comédia escrachada dele na qual assito e não fez feio, embora as vezes abuse das caretas e maneirismos, mas é sempre hilário olhá-lo na tela e vê-lo fazer as caretas (que não são tão exageradas quanto as de Jim Carey). Amy Smart, que se tornou mais conhecida do público em geral no Brasil pelo seu papel no excelente “O Efeito Borboleta”, apresenta seu carisma em um papel que poderia se tornar apagado nas mãos de outras atrizes e marca bem a mente do espectador com uma Jamie Palamino contida, que se atém a trabalhar apenas com expressões.

Apenas Amigos não é um filme que se destaque, e talvez nem fique por muito tempo na memória dos espectadores, mas é uma excelente pedida para se dar boas gargalhadas e fazer valer a pena o preço do ingresso.

E se você chorar de rir com a cena do Reynolds cantando “I Swear”, não se levante da cadeira quando começarem os créditos… você vai ter uma excelente surpresa!

Leonardo Heffer
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