Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 16 de julho de 2010

Encontro Explosivo

O longa que mistura ação e comédia e reúne duas grandes estrelas de Hollywood agrada pelo ritmo alucinado, mas deixa a sensação de que poderia ser melhor.

Tom Cruise e Cameron Diaz são as estrelas desta obra recheada de ação, suspense, romance e até comédia. Na trama, um misterioso rapaz cruza com uma bela mulher com pouca sorte no amor. Ele a inclui em uma misteriosa e perigosa missão repleta de tiroteios, perseguições e muita explosão. Além disso, o filme parece abusar da participação dessas duas estrelas que absorvem os outros personagens e promove um grande show de marketing dentro de um filme. Algo maior até do que a recente vinda do casal protagonista para divulgar o filme aqui no Brasil.

A direção é de James Mangold (“Johnny e June”), que assume a obra sem ter muita experiência na direção de filmes do gênero e o faz de forma eficiente. O diretor aliou bem as cenas de ação com o humor, o que resultou em sequências hilárias que se encaixaram muito bem com a obra. Isso ajudou a suprir as pequenas falhas do roteiro que, diga-se de passagem, consegue surpreender em vários momentos. Dessa forma, temos uma direção segura e com personalidade própria.

Cruise e Diaz estão nos papéis que lhe renderam o estrelato. Ele com o misterioso Roy, rapaz repleto de habilidades aos moldes de “Missão Impossível”, mas um pouco mais contido, como se a idade tivesse pesando. Ela na pele da bela e atirada June que mais parece mais uma de suas personagens cômicas e românticas. É interessante observar os outros personagens que ficam restritos a apanharem ou até morrerem em suas poucas cenas. O que importa é que os dois astros cumprem bem os seus papéis.

O principal diferencial desta obra repleta de marketing é o humor inteligente utilizado especialmente nas cenas de ação que evitam cansar o espectador. A sequência em que Roy faz June beber um líquido para não atrapalhar a fuga dos dois consegue ser, ao mesmo tempo, sufocante devido a tamanha carga explosiva e da dificuldade de fuga do local, e divertida devido as caras e bocas de June ao encarar aquilo tudo. Uma espécie de sátira da própria condição da obra.

A falta de realismo foi o que não caiu bem. Embora seja utilizado como instrumento para o humor na obra, é estranho, para não dizer bizarro, ver o personagem passar por um tiroteio e sair totalmente intacto, ou ver um assassino profissional apanhar para uma mulher com pouca experiência em luta. Assim, a história beira o ridículo em diversos momentos, mas graças a sua desenvoltura e aos seus protagonistas, ela consegue reverter isso. Outro fator que não agradou foi o desfecho que foi contrário a tudo que a obra apresentou até ali.

Tecnicamente o filme também não decepciona. A execução das cenas de perseguição impressiona com tamanha realidade. O som é impecável, assim como a edição e montagem. O encontro de Tom Cruise e Cameron Diaz em um novo longa (após “Vanilla Sky”)  resultou em uma obra com boa qualidade técnica, um roteiro mediano, e  bastante marketing. No fim das contas, o longa cumpre o que promete e tira o fôlego do público durante toda sua exibição.

Marcus Vinicius
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