Último dia de exibição do Curta Canoa apresenta produções contrastantes
Curta "Hooji" foi o grande destaque da noite.
Depois de quatro dias de exibições, a última noite de apresentação dos concorrentes ao Troféu Lua Estrela, na sexta-feira (14), do 8º Curta Canoa, teve como característica o nítido contraste causado por falhas técnicas graves na execução de uma de suas atrações.
O paulista “De Outros Carnavais”, de Paulo Miranda, ao mostrar uma trama girada em torno da ilusão criada por encontros casuais e sobre a efemeridade dos amores de carnaval, teve êxito ao promover uma quebra da expectativa do público em relação ao casal protagonista. Outro acerto importante foi a trilha sonora, composta de marchinhas carnavalescas que conseguiram casar muito bem com as variações e passagens de tempo na vida dos personagens.
A exibição do cearense “Jus”, de Marcelo Dídimo, foi um dos grandes pontos da noite, principalmente no que condiz à reação da plateia. A seu favor, a popularidade do tema, que ao abordar a vida e sobretudo o descaso com os jumentos no Ceará, conseguiu alcançar uma faixa de público ampla, sendo bastante aplaudido. O curta, rodado como uma mescla de documentário e ficção, teve no recurso das animações um grande bônus do ponto de vista estético, além da comoção per si gerada pelos fatos históricos em torno do animal, explorando ícones da cultura cearense, tais como o Padre Antônio Vieira, conhecido defensor dos jumentos.
Contudo, o carioca “Hooji” (foto), da dupla Marcello Quintella e Boynard, foi o grande clímax de noite, sobretudo no ponto de vista técnico. Dotado de uma fotografia magnífica, o curta mostra de forma bastante delicada a temática da morte, com atuações francas e um roteiro muito acertado. As diversas metáforas relacionadas à passagem do tempo e o clima gerado pela espera de seu encontro com entes queridos se converteram em uma sutileza que facilmente encantou. Suas virtudes técnicas coroaram um projeto impecável, com montagem e captação de som excepcionais.
O grande fiasco da noite foi a exibição do vídeo gaúcho “Amor Proibido”, de Maciel Burn. Com um roteiro pífio, recheado de falhas de continuidade, a produção buscou apoio nas participações dos conhecidos Thierry Figueira e Giovanna Ewbank, sem sucesso. Com atuações fora do tom, o filme trata a questão da homossexualidade de forma a questionar a inteligência do próprio expectador. Repleto de jargões e com um enredo extremamente previsível, ficou bastante clara a falta de tato do realizador no que concerne à condução de reviravoltas na trama. Nem mesmo as belas paisagens do Sul ajudaram, já que era extremamente difícil associar qualquer qualidade na fotografia em si pelo simples problema de um enquadramento quase sempre inadequado.
O anúncio dos vencedores do Troféu Lua Estrela será realizado neste sábado (15), ocasião do encerramento do 8º Curta Canoa.
___
O Cinema com Rapadura está em Canoa Quebrada a convite da organização do evento.
Saiba Mais: Curta Canoa 2012