Finalmente foi divulgado o primeiro trailer de “Elvis”, o novo musical de Baz Luhrmann que, apesar de não ser uma cinebiografia convencional, nos traz a chance de descobrir um pouco mais sobre a vida do Rei do Rock N’ Roll. No caso deste filme, não foi apenas a pandemia a responsável por tanto atraso – o projeto foi inicialmente anunciado em 2014, mas apenas em março de 2019 que uma novidade surgiu. Tom Hanks foi escalado como o coronel Tom Parker, o empresário de Elvis, cuja relação com o cantor terá grande destaque no longa.

É Hanks que narra o trailer, notando que alguns dizem que é Parker o vilão desta história. O ator aparece transformado para o papel, e é interessante pensar em como Hanks, alguém já tão bem colocado no estereótipo de bom moço em Hollywood, irá incorporar um personagem tão polêmico. Mas ele não é um dos melhores atores da atualidade por nada, não é mesmo?

A estrela da obra, no entanto, é Austin Butler, que venceu uma disputa envolvendo nomes como Ansel Elgort, Miles Teller, Aaron Taylor-Johnson e Harry Styles para interpretar Elvis, e até o lançamento do filme, três anos terão passado desde que ganhou o papel. Butler treinava todos os dias da semana em todos os aspectos necessários para trazer às telonas uma representação fiel ao astro, mas que também fosse genuína a uma abordagem própria do ator. Assim, uma tentativa de imitação se transformou em uma versão própria, o Elvis de Austin Butler.

Foto por Hugh Stewart, cortesia da Warner Bros. Pictures

Uma pergunta que todos devem ter em mente, considerando biografias recentes como “Bohemian Rhapsody” e “Rocketman”, é se Butler canta. A resposta é sim, mas existe um quê de criatividade já conhecido nos trabalhos de Luhrmann. Quando Elvis é jovem, ouvimos o ator cantando, ao passo que ele vai envelhecendo, acontece uma mistura das vozes. Butler estudou registro, inflexão e dicção do cantor, assim como sua performance corporal, afinal, “se não posso me mover, não posso cantar”. A equipe do filme teve acesso a um rico arquivo para pesquisa, e Luhrmann também teve a chance de conversar com pessoas que presenciaram o fenômeno de Elvis desde cedo.

Como o cineasta aponta, no início de sua carreira, o cantor era extremamente provocativo, oferecendo performances chocantes. O trailer mostra o momento em que Elvis se prepara para uma apresentação para um um público desconfiado, e logo as mulheres começam a enlouquecer por ele. A sexualidade de seus movimentos chamavam a atenção, mas também sua energia como um artista. Luhrmann ressalta que algo que talvez muitos não saibam é que Elvis era extremamente espiritual, e isso se refletia em sua música e performances. Afinal, ele cresceu com cantores gospel, que são influências claras em sua carreira.

A cultura do local onde viveu na sua juventude tem papel primordial em quem Elvis iria se tornar como artista, e talvez a maior influência em seu trabalho tenha sido o que aprendeu em meio à comunidade negra. Ao desenvolver o filme, Luhrmann não queria exatamente trazer ao público uma cinebiografia, usando o projeto como uma tela em branco para explorar ideias mais amplas, focando nos Estados Unidos dos anos 1950, 60 e 70, época em que acontecia o Movimento dos Direitos Civis. No trailer, Elvis escuta a notícia de que Martin Luther King foi assassinado, no que Tom Parker responde: “uma tragédia, mas não tem nada a ver conosco”. “Tem tudo a ver conosco”, Elvis responde.

Parker não conhecia música, mas conseguia reconhecer um fenômeno. Isso fez com que ele achasse Elvis no início de sua carreira, e se prendesse a ele — ou prendesse o cantor a ele, melhor dizendo — mesmo em meio a controvérsias. A relação dos dois terá grande foco, mas o filme também trará Priscilla Presley (interpretada por Olivia DeJonge) como outro destaque.

“Elvis” marca o retorno de Baz Luhrmann à direção de um longa, quase 10 anos depois de “O Grande Gatsby”. Conhecidos pelos contemporâneos porém clássicos musicais “Romeu + Julieta” e “Moulin Rouge”, o cineasta também foi o criador da elogiada série “The Get Down”. É certo assumir que “Elvis” trará ingredientes já conhecidos do trabalho do diretor, mas o primeiro trailer parece querer deixar um pouco de mistério sobre como a música será retratada na obra. O que já chama atenção de imediato é a retratação de Austin Butler, que deve render elogios, e quem sabe possa surgir na temporada de premiações seguinte.

“Elvis” estreia em 22 de junho exclusivamente nos cinemas.

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