Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 10 de maio de 2007

Homem-Aranha 3 (2007): o longa ficou devendo, mas ainda vale a pena

Efeitos especiais muito bem feitos, uma história sem pontas para uma continuação, muita ação, aventura, romance e um pouco de comédia, tudo isso e mais algumas coisas são só o começo do que é a terceira aventura da trilogia de "Homem-Aranha", que acaba de chegar às telas dos cinemas.

Um dia depois da estréia da terceira aventura do “Homem-Aranha”, resolvi pegar a primeira sessão do dia para conferir ao filme, achando que teria uma sessão sossegada, com pouca gente por ser quase onze horas da manhã, me engano redondamente. Shopping cheio, com grandes filas nas bilheterias, gente comprando ingresso tanto para as sessões da manhã, como outros já reservando a diversão do fim da tarde e da noite. Os cinemas de São Paulo, de vários outros lugares do Brasil e do mundo devem estar sofrendo o caos que faz um filme do “Homem-Aranha” com estréia mundial e sendo um dos filmes mais esperados do ano.

Indo a uma sessão dublada, é claro que 60% da sala está repleta de fãs mirins do aracnídeo com super poderes, não estou reclamando, pois já esperava por isso, mas o que me espantou foi pelo horário ver a sala quase completa e todos ansiosos pelo filme. Além da garotada permanecer quieta durante quase toda a exibição do filme, vale lembrar que as distribuidoras não perderiam a chance de mostrar seus filmes, como “Piratas do Caribe”, “Shrek Terceiro”, “Ratatouille”, “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” e “Transformers: O Filme”, que acabaram sendo exibidos em minha sessão.

Vamos ao filme então. Nessa nova aventura da série “Homem-Aranha”, percebemos que, mesmo com a chegada de novos vilões, os efeitos especiais usados no filme em nada deixaram a desejar, sendo que a cada filme percebe-se como a tecnologia está fazendo com que os diretores criem projetos cada vez mais fantásticos e que o espectador possa ver com um realismo absurdo o que foi imaginado pela produção. No filme, um grande destaque nos efeitos foi dado ao vilão Flint Marko, interpretado por Thomas Haden Church, que, por causa de um acidente, acaba se tornando o conhecido Homem-Areia. Suas batalhas com Aranha são muito mais bonitas visualmente que as que rolaram contra o Duende-Verde e Doutor Octopus.

Na história, ainda temos a presença de mais dois vilões para infernizar a vida de Parker, mas o maior vilão de todos nesse longa-metragem é o próprio Parker, já que ele terá que lutar contra uma substância negra, um ser vivo alienígena com sentimentos próprios, que se funde ao seu uniforme lhe dando novas habilidades, sendo que, quanto mais tempo Peter ficar em contato com essa substância, cada vez será mais difícil se separar dela, os outros dois que acabam tentando destruir Aranha são eles, o jovem repórter-fotográfico investigativo chamado Eddie Brock (que também se fundi no fotografo) e Harry Osborne, que está decidido a matar Aranha para vingar a morte de seu pai.

Além de enfrentar a novos vilões e a si mesmo, Peter terá que lidar com a novidade de que Mary Jane e Harry Osborne conhecem seu segredo. Ele terá que começar a enfrentar as conseqüências de seus atos, sendo que, com a sua dupla vida, acaba de um certo jeito deixando o sucesso como herói e a bajulação dos fãs subirem a sua cabeça, no entanto, com isso, ele acaba se esquecendo de colocar seu grande amor, Mary Jane, em primeiro lugar.

Sobre o filme em si, eu não sou daqueles fãs que conhece as histórias dos quadrinhos, nunca tive interesse em ler as histórias de Aranha, mas, conversando com alguns que assistiram ao filme, parece que ele, em certos pontos, deixou a desejar, causando uma certa indignação. Já a crítica especializada vem trazendo matérias falando que o filme é bom, mas acaba ficando devendo algumas coisas. Eu, como apenas acompanho o super-herói nas aventuras feitas para os cinemas, desde 2002, a meu ver, não senti falta de nada, sendo que ele continua a trazer os mesmos elementos que os outros dois filmes vinham trazendo, com a exceção de uma pitada a mais de comédia, nas cenas onde Parker está com a substância negra, como as cantadas nas mulheres e os passinhos de danças.

O romance volta a ser um dos pontos altos nessa aventura, já que Parker decide finalmente pedir a mão de Mary Jane em casamento, mas podem ficar tranqüilos, já que o filme, além disso, traz grandes cenas e não fica só nisso, como aconteceu com “Superman – O Retorno”. As cenas de ação prometem agradar a todos, já que não apresentam grandes falhas e prendem a atenção de todos na sala. O grande problema do filme, na minha opinião, são algumas cenas que se estendem demais e torna o filme um pouco cansativo, mas são poucos momentos que isso acontece.

A versão dublada com certeza será uma das menos assistidas pelos fãs do seriado, ou pelos preconceituosos que não dão uma chance para a versão dublada (mas isso é outro assunto). O filme traz os dubladores das duas primeiras aventuras mais uma vez, que continuam fazendo o bom trabalho de sempre. É notável que podemos nos orgulhar dos nossos dubladores, pois em muitos lugares saíram elogios dizendo que nossa dublagem é uma das melhores do mundo. Essas sessões deverão ser lotadas pelos pais que forem acompanhar seus filhos pequenos.

Para finalizar, mais uma vez, a equipe de produção merece destaque pelos créditos iniciais do filme, que fazem um resumo das melhores cenas dos dois primeiros filmes, coisa difícil de se ver nas continuações. O apanhado ajuda e muito a lembrarmos de momentos marcantes da história.

De zero a dez, o filme consegue levar merecido oito, pois para mim um bom filme não é aquele que consegue agradar a um único tipo de público do gênero, e sim a maioria. Parece que, aos fãs, o longa ficou devendo, mas, para mim, ele agradou e, se a franquia acabasse por aqui, teve um belo e merecido final. Boatos já dizem que em 2009 uma nova aventura chegará aos cinemas, mas ainda não se sabe se o elenco principal e a equipe voltarão, apenas o tempo irá responder as possíveis perguntas sobre a continuação pela qual os fãs dos filmes já devem estar se perguntando.

Léo Francisco
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