Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 12 de junho de 2010

Plano B

A cantora e atriz Jennifer Lopez está de volta aos cinemas nesta nova comédia romântica que de nova não tem nada. Será que dessa vez ela consegue emplacar?

Em mais uma comédia romântica, Jennifer Lopez vive Zoe, uma linda e bem sucedida mulher que tem o seu próprio negócio, uma loja de pet shop. Ao chegar em uma idade mais avançada, ela decide acabar com a espera do homem perfeito que o deixava mais solitária. A solução encontrada para romper com essa solidão foi a de realizar o sonho de ser mãe. Ele decide pela inseminação artificial. Mas como nem tudo pode ser tão fácil assim, por ironia do destino ela encontra Stan, um rapaz atraente e que demonstra ser aquele homem que ela tanto esperava. Agora ela terá que dizer para ele a novidade de sua gravidez e esperar sua reação.

Tão previsível quanto a sinopse do longa é a forma como as coisas acontecem no mesmo. Primeiro, o encontro do par romântico que, do nada, começa a discutir como se fossem velhos conhecidos e, todos nós sabemos onde aquilo irá terminar. Segundo, a falta de importância dos outros personagens além dos principais, uma vez que eles mais parecem figurantes na obra. Outro fato que não agrada no roteiro de Kate Angelo é o desfecho que não poderia ser mais previsível. Chega um momento em que o gênero necessita de uma renovação e o momento é este. É muita ingenuidade achar que o público irá continuar engolindo esse tipo de história. O fracasso da bilheteria do filme está aí para confirmar isso.

Jennifer Lopez como atriz é uma ótima cantora. Embora sua beleza caia como uma luva para as comédias românticas, falta talento para atriz. Isso é fato. É deprimente ver as cenas que necessitam do componente emocional e a atriz não consegue trabalhá-lo. Nas cenas de conflito entre Zoe e Stan não convence nada. Já Alex O’Loughlin (“O Som do Coração”) é um pouco melhor. As cenas que exigem somente dele conseguem êxito. E, assim, como a obra foca apenas nos dois principais, fica difícil ela se salvar. Para não dizer que Lopez não traz nada de importante à obra além de sua beleza, na trilha sonora, que é a sua verdadeira e talvez única praia, ela tem um papel fundamental à medida que contribui dando voz a uma das músicas. Nada muito espetacular, mas que combina com o gênero e deve agradar aos seus fãs.

A direção do Alan Poul não é de toda ruim, principalmente por se tratar de sua primeira obra na direção. Ele utiliza de forma eficiente os recursos que tem em uma tentativa de salvar a obra ou, pelo menos, de realizar o seu trabalho da melhor forma possível. As cenas que necessitam do detalhe, as de humor, e até as de romance, todas têm um toque inteligente do diretor. E o trabalho dele só não foi melhor porque realmente a história não permitiu.

Algo que também agrada é o leve humor que envolve a obra. Nada muito empolgante, mas que também não parece forçado. Focado na maior parte do tempo nas curiosidades da gravidez de Zoe, ele está ali apenas para acrescentar e,  nesse ponto, funciona e até arranca algumas gargalhadas. A cena em que Stan vai acompanhar o exame transvarginal de Zoe funciona em muito devido ao talento de Alex e até do médico que faz o exame. E quem for ver a obra não saia antes dos créditos finais, já que neles estão os divertidos erros de gravação.

A trilha sonora, como foi dito, cumpre o seu papel. Além da música “What Is Love?”, de Lopez, temos outras que também funcionam na história. Dentre elas, destaque para a “Fallin’ For You”, da cantora Colbie Caillat, que tocou bastante nas rádios do nosso país no ano passado. Uma trilha que se encaixa muito bem em um gênero que exige este recurso.

Ao final da sessão, temos mais uma previsível comédia romântica que, de tão simples e óbvia, parece não fazer a menor questão de acrescentar nada ao gênero. Um filme abaixo da média que não acrescenta nada em nenhum aspecto. Quem quiser ver uma boa comédia romântica é bom ter um plano b, já que esta está longe de conseguir, ao menos, cumprir seu papel.

Marcus Vinicius
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