Cinema com Rapadura

Notícias   sexta-feira, 04 de maio de 2012

Alexander Mello, da mostra DIV.A, fala sobre animações com temática LGBT

Animações com temática LGBT propõem novo olhar sobre o combate ao preconceito.

A quarta edição da mostra Diversidade em Animação (DIV.A) começa nesta sexta-feira (04) e proporciona um amplo panorama sobre a produção mundial de filmes animados com temática LGBT. A maratona conta com 56 filmes, espalhados por mostras competitivas e exibições especiais, e segue até o dia 13, no Cine Cultural Justiça Federal, no Centro do Rio de Janeiro. A programação completa pode ser vista no site oficial do evento e os ingressos custam R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia).

Diretor e curador da mostra, Alexander Mello falou com exclusividade ao portal Cinema com Rapadura sobre a evolução do festival e o potencial dos filmes de animação para tratar de assuntos delicados, como descoberta da identidade sexual, aceitação social e combate ao preconceito. Leia a entrevista abaixo:

Cinema com Rapadura: Realizadores de todo o mundo recorrem à animação para produzir obras com temática LGBT. Como essa técnica é enquadrada nos filmes que discutem o assunto?

Alexander Mello: A animação é uma válvula de escape para muitos realizadores. Trata-se de uma técnica lúdica, que simplifica a forma de abordar assuntos que são muito complexos e delicados. Com isso, os filmes animados conseguem abranger um público muito amplo, já que várias situações do mundo “real” são transportadas para a tela em contextos fantásticos e improváveis. Fatos rotineiros são mostrados com recursos inusitados, como personagens representados por animais, por exemplo.

CCR: A mostra já está em sua quarta edição. Como você vem acompanhando a evolução desses filmes no Brasil?

AM: Ainda é bastante difícil produzir animações com temática LGBT no Brasil. Apenas quatro animadores ficam a cargo de toda a produção nacional. Filmes com 10 minutos podem levar até um ano para ficarem prontos. Este ano há filmes de países como Irã, Bélgica, Dinamarca, Espanha e EUA na mostra competitiva, mas os curtas brasileiros serão exibidos apenas em mostras paralelas e exibições especiais. Ainda assim, estamos evoluindo. Aqui no Rio temos o Alan Nóbrega, que atualmente trabalha em um novo filme (a animação “A Menina e a Fada da Luz” deve ficar pronta até o final deste ano) e com certeza estará na mostra competitiva da próxima edição do festival.

CCR: Os filmes animados com temática LGBT ainda encontram barreiras de incentivo e financiamento?

AM: Produzir um filme animado com essa temática no Brasil é um processo realmente complicado. Ainda não há editais segmentados para filmes que abordam assuntos voltados ao público LGBT e, muitas vezes, os programas de incentivo gerais não atendem aos anseios dos realizadores. Além disso, por alguma razão, muitos desses filmes encontram dificuldade para entrar em mostras de festivais pelo País. A ideia do DIV.A é acolher essas produções e fazer com que o público tenha acesso a elas.

CCR: Como tem sido a receptividade do público aos filmes? As produções conseguem atrair também espectadores fora do meio LGBT?

AM: O festival tem filmes com temática LGBT, mas é aberto ao público em geral. As obras são muito diferentes entre si e a temática é apenas um detalhe. Muitos dos filmes selecionados apresentam conflitos e questões universais, que são do interesse de todo mundo. Temos observado, inclusive, que muitos casais heterossexuais se interessam pelas produções.

Túlio Moreira
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