Após um longo ano de espera, chegou aos cinema o tão aguardado “O Hobbit: A Desolação de Smaug“, segundo capítulo das aventuras de Bilbo Bolseiro na Terra Média. Para muitos fãs da obra de Tolkien, o mais esperado desse filme é, com certeza, finalmente poder ver (e ouvir) o fabuloso e cruel dragão Smaug, dublado por Benedict Cumberbatch (“Star Trek: Além da Escuridão”).

Eu li “O Hobbit” pela primeira vez aos 11 anos e agora já são mais de 10 imaginando essa criatura tão poderosa. A conversa de Smaug e Bilbo e o seu jogo de perspicácia é algo tão fascinante quanto ver o grande dragão cheio de cobiça em batalha contra anões ou homens. Acredito que, para muitos, uma boa história de fantasia não se torna completa sem um dragão e todo o seu mistério e imponência.

Por toda a história da humanidade, os dragões se mantiveram bem presentes no imaginário de várias culturas, sendo objeto de fascínio, temor e até adoração. São criaturas poderosas que nos passam a imagem de força, liberdade e imortalidade, já que seriam praticamente invencíveis! A palavra dragão vem do termo grego drakôn e significa “grande serpente”. Por isso, os dragões normalmente assumem um aspecto reptiliano e em muitos mitos são vistos como gigantescas serpentes.

Na maioria das vezes, eles apresentam asas, poderes mágicos ou hálito de fogo. Alguns são até capazes de falar. Sua variedade de formas depende da cultura e do folclore dos diferentes povos, tendo, dessa forma, representações e significados diferentes por todo o mundo: de seres sobrenaturais de sabedoria e força a feras destruidoras, malignas e cheias de cobiça.

Sua mitologia percorre o mundo todo e, apesar de serem mais conhecidos das lendas europeias, principalmente nas celtas, escandinavas e germânicas, os dragões estão presentes também no Oriente Médio, na antiga Mesopotâmia, em lendas orientais, na América Pré-Colombiana e até mesmo no Cristianismo. Além disso, são, tradicionalmente, símbolos das artes marciais, simbolizando a força, controle e poder, além da ligação com a história e cultura asiáticas.

No mundo moderno, os dragões estão muito presentes na cultura pop, principalmente na literatura fantástica, jogos de RPG e no cinema. “O Hobbit”, de Tolkien, participou do início da tradição  da literatura fantástica contemporânea, enquanto Smaug pode ser considerado um grande precursor para o gênero fantasia, influenciando vários dragões de outros escritores e se imortalizando como o dragão considerado clássico.

Para celebrar e dar boas vindas ao poderoso Smaug , que veio diretamente da nossa infância e juventude nos livros para a tela grande, trago aqui alguns filmes que nos aproximam um pouco mais desses seres fantásticos e tão marcantes:

O Dragão e o Feiticeiro (1981)

Direção: Matthew Robbins. George R. R. Martin, autor de “Guerra dos Tronos”, afirmou certa vez que Vermithrax Pejorative é o melhor dragão em um filme. Em “O Dragão e o Feiticeiro”, um rei faz um acordo com o terrível Vermithrax para manter a paz. Em troca, ele deve entregar todas as mulheres virgens de seu reino. No entanto, chega o momento de sacrificar a própria filha e o rei, então, pede ajuda a um feiticeiro e seu aprendiz para matar o dragão. O filme usa efeitos animatrônicos e técnicas de stop motion para criar Vermithrax.

Coração de Dragão (1996)

Direção: Rob Cohen. Talvez um dos filmes mais marcantes com dragões, que fez bastante sucesso na época de seu lançamento por abordar um tema que há muito não era visto no cinema. Mesmo assim, muitos críticos o consideraram fraco devido ao “excesso de clichês”. O dragão Draco, dublado por Sean Connery, foi o primeiro personagem inteiramente computadorizado que conversa com personagens interpretados por atores reais. Na história, Draco, o último dragão, e um cavaleiro matador de dragões se unem para combater o terrível rei, que divide seu coração com um dragão, sendo assim parcialmente imortal.

Mulan (1998)

Direção: Tony Bancroft e Barry Cook. Uma das animações mais queridas dos estúdios Disney, o filme é baseado na lenda chinesa de Hua Mulan. No filme, Fa Mulan decide tomar o lugar de seu velho pai no exército para combater os hunos, pois sabe que ele não resistiria à guerra. Com a ajuda de Mushu, um pequeno e esperto dragão vermelho, responsável por soar o gongo do templo Fa, ela se disfarça de homem e luta para salvar a China. Nos Estados Unidos, Mushu (um dos dragões mais amados por aqueles que viram o filme nos cinemas) é dublado por Eddie Murphy e no Brasil, por Mário Jorge Andrade.

