Apesar de possuir boas atuações e uma narrativa cativante, o longa acaba perdendo muito do seu potencial devido à limitação de seu cineasta.
Um sonho. Qual o significado de um sonho? Seria uma premonição de um acontecimento futuro? Uma manifestação da vontade subconsciente? Ou uma memória presa e há muito esquecida? A representação do sonho é algo perseguido por muitos, que procuram uma resposta positiva para essa manifestação da mente. Tentamos entender o significado do sonho em busca de algo maior. Com esse pensamento, chega à Netflix o filme “Extinção“, uma ficção científica capaz de surpreender e explodir cabeças.
Aqui acompanhamos Peter (Michael Peña, “Homem-Formiga e a Vespa”) lidando com sua vida rotineira como marido de Alice (Lizzy Caplan, “Artista do Desastre”), pai das meninas Hanna (Amelia Crouch, “Alice Através do Espelho”) e Lucy (Erica Tremblay, “Antes que Eu Vá”) e engenheiro subordinado de David (Mike Colter, da série “Luke Cage”). Até essa rotina ser quebrada por pesadelos de uma violenta invasão alienígena, deixando-o confuso sobre o significado e a razão de tais visões. Quando elas passam a ser mais frequentes, Peter percebe ser um sinal premonitório de algo que está por vir. E, quando o ataque acontecer, caberá a ele proteger sua esposa e suas filhas.
O roteiro de Eric Heisserer (“A Chegada”), Spenser Cohen e Brad Kane, sem sombra de dúvidas, é o ponto alto do filme. Não apenas pelo sofrimento psicológico e ansiedade do protagonista (os quais somos apresentados logo de imediato), mas principalmente pela reviravolta que se segue no segundo ato. A trama, inicialmente um clichê de ficção científica, acaba por se mostrar ir muito mais além do que a simples invasão extraterrestre, e cresce de forma exponencial, culminando em uma virada capaz de tirar o fôlego.
Contudo, a direção do jovem Ben Young – piada intencional – deixa muito a desejar, comprometendo bastante a capacidade do filme. E, embora possua algumas tomadas e planos cinematográficos inteligentes e bem colocados, com um ar de reflexão, a sensação da direção é mais de tentativa do que realização. Felizmente, o roteiro consegue prender o espectador como uma ótima história prende um interlocutor ávido por saber mais.
Michael Peña foge do estereótipo cômico usual, embarcando em uma atuação fora da sua zona de conforto e provando ser capaz de conduzir um filme como personagem principal. Apoiado por Lizzy Caplan, eles demonstram uma dinâmica que vai do drama, passa pelo suspense indo até a ação, embasados na temática ficcional. Ainda assim, o potencial das atuações acaba sendo restringido devido à direção limitada de Young.
“Extinção” é uma ótima obra de ficção científica, digna de outras histórias do gênero, como Isaac Assimov e Arthur C. Clark. Capaz de entreter e fazer o espectador refletir sobre escolhas, trata-se de um filme obrigatório para o amante do gênero.