Redes de cinemas do Reino Unido se sentem traídas pela decisão da Disney de colocar Mulan no streaming
Medida é vista com maus olhos por exibidores, que acusam a Disney de moldar estratégia que visa maior lucro para a empresa.
>Depois de adiar a estreia de “Mulan” três vezes, a Disney decidiu lançar o live-action diretamente no Disney Plus, em 4 de setembro. Classificado como uma estreia premium, o estúdio irá cobrar US$ 29.99 pelo acesso ao filme, preço à parte da mensalidade já cobrada dos assinantes. A decisão garante um lucro necessário para a companhia, mas ao mesmo tempo prejudica exibidores ao redor do mundo, que tinham esperança de contar com o longa para a reabertura dos cinemas.
Redes de cinema no Reino Unido estão insatisfeitas com a decisão da empresa, declarando que foram pegas de surpresa, e se sentem traídas. “É um grande vai se f**** para os exibidores”, disse um operador para o Deadline. Phil Clapp, diretor da Associação de Cinemas do Reino Unido, também expressou sua frustração e classifica a decisão como “um passo para trás”. Ele continua:
“Enquanto ninguém subestima os desafios com que os colegas de estúdios estão lidando, em um tempo em que muitos operadores estão mostrando boa fé no nosso negócio ao investir em medidas de segurança necessárias para a reabertura dos cinemas, nós precisamos que os grandes estúdios – e distribuidores em geral – façam o mesmo”.
Clapp ainda reforça que, embora os Estados Unidos estejam tendo mais dificuldade em controlar o contágio do coronavírus e, portanto, cinemas nos grandes polos continuem fechados, o mesmo não se aplica para vários territórios internacionais. Ele diz:
“Mesmo que existam dificuldades em partes dos Estados Unidos para reabrir os cinemas, em outros mercados ao redor do mundo, incluindo o Reino Unido, os cinemas estão abertos e prontos para os novos filmes, assim como o público também quer assisti-los”.
O artigo do Deadline também informa que o time da Disney no Reino Unido foi pego de surpresa com a informação da estreia de “Mulan” no streaming, e até entrou em contato com vários exibidores parceiros para expressar o descontentamento com a decisão.
Bob Chapek, CEO da Disney, garantiu que o caso de “Mulan” é único, e não é uma nova estratégia de mercado que a empresa planeja colocar em prática. Vários analistas no entanto já especularam sobre a possibilidade do estúdio tentar o mesmo com “Viúva Negra” e “Soul”, ambos programados para novembro de 2020, caso a estreia de “Mulan” seja bem sucedida. É um fato que, com a atual estratégia, a Disney garante a parcela total de lucro da exibição através do streaming. Um exibidor em declaração ao Deadline comentou:
“Eles estão pegando tudo para eles mesmos, todo o lucro. Eles não estão interessados em colaborar. Nós precisamos uns dos outros. É para ser uma parceria”.
A medida é vista como “cruel” por muitos dos exibidores consultados no Reino Unido, e alguns especulam que, daqui pra frente, a Disney terá de demonstrar generosidade para com as redes de cinemas caso a empresa queira resgatar uma boa relação para futuras estreias.
