Iniciada no último dia de 20 maio, na CAIXA Cultural Fortaleza, na Praia de Iracema, a VI Mostra Outros Cinemas segue com seu festival de curtas e longas até amanhã (25). O nível da mostra continua elevado e diversificado, como observado nesta sexta-feira (23), quarto dia do evento. Foram cinco curtas-metragens das mais diversas regiões do País, de realizadores consagrados e iniciantes.

A exibição teve início com “Linguagem”, de Luiz Rosemberg Filho (que também abriu a mostra com o longa de 1976, “Assuntina das Amérikas”), uma obra visceral, que utiliza o cinema como forma de catarse para representar toda a inquietação característica de seu realizador. Ao contrapor seu discurso pessimista e cru em relação ao mundo com imagens de pessoas, momentos e citações que marcaram sua vida, além de focar na dualidade sexo/vida e guerra/morte, o diretor causa desconforto ao espectador, tornando-o parte fundamental na obra para que esta atinja seu potencial máximo.

Em seguida, “Lição de Esqui”, da dupla Leonardo Mouramateus e Samuel Brasileiro, um divertido non-sense que, ao escalar dois atores não-profissionais e amigos, cria situações cômicas de maneira espontânea. Nunca se sabe o que de fato é roteiro, improviso ou ensaio, o que torna a experiência em algo absolutamente cativante.

“Sobre Minha Melhor Amiga”, do pernambucano Luiz Otávio Pereira, constrói uma relação de amizade e cumplicidade de uma garotinha com uma misteriosa mulher, que estava presente na hora da morte de seu primo. É interessante notar como, para Luiz Otávio, a morte pode ser algo bonito, que nos acolhe e conforta ao mesmo tempo em que aparece nas horas mais inesperadas.

O mineiro Marcos Pimentel apresentou o premiado documentário “Sanã” (foto), acompanha um recorte da vida de um menino que parece não se encaixar socialmente como os outros. Tudo isso tendo como cenário de fundo as belas praias maranhenses, o que confere à obra um belíssimo jogo de contrastes.

“À que Deve a Honra da Ilustre Visita Este Simples Marquês”, de Rafael Urban e Terence Keller, nos apresenta ao marcante Max Conradt Jr, um senhor que vive em meio a um mar de memórias colecionadas ao longo da vida. Bem dirigido, Keller e Urban aproveitam de maneira inteligente o cenário, de modo a enquadrar Max sempre como parte intríseca do ambiente, como se o personagem fosse parte viva dos cômodos que guardam suas lembranças e vice-versa.

A VI Mostra Outros Cinemas continua neste final de semana, sempre com debates após as exibições. A programação pode ser vista no site oficial.