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Notícias   quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Catherine Deneuve assina manifesto contrário ao “puritanismo” sexual

Cem intelectuais e artistas francesas assinam manifesto que critica movimentos contrários ao abuso sexual.

Catherine Deneuve assina manifesto contrário ao “puritanismo” sexual>

Nesta terça-feira (9), um manifesto publicado no jornal francês Le Monde surpreendeu o mundo ao ir na direção contrária dos movimentos “Time’s Up” e “#MeToo” – que denunciam práticas de abuso sexual e reivindicam iguais condições de trabalho e remuneração para mulheres -, criticando o que chamam de “puritanismo” sexual. Uma centena de artistas e intelectuais do país assinam o documento, entre eles, a lendária atriz Catherine Deneuve (“O Reencontro“).

Ela já havia se manifestado de forma crítica a este fenômeno que vem se consolidando em Hollywood desde outubro de 2017. Na França, um movimento que também angaria apoio é o “#balancetonporc” (“Exponha seu porco“), em favor das denúncias por abuso sexual:

“Não acho que seja a forma mais adequada de mudar as coisas. O que virá depois? Denuncia tua p**? São termos muito exagerados e que, sobretudo, acho que não resolvem o problema”, afirmou em declaração.

No manifesto publicado agora, no entanto, ela se alia a uma centena de escritoras, filósofas e demais intelectuais, ao adotar uma posição ainda mais firme contra estes movimentos, afirmando que eles vêm fazendo vítimas por conta de práticas que nunca foram vistas como erradas pela indústria, sustentando um posicionamento polêmico:

“O estupro é um crime. Mas a sedução insistente ou desajeitada não é um crime, nem o galanteio, uma agressão machista. Desde o caso Weinstein, houve uma tomada de consciência sobre a violência sexual exercida contra as mulheres, especialmente no âmbito profissional, onde certos homens abusam de seu poder. Isso foi necessário. Mas esta liberação da palavra se transforma no contrário: nos intima a falar como se deve e nos calar no que incomode, e os que se recusam a cumprir tais ordens são vistos como traidores e cúmplices.”

O documento ainda faz menção às manifestações e acusações feitas através das redes sociais, afirmando que estas criariam “uma campanha de delações e acusações públicas contra indivíduos aos quais não se deixa a possibilidade de responder ou de se defender”:

“Esta justiça expeditiva já tem suas vítimas: homens punidos no exercício de seu ofício, obrigados a se demitirem […] por terem tocado um joelho, tentado dar um beijo, falado de coisas íntimas em um jantar profissional ou enviado mensagens com conotações sexuais a uma mulher que não sentia uma atração recíproca.”

Para as signatárias, este movimento ainda pode trazer consequências, como o retorno de “uma moral vitoriana oculta sob esta febre por enviar porcos ao matadouro“. Segundo elas, isso não agregaria à busca por empoderamento e emancipação feminina, mas estaria, na verdade, manifestando “interesses dos inimigos da liberdade sexual, como os extremistas religiosos“.

No último domingo (7), a cerimônia de entrega do Globo de Ouro ocorreu em Los Angeles, ocasião em que as mulheres que compareceram trajaram roupas pretas como forma de protestar contra práticas de agressão e abuso sexual que sofrem na indústria.

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Julio Bardini
@juliob09

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