Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 13 de março de 2010

Lembranças

O principal astro da saga "Crepúsculo" está de volta em um romance que mais parece ser uma desculpa para utilizar a popularidade do ator para atrair o público.

Inicialmente a história é marcada por perdas que causarão muitas dores e, principalmente, lembranças no jovem rebelde Tyler Roth e na jovem Ally. Enquanto o primeiro sofre com a morte do irmão, já a segunda teve sua mãe assassinada durante um assalto que ela presenciou. O destino junta esses dois jovens para poderem superar o que os unem: suas angústias. Além disso, as personalidades de ambos e as respectivas famílias vão contribuir ora para uni-los, ora para afastá-los, como quase sempre ocorre.

A direção é de Allen Coulter (“Hollywoodland – Bastidores da Fama”), que aqui faz um trabalho tão fraco como no citado. Nada é novo. Nada é atrativo. É tudo muito contido em uma história simples. Vamos combinar que o péssimo roteiro muito contribui para o fracasso da trama principalmente por sua previsibilidade, sendo possível identificar não só o desfecho, mas também as cenas seguintes.

No elenco encontramos o badalado astro Robert Pattinson que até tenta, mas não consegue fugir das semelhanças e comparações com seu personagem na franquia vampiresca. Em muitos momentos, é impossível achar uma diferença entre Tyler e o vampiro galã do outro filme. A atuação limitada de Pattinson é o que permite que isso ocorra. Além deste, encontramos Pierce Brosnan, que faz o pai de Tyler com quem o jovem rebelde tem uma relação conturbada. Nas cenas de briga entre pai e filho, vemos claramente o que separa um experiente ator de um jovem carismático.

Enquanto o roteiro não acontece, tentamos enxergar o principal fio condutor da obra. Primeiro encontramos o trauma da jovem Allen, logo depois vamos descobrindo os conflitos de Tyler até que os dois se envolvem e o romance sirva de consolo para as angústias que só reaparecem com o esclarecimento de alguns fatos. A complexidade da relação dos dois seria um bom argumento, o que atrapalha é a forma como eles se conhecem, que não sustenta o filme até o final.

Tecnicamente, a obra é muito fraca. Nada ganha destaque e só contribui para o resultado negativo do longa. A fotografia é tão pobre que chega a incomodar pela péssima qualidade da imagem. Nem as cenas de romance escapam. As paisagens parecem ter sido escolhidas ao acaso e os ambientes não são nada românticos.

Tudo se encaminhava para mais um desfecho previsível e comum, até que surpreendentemente ele conseguiu surpreender. Talvez a lentidão e a simplicidade da obra tenham contribuído para isso, já que durante muito tempo, nada acontece. Olhando por um lado, até valeu a pena esperar os 128 minutos para ver o curioso desfecho.

Depois de assistir a essa confusa história, só temos uma certeza: “Lembranças” é um filme que definitivamente não merece e nem vai ser lembrado por ninguém, a não ser pelas jovens que insistem em gritar pelo novo astro de Hollywood.

Marcus Vinicius
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