Shrek (2001)

Direcão: Andrew Adamson e Vicky Jenson. Primeiro filme a ganhar o Oscar de Melhor Animação e um grande marco para a DreamWorks Animation,  a posicionando como uma das grandes entre os estúdios de animação. Shrek é um ogro que vive feliz sozinho em seu pântano até que Lorde Farquaad, governante de Duloc, expulsa todas as criaturas mágicas do reino e as envia à terra de Shrek. Para reconquistar sua paz e solidão, Shrek parte com o Burro Falante em busca da Princesa Fiona que está aprisionada em um castelo e vigiada por um dragão fêmea. Durante sua missão, o dragão se apaixona pelo Burro, casando com ele ao final do final e gerando vários burrinhos voadores e cuspidores de fogo.

Reino de Fogo (2002)

Direção: Rob Bowman. O maior destaque do filme são os efeitos especiais utilizados na criação dos dragões, baseados em estudos de vários répteis e a preocupação dos criadores em conferir certa realidade aos dragões, como ao explicar a capacidade dos dragões expelirem fogo pela boca. Na trama, um dragão adormecido é descoberto durante uma escavação em Londres e, com o seu despertar, chega à ruína dos seres humanos. Após muitos anos, quando poucos homens e mulheres ainda se encontram vivos, um grupo se une para extinguir os dragões.

Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005)

http://youtu.be/aFhCLiGvb08

Direção: Mike Newell. Como qualquer boa história de fantasia, “Harry Potter” não poderia ficar sem uma boa dose de dragões. Eles aparecem logo no primeiro capítulo da franquia (“Harry Potter e a Pedra Filosofal”), quando Hagrid, apaixonado por dragões, ganha o pequeno Norberto. Dragões também estão presentes em “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, quando Harry, Rony e Hermione pegam carona nas costas de um dragão para fugir do Banco Gringotes. Mas é no quarto filme da série que a presença draconiana se torna mais forte, quando Harry enfrenta uma mamãe dragão, uma feroz Rabo-Córneo Húngaro, durante a primeira prova do Torneio Tribruxo.

Eragon (2006)

Direção: Stefen Fangmeier. O filme é baseado no livro de fantasia de mesmo nome e primeiro capítulo da saga escrita pelo norte-americano Christopher Paolini. Somos apresentados à dragão fêmea Saphira e ao seu companheiro Eragon, jovem que descobre ser um cavaleiro de dragão e que possui o poder para enfrentar o rei Galbatorix, um antigo cavaleiro de dragão e traidor que mantém domínio sobre o Reino de Alagaësia. Infelizmente, o longa não obteve o mesmo sucesso que os livros, recebendo muitas críticas negativas por ser considerado fraco demais e não saber explorar com maior profundidade o universo de “Eragon”. Sendo assim, embora tenham sido escritos quatro livros sobre Saphira e seu cavaleiro, apenas um filme foi feito e sem previsão de uma continuidade.

A Lenda de Beowulf (2007)

Direção: Robert Zemeckis. O filme é uma adaptação do poema épico anglo-saxônico “Beowulf”, de autor desconhecido e um marco da literatura medieval. O poema é também um dos grandes inspiradores de J. R. R. Tolkien na criação da sua obra. No filme, após derrotar o monstro Grendel que aterrorizava Heorot, Beowulf envolve-se com mãe de Grendel, um demônio prometendo-lhe um filho em troca de poder. Tempos depois Beowulf é atacado por um dragão dourado, filho seu e da mãe de Grendel. A luta que se segue entre pai e filho causa a morte de ambos.

D-War: Guerra dos Dragões (2007)

http://www.youtube.com/watch?v=bHLzOYs0qr8

Direção: Shim Hyung-era. Produção sul-coreana em parceria com os Estados Unidos que teria custado mais de US$ 100 milhões, não chegou às salas de cinema e recebeu muitas críticas negativas. A história se baseia em uma lenda coreana e mostra uma guerra entre dragões e a perseguição de um deles, chamado Buraki (um dragão que parece uma cobra gingante) a Sarah, mulher destinada a participar de um ritual secular.

Como Treinar Seu Dragão (2010)

Direção: Chris Sanders. Uma das mais adoradas animações da DreamWorks Studios entre crianças e adultos, o filme é baseado no livro de mesmo nome (“How to Train Your Dragon” no original) escrito por Cressilda Cowell. Ambientada em uma terra onde vikings e dragões estão em constante conflito, a história nos conta da amizade entre Soluço, filho do chefe viking Stoico, e Banguela, um dragão da raça Fúria da Noite incapaz de voar devido a um ferimento na asa. Ao mesmo tempo em que Soluço ajuda Banguela a voltar a voar, ele aprende mais sobre dragões e tenta mostrar a seu povo que eles não são maus como pensavam.