Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 08 de maio de 2010

Missão Quase Impossível

Jackie Chan está de volta aos cinemas nacionais no estilo que o consagrou. Dessa vez, ele terá a missão quase impossível de ganhar a admiração dos filhos de sua namorada, um novo e diferente desafio que o espião não está acostumado a lidar. Pelo menos, inicialmente.

Consagrado em sua profissão como espião da CIA, chegou a vez do agente Bob 006 (Jackie Chan) dedicar-se a uma vida normal ao lado de sua namorada. Embora surjam novos casos a serem investigados, a maior missão do agora homem de família é descobrir o que se passa na cabeça dos filhos de sua namorada para, assim, poder conquistá-los, já que os mesmos o odeiam. E para conseguir seu objetivo maior, o espião não vai poupar o uso de suas habilidades que sempre deram certo na sua profissão e, agora, terão que ser adaptadas ao novo desafio, ou seja, ação e comédia garantidas.

É inegável o talento de Chan em conseguir sempre se reinventar. As lutas que tanto fizeram sucesso em filmes como “Bater ou Correr ou “O Reino Proibido” já encheram. Ninguém aguentava mais ele sempre levando a melhor com os bandidos. Então, ele necessitava de uma missão nova e diferente de todas as outras, em que o mesmo tivesse que lidar com algo muito mais complexo do que a pancadaria, os sentimentos. E, embora a obra  do diretor Brian Levant (“Os Flinstones Em Viva Rock Vegas“) utilize novas vertentes sem abandonar a ação que tanto o consagrou, vemos aqui um Jackie Chan um pouco mais sentimental, mais preocupado, mais humano. Esse é o grande diferencial da obra.

Ao ser localizado pelos terroristas graças à involuntária ajuda dos filhos de sua namorada, o enredo se desenvolve e o estilo de sempre volta com tudo. A correria, a luta coreografada e o humor característico do ator dominam o longa. Os “miúdos” de sua namorada tem um importante papel no longa. Além de sensibilizar o espião, eles assumem o papel de ajudá-lo a enfrentar os terroristas. As atuações das crianças são impecáveis e combinam muito bem com o estilo de Chan.

Já os terroristas mais parecem ter sido tirados das histórias de quadrinhos de tão caricatos que são. E este é o principal problema do longa. O próprio estilo do ator é uma caricatura a parte, o que não impossibilita a sua reinvenção. E até que parecia que ia acontecer, mas o roteiro não permite e acaba caindo na mesmice de sempre. E o desfecho não poderia ser o mais previsível possível, digno de sessão da tarde.

Entre acertos, promessas e falhas, o conjunto da obra é bem mediano. Nada se sobressai. Nem o próprio artista principal. As crianças dão um toque a mais. E os vilões retiram esse toque. A pergunta que fica é para quem este filme foi destinado? Às crianças? Aos adultos? Aos fãs do ator ou do gênero? Talvez estes últimos tenham sido os únicos a serem atingidos de forma positiva com o filme, ou talvez nem eles.

No fim das contas, o que menos atrai no filme são as lutas. Uma cena em que o agente 006 tem que vestir a roupa de uma criança funciona muito mais do que uma luta entre o agente e um vilão caricato. O filme inova em alguns aspectos e repete em outros. Um bom entretenimento momentâneo, nada mais do que isso.

Marcus Vinicius
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