Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 14 de novembro de 2009

Substitutos

Bruce Willis está de volta em dose dupla em "Substitutos", como o agente Greer e seu substituto, um corpo vazio que mais parece uma espécie de robô muito comum na sociedade do ano de 2054. Com tantas falhas e momentos que beiram o ridículo, o filme é daqueles que envergonham a carreira de um artista.

substitutosNa sociedade do ano de 2054, as pessoas vivem solitárias e dão lugar a uma nova sociedade. Os substitutos ou Surrogates são basicamente robôs com a forma humana que são controlados  pelas  mentes de seus donos.  Esse é o contexto  dos agentes do FBI, Greer (Bruce Willis) e Peters (Radha Mitchell). Eles investigam o assassinato misterioso de um estudante. O crime está ligado ao homem que ajudou a criar os Surrogates. Bruce Willis é mais uma vez o herói que vai tentar salvar a humanidade do mal que representa essas criaturas.

 É interessante observar quanta semelhança o filme tem com a trilogia “O Exterminador do Futuro” e isso não é à toa, já que a direção do longa é de Jonathan Mostow (“O Exterminador do Futuro 3: A Revolução das Máquina”) e o roteiro quem assina é  Michael Ferris e John Brancato que também foram parceiros em “O Exterminador do Futuro: A Salvação”. Ambos repetem a dose e mostram um futuro seco e sem qualquer carga emocional. O problema é que falta a esta obra uma consistência que faça o público acreditar em seu argumento. É impossível levar a sério o próprio Bruce Willis com aquela peruca loira ou qualquer cena em que apareça o interior dos corpos das criaturas.

Esta é mais uma obra que retrata o futuro dominado por máquinas. Nunca se abordou tanto o tema como agora. E vale ressaltar que a maioria dos recentes longas que trouxeram esse argumento o fizeram de forma eficiente, o que não acontece aqui. O que dizer da cena em que o substituto de Bruce Willis perde um braço e dele expirra um nojento líquido verde de extremo mal gosto? A fraca direção Jonathan Mostow muito contribuiu para tal resultado.

Um outro problema é o elenco, já que nem a atuação do protagonista funciona. Ninguém convence como robô e muito menos como robô imitando gente. Assim, fica difícil levar a obra a sério. O mais real que se pode chegar é quando os personagens saem do corpo do substitutos. Aí fica mais fácil interpretar apenas um personagem, embora muitos ainda não consigam convencer.

Algo que se pode aproveitar no longa é a ação do filme. As cenas em que um humano persegue uma substituta realmente impressiona por tamanha qualidade que ganha mais destaque quando comparada ao restante de uma obra em que quase nada se aproveita. Além das cenas de ação, outro fato que acrescenta ao trabalho é a fotografia que parece estar de acordo com a realidade levantada na obra. Simples e eficaz. 

O tempo todo o filme tenta se explicar. Isso se deve ao fato de nem mesmo eles acreditarem em si. As explicações vão até a metade do longa e muitas vezes irrita devido à tamanha didática. A solidão dos humanos dentro desse novo sistema é um fato que merecia mais destaque, mas passa de forma superficial que não causa qualquer sensação. Uma temática tão explorada merecia um novo olhar sobre ela mesma. 

Ao final da sessão, a sensação que se tem é que foram 90 minutos perdidos em uma história quese totalmente descartável. A tentativa de repetir o sucesso dos exterminadores fracassou e os substitutos serão logo substituídos e esquecidos. Robôs, máquinas e o futuro já foram explorados demais em apenas um ano e deviam substituir esses temas com urgência. Ninguém agüenta mais.

Marcus Vinicius
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