Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Vanilla Sky

No geral, "Vanilla Sky" uma boa opção. Tem um começo fraco, mas logo toma o jeito de um suspense forte e complicado, da maneira que o bom público admira.

O filme é uma refilmagem de "Abre Los Ojos", do diretor chileno Alejandro Amenábar ("Os Outros"). Para essa versão, o ator e produtor Tom Cruise comprou os direitos da refilmagem, e como Amenábar não topou fazê-la, foi contratado Cameron Crowe ("Quase Famosos"), com quem Cruise já havia trabalhado em "Jerry Maguire". Também para o elenco, ele escalou a sua então namorada espanhola Penélope Cruz (“Sem notícias de Deus”) e a sempre bela Cameron Diaz.

O prólogo do filme chama bastante atenção: um playboy, dono de empresas e revistas (Cruise), tem uma namorada ciumenta (Diaz) que não consegue vê-lo perto de outra mulher, apesar de ser discreta com relação a isso. Esse playboy conhece a mulher de seus sonhos (Penélope Cruz) e se apaixona de forma distinta às ultimas vezes. Porém, a ciumenta personagem de Cameron Diaz coloca o mundo de David (Cruise) de cabeça virada.

O começo é bem simples e cansativo, causando em muitos uma vontade de parar de ver o filme. Até então, a direção de Crowe fica em gangorra. O início é confuso, a seqüência inicial é irritante, um variado de closes em uma cidade que chega a dar dor de cabeça, mas, tal como seu filme, Crowe – diga-se de passagem, um ótimo diretor –, melhora consideravelmente após a metade.

Ficamos um bom tempo diante de uma encruzilhada de fatos, criando assim um bom suspense. Sem sabermos no que vai dar e o que o resto nos oferece, esperamos sempre mais um pouco, até os que não se contentam com um começo quase que deprimente. De tal forma, as seqüências começam a melhorar cada vez mais e nos prende completamente, sendo que quando você começa a entender, vem outra encruzilhada, com mais uma série de fatos que nos deixa novamente confusos. Graças a esse dinamismo que o roteiro atinge, o espectador não volta para si. Basicamente a história se complica, mas de uma forma envolvente. Sua mente fica aberta a questionamentos e, como todo bom espectador de suspense, tenta adivinhar o que vem por aí. Alguns não vão estar entendendo nada com nada, porém, a produção chegará ao momento de se explicar por si só, tornando-se desta forma um filme sem furos.

A cena final, passada no alto de um edifício, é digna do velho seriado de televisão do Batman, em que os criminosos explicavam tudo sobre seus planos maléficos, dando aquelas risadas fatais – “mwahahaha…” – então o herói fica por dentro de tudo que estava cercando-o. Nesse caso, quem faz o papel de herói somos nós, porque, para os espectadores que ainda não haviam compreendido nada, a idéia fica destrinchada. A partir daí, se continuar sem entender, é melhor assistir novamente.

O elenco está razoável. O “bonitinho” Tom Cruise é outro que só consegue crescer após a metade. Penélope Cruz demonstra uma melhora acentuada em relação a outras atuações, mas está longe de ser admirada como boa atriz. Cameron Diaz, ah sim! Essa é admirável. Incorporando um papel dinâmico, consegue uma das melhores interpretações em sua carreira, mesmo não estando muito tempo em cena. Kurt Russell não surpreende como Dr. Curtis McCabe, e apenas faz a sua parte. Ao contrário de Jason Lee (Brian Shelby), que já demonstrou ser melhor.

Vale destacar também a ótima trilha sonora, com músicas do ex-Beatle Paul McCarthney, e a fotografia clara e reluzente, que ajuda a envolver o espectador. Sobre o título, Vanilla Sky (Céu de Baunilha), não fique chateado se você não entende-lo. A importância dele no geral é nenhuma. Ele está ali só porque Cameron Crowe queria ter colocado no seu filme anterior, “Quase Famosos”, mas acabou desistindo (que coisa, não?!).

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

Compartilhe

Saiba mais sobre