Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 29 de agosto de 2010

Par Perfeito

Um filme com muita ação e comédia na vida de uma casal perfeito. Pelo menos é o que prometia.

Em “Par Perfeito”, Jen e Spencer se conhecem de uma forma bem simples, combinam um jantar e logo percebem que foram feitos um para o outro. É claro que as coisas não seriam tão fáceis assim, já que ele é um matador de aluguel e tem em seu currículo mais de cinquenta vítimas. Ela não sabe e nem desconfia do trabalho de seu par perfeito. Um belo dia, ela presencia uma tentativa de assassinato na qual a vítima seria o seu marido. Depois disso, toda a verdade é jogada a limpo e o casal terá que enfrentar, além dos frequentes atentados, a família da moça, e os problemas de relacionamento que todo casal tem que ter. Um argumento válido, mas a história acaba não funcionando por diversos motivos.

O primeiro e crucial problema está na falta de graça da comédia. As confusões geradas por todos os problemas do casal não conseguem arrancar nada do público a não ser um leve bocejo. No recente “Encontro Explosivo” observa-se uma semelhante história e a eficiência dos mesmos conflitos em gerar, sobretudo, cenas hilárias combinadas a muita ação que conseguem cair nas graças do público. Algo que definitivamente não aconteceu aqui. O segundo problema está na fraca direção de Robert Luketic, de “A Verdade Nua e Crua”, que, embora acerte a mão nas cenas de ação, o mesmo não consegue na parte cômica. O ritmo se torna cansativo e sem graça.

É bem verdade que se tratando de comédia, o elenco tem toda responsabilidade de conseguir tal clima.  Ashton Kutcher até agrada nas cenas de luta, mas quando o assunto é humor, o astro não consegue um resultado diferente do que ficou conhecido em seus papéis em filmes adolescentes. Ele e a Katherine Heigl, embora na trama sejam um par perfeito, analisando como espectador, não têm a menor química para tais papéis. E como o longa concentra-se em sua totalidade em seu casal, não resta nada mais ao elenco secundário, a não ser um ou dois diálogos bobos que entediam mais ainda a história, isso quando não morrem com alguma bala perdida que teima em só atingir os coadjuvantes. Algo perdoável, em parte, tratando-se de tal gênero.

O roteiro é o desencadeador de tudo isso. A história é simples por trazer diálogos objetivos  e conflitos fracos, sem acrescentar nada, apenas seguindo um modelo já desgastado. É muito fácil fazer uma obra a partir de sequências inúmeras vezes vistas na telona. Mais uma vez esquecem que a maior parte do público está cada vez mais exigente e ansiosa por novidades. O tão almejado diferencial. Assim, é impossível não se ter chata impressão de que já se viu isso antes em algum lugar.

A trilha sonora é bem agitada. Além das músicas utilizadas para embalar as cenas de romance do casal, é interessante ver que elas também são utilizadas de forma pensada. Em uma determinada cena no banheiro, onde Spencer coloca uma música para relaxar a sua mulher, a mesma canção a impede de escutar a pancadaria que está ocorrendo lá fora. Já os efeitos sonoros cumprem a tamanha demanda exigida. Tiroteios, explosões, lutas e muito objeto quebrado estão em cena. Nem mesmo o status de grande produção, tendo em vista o significativo orçamento investido, salvou o longa do fracasso nas bilheterias norte-americanas.

O problema no relacionamento do casal é  a todo momento sugerido, mas não devidamente resolvido, pelo menos longe da forma desejada. Essa é a melhor explicação para o resultado ruim do longa. Seu descomprometimento com o prometido. O único lado em que o filme não deixa tanto a desejar é nas cenas de ação exaustivamente presentes, mas nem por isso, significativas.

“Par Perfeito” é um filme que não consegue uma evolução condizente ao esperado não pode consegui outra coisa que não seja decepcionar o público. Nem o carisma dos seus astros principais supera a falta de sintonia dos dois que estão longe de formar um par perfeito. Uma comédia sem graça e que está mais para um filminho de ação, desses que não acrescenta nada ao gênero.

Marcus Vinicius
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