Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Corajoso Ratinho Despereaux, O

“O Corajoso Ratinho Despereaux” chega aos cinemas inspirado nos antigos contos de fada e suas lições de heroísmo, lealdade e esperança. Baseado no premiado livro da americana Kate DiCamillo, o filme surge como opção às animações dos estúdios Pixar e Dreamworks e é diversão garantida para pais e filhos nestas férias.

Era uma vez um reino chamado Dor, conhecido pela sua famosa sopa. No dia em que todo ano o cozinheiro real apresentaria uma nova receita, um acidente envolvendo um rato e um prato de sopa levou ao falecimento da Rainha. O Rei amargurado resolveu banir a sopa do reino e todos os ratos de Dor. Onde antes havia alegria e luz, ficou apenas sombra e tristeza. Mas no coração de uma princesa a esperança de que os tempos mudariam. O herói responsável por salvar a princesa da prisão que seu reino se tornou e fazer dos seus sonhos realidades é ninguém menos que Despereaux Tilling, um corajoso camundongo.

Despereaux nasceu diferente de todos os outros camundongos. Ele não tinha medo e ao invés de roer livros, adorava desfrutar de suas estórias. Quando desafia a lógica e conversa com humanos, o pequeno camundongo é banido de seu grupo para viver com as Ratazanas nas masmorras. Lá, ele conhece Roscuro (o rato responsável pelo incidente que provocou todo o mal-estar no reino de Dor). Juntos, eles esperam cumprir a promessa de Despereaux à princesa de continuar sonhando com um mundo com luz, chuva e ratos novamente. Antes, é claro, terão que enfrentar algumas dificuldades, inclusive os sentimentos de vingança que crescerão dentro de um deles.

A animação da Universal Pictures “O Corajoso Ratinho Despereaux” é baseada no premiado livro da autora americana Kate DiCamillo. Apesar das pequenas diferenças na adaptação para a telona, a estória mantém a inspiração nos antigos contos de fada. Diferente das atuais fitas infantis, esta retoma os valores de heroísmo, lealdade e esperança. E tudo nela lembra os velhos clássicos. Da excelente trilha sonora composta por William Ross às lições sobre generosidade e perdão, a antiga mágica está lá.

Um recurso interessante é a presença da narradora, conversando todo o tempo com os espectadores e unindo as pontas dos personagens que aparecem em número maior do que o de costume em tramas do gênero. Essas subtramas chamam a atenção justamente pelo fato dos coadjuvantes que ao aparecerem aparentemente sem importância terão todos até o final da projeção o seu papel no desfecho da história e um desenrolar para chamar de seu. O destaque vai para a criada Miggery, responsável por grande parte da comédia do filme.

Mesmo não chegando ao padrão Pixar de qualidade, a animação tem o seu charme, especialmente nos trechos em que Despereaux fantasia sobre as histórias de princesa e cavaleiros que lê na biblioteca real. O elenco internacional impressiona pelo número de estrelas e nomes consagrados. Matthew Broderick, Dustin Hoffman, Sigourney Weaver, Christopher Lloyd, Emma Watson, Robbie Coltrane, Kevin Kline, William H. Macy, Stanley Tucci, Frank Langella, Tracey Ullman e (ufa!) Frances Conroy emprestam suas vozes aos personagens do longa-metragem. No Brasil, nenhum nome conhecido e há falta de charme do sotaque britânico.

Em meio a animações digitais que trazem cães estrelas de TV e animais selvagens tentando voltar para Nova Iorque, “O Corajoso Ratinho Despereaux” se destaca pelo retorno aos antigos contos de fada. Às crianças que ainda guardam um pouco da inocência cada vez mais cedo perdida e aos pais que desejam relembrar as velhas histórias de princesas e seus heróis, essa é sem dúvida a melhor opção em cartaz.

Igor Vieira
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