Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 31 de outubro de 2009

Matadores de Vampiras Lésbicas

Em uma época em que “Crepúsculo” é a razão de viver dos jovens e os vampiros voltam a atacar nas produções cinematográficas, o longa vem para satirizar esse universo tão batido. E o faz, mas também se inclui na lista de produções vampirescas irrelevantes.

Matadores de Vampiras LésbicasA comédia-terror do diretor Phil Claydon traz dois típicos losers como protagonistas da história. Fletch (James Corden) perdeu o emprego de animador infantil após maltratar uma criança, enquanto seu amigo Jimmy (Mathew Horne) sofre com mais um término de namoro. Buscando melhorar a situação em que estão, eles partem para uma viagem de aventuras e mulheres, obviamente. Eles vão parar em um vilarejo distante onde conhecem Lotte (MyAnna Buring) e logo descobrem que ali existe a lenda da vampira rainha Carmilla (Silvia Colloca) quando estranhos eventos passam a acontecer com eles e com um grupo de garotas gostosas que se isolam na mata.

Para um filme que apela para atenção do espectador desde o título, não se pode esperar mais do que um freakshow de gags e situações constrangedoras. A intenção dos realizadores é justamente transformar “Matadores de Vampiras Lésbicas” em uma paródia aos longas com temática de vampiros, homenageando também os antigos filmes B com a produção barata, exagero das situações e personagens caricatos. Sendo mais comédia do que terror, o longa é altamente vazio em termos de Cinema, assim como os últimos “Todo Mundo em Pânico”.

O roteiro assinado por Paul Hupfield e Stewart Williams motiva o fetichismo trazendo suas vampiras lésbicas, mas, talvez pela censura e preocupação com a arrecadação da bilheteria, as restringe apenas a serem objetos sedutores que, de vez em quando, trocam alguns beijinhos. Entre os protagonistas, o motor do filme é Fletch e toda a sua capacidade de ser bizarro. Aliás, os melhores momentos do filme estão com ele, principalmente quando a tenta servir omo crítica.

Então é Fletch que critica as lendas já conhecidas dos vampiros, ridiculariza a situação em que se meteram e precisa ser um grande herói para sair vivo de todo aquele engodo vampiresco. Não são momentos intensamente hilários, mas fáceis de serem digeridos e talvez nem mereçam tanta reflexão. James Corden interpreta Fletch de uma forma espontânea, sendo um bom contraponto ao apagado e sem graça Jimmy, vivido por Mathew Horne. A personagem feminina que entra para criar o romance do longa é vivida por MyAnna Buring, que até tenta, mas não consegue se sobressair nas sequências. As vampiras lésbicas acabam sendo as que mais chamam atenção, pelos rituais e sensualidade das modelos, não atrizes, que foram escolhidas para o elenco.

Em tempos em que os grandes filmes clássicos de vampiros sequer são valorizados pela nova geração que se apaixonam por produções ínfimas vampirescas, “Matadores de Vampiras Lésbicas” é para ser assistido com a certeza que não acrescentará nada além do que já foi visto em filmes de sátira. A partir deste ponto, é fácil supor e comprovar que o filme não se sustenta per si, tendo erros gritantes de continuidade  e de roteiro, não dando nenhum peso especial aos personagens secundários e desfazendo-se deles sem preocupação. A direção de Phil Claydon não facilita nem o humor, muito menos as sequências de suspense, perdendo a mão ao criar enquadramentos equivocados que não dizem muita coisa e planos comuns.

É possível rir de situações constrangedoras em que os personagens são metidos ou até mesmo pelo questionamento da lógica de “Matadores de Vampiras Lésbicas”, mas não significa que é um bom filme.  Ao fim da projeção, uma provável continuação intitulada “Matadores de Lobisomens Gays” é prometida e a verdade é que sempre terá espaço e público principalmente para as comédias pastelões. Os filmes que têm bom senso  ou uma equipe competente à frente se tornam, no mínimo, marcantes; enquanto outros, como este, não passam de humor rápido e bobo.

Diego Benevides
@DiegoBenevides

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