Cinema com Rapadura

Notícias   quarta-feira, 25 de julho de 2012

Por carta, Christopher Nolan dá adeus oficial à franquia Batman

Diretor se diz grato pela sua experiência e agradece atores e personagens.

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é o ponto final de uma trilogia conduzida magistralmente por Christopher Nolan. Uma relação que alçou Nolan como um dos maiores diretores da atualidade e determinou uma nova forma de adaptar os super heróis dos quadrinhos para as telas de cinema. Naturalmente, Nolan é muito grato pela experiência que teve nos anos em que trabalhou com o Batman.  Em carta de despedida, o diretor agradece à sua equipe por todos os anos de trabalho e resultados obtidos nessa jornada e dá adeus ao personagem que acompanha desde meados de 2003. As palavras de Nolan também estarão no prefácio da obra “The Art of Making of The Dark Knight Trilogy”, que conta os bastidores da trilogia, mas você pode ler abaixo, na íntegra:

“Alfred. Gordon. Lucius. Bruce… Wayne. Nomes que significam tanto pra mim. Já estou a três semanas dando adeus a esses personagens e o seu mundo. É o aniversário de nove anos do meu filho. Ele nasceu enquanto o Tumbler estava sendo montado na minha garagem, a partir de peças aleatórias. Muito tempo, muitas mudanças. Um conjunto de mudanças onde um tiroteio ou um helicóptero eram eventos extraordinários em um dia comum de trabalho, onde uma multidão de figurantes, as construções sendo demolidas, ou caos fazendo tudo virar de pernas pro ar, se tornaram coisas familiares.

As pessoas perguntam se sempre planejamos uma trilogia. Perguntar isso é como querer saber se planejei crescer, casar, e ter filhos. A resposta é complicada. Quando David (Goyer) e eu começamos a desmembrar a história de Bruce, flertávamos com o que viria depois, na sequência, mas sem querer se aprofundar tanto no futuro. Eu não queria saber as limitações de Bruce; eu queria  apenas dar vida a ele. Eu disse a David e Jonah (Jonathan Nolan) para mostrarmos tudo o que ele era capaz, como fizemos em cada filme. Todo o elenco deu o melhor de si no primeiro filme. Nada foi contido. Nada foi guardado para uma próxima vez. Eles construíram uma cidade inteira. Logo, Christian, Michael, Gary, Morgan, Liam, e Cillian começaram a viver nela. Christian se tornou um grande pedaço da vida de Bruce Wayne de forma extremamente convincente. Ele nos levou a mente de um ícone pop, de forma que nunca vamos apreciar sem se encantar, ainda que apenas por um instante, com a natureza fantástica dos métodos de Bruce.

Nunca achei que faríamos o segundo – quantas boas sequências já foram realizadas? Pra que rolar os dados? Mais uma vez, eu sabia onde Bruce estava sendo levado, e quando vislumbramos o vilão, isso se tornou essencial. Remontamos a equipe e voltamos a Gotham. Se passaram três anos. Ela estava maior, mais real, mais moderna, e uma nova força do caos se aproximava. Um palhaço assustador, trazido terrivelmente à vida por Heath. Novamente, não nos contivemos em nada, mas ainda havia algumas coisas que não tínhamos conseguido fazer no primeiro – um traje com maior mobilidade para o pescoço e filmar em IMAX-, e coisas que temíamos em fazer – como destruir o batmóvel, e queimar todo aquele dinheiro, apenas pra mostrar desrespeito às motivações convencionais. Pegamos a suposta segurança de uma sequência como licença para jogar toda a precaução ao vento, e nos dirigimos aos cantos mais obscuros de Gotham.

Eu nunca pensei em fazer um terceiro – quantas boas novas sequências já foram realizadas? Mas eu ainda estava intrigado com o fim da jornada de Bruce, e uma vez que eu e David descobrimos isso, eu precisava ver por mim mesmo. Chegamos novamente para algo que mal tinha ousado sussurrar nos primeiros dias em minha garagem. Estávamos decididos em fazer uma trilogia. Liguei para todos os outros e os convidei para uma nova turnê por Gotham. Quatro anos mais tarde, ela ainda estava lá, parecia um pouco mais limpa, um pouco mais polida. A Mansão Wayne foi reconstruída. Rostos familiares estavam de volta, um pouco mais velhos, um pouco mais sábios…mas era tudo superficial.

Gotham foi apodrecendo em seus fundamentos, e um novo mal veio borbulhando da raíz. Bruce acreditava que o Batman não era mais necessário. Bruce estava enganado, assim como eu estava enganado. O Batman teve que voltar. Eu suponho que ele sempre terá.

Michael, Morgan, Gary, Cillian, Liam, Heath, Christian…Bale. Nomes que significam tanto pra mim. Meu tempo em Gotham, onde que tive de cuidar de uma das maiores e mais duradouras figuras da cultura popular, foi a mais gratificante e desafiadora experiência que um cineasta poderia esperar. Vou sentir falta do Batman. Eu gosto de pensar que ele também vai sentir a minha, mas particulamente, ele nunca foi sentimental.”

O último capítulo da trilogia chega aos cinemas nacionais em 27 de julho.

Saiba Mais: ,

Artur Lopes
@thelopesid

Compartilhe

Saiba mais sobre


Notícias Relacionadas