Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Deu a Louca na Chapeuzinho

Uma simples e efêmera diversão. O filme não consegue agradar muito, a não ser por algumas tiradas isoladas em alguns momentos. Sabe aquele filme que você sabe que assistiu, mas que não o acrescentou muita coisa ou que você achou "legalzinho" ou "já vi melhores"? Siga este mesmo pensamento e você chegará à conclusão final desta mediana animação que consegue satisfazer mais o seu público alvo (infantil) do que o público num contexto geral.

Seguindo praticamente a mesma linha de "Shrek", "Deu a Louca na Chapeuzinho" usa a fórmula da sátira de contos infantis para tentar agradar o público. A história é iniciada praticamente pelo seu fim e relata a cena final do conto da "Chapeuzinho Vermelho", onde a garota entra na casa da avó e depara-se com o Lobo Mau disfarçado. É quando uma verdadeira confusão se instala no recinto: o Lobo parte para cima da Chapeuzinho que, por sua vez, tenta se defender. Enquanto isso, a avó da garota sai de dentro do armário amordaçada e amarrada e, para completar, um lenhador descontrolado entra pela janela quebrando tudo e agindo como um louco. Após o ocorrido, a história finalmente tem início com a investigação do que havia realmente acontecido para aquele desfecho. Os quatro personagens relatam suas diferentes versões sobre a situação para o inteligente e astuto detetive Nicky Flippers e para o resto dos policiais. Tudo isso pois, teoricamente, o caso está relacionado ao Bandido Guloso, que é o responsável pelo sumiço das receitas do bosque, acabando assim com as deliciosas guloseimas da floresta. A partir daí, o roteiro se desenvolve focando as histórias relatadas pelas personagens e o interrogatório do detetive.

Vamos lá, caro leitor. Há alguns pontos que devem ser discutidos com relação ao filme. Por exemplo, as imagens computadorizadas da animação. Caso você esteja indo ao cinema esperando uma super inovação na computação gráfica (o que não acredito ser o caso), não se empolgue tanto assim. Com um visual que lembra mais um jogo de Playstation ou algo do tipo (melhor exemplo: Chapeuzinho Vermelho), apenas algumas ressalvas são interessantes a ponto de serem citadas, como o pêlo do Lobo Mau e do Urso e as nuvens, que são muito bem feitos e lembram a realidade. Porém alguns detalhes podem até incomodar um pouco caso você seja do tipo "rigoroso" neste quesito. Repare na cena em que aparece o rio e você saberá do que estou falando.

O roteiro de Cory Edwards não deixa de ser, no mínimo, criativo. O escritor soube como aproveitar alguns dos principais aspectos do conto original para desenvolver uma trama razoavelmente interessante e que mantenha a atenção do espectador. No entanto, não seria absurdo dizer que o filme espelha-se na fórmula do excelente "Shrek". Com exceções de alguns bons momentos que proporcionam risadas (mas não gargalhadas), a animação se esforça, mas não consegue passar de um bom divertimento apenas para o público infantil, ao contrário da história do famoso ogro. Vale dizer que, apesar de tal fato, algumas personagens por si só fazem valer a pena o ingresso. São os casos das tartarugas (que aparecem em apenas uma cena), os Três Porquinhos e, sem sombra de dúvidas, o hilariante esquilo Ligeirinho.

Neste caso de "Deu a Louca na Chapeuzinho", cometeria uma enorme injustiça se condenasse o elenco pelos defeitos nesse quesito. Afinal, para minha infelicidade, a sessão que presenciei era dublada. Portanto, é um tanto quanto difícil elogiar um elenco devido a tal motivo. Se vale a pena dizer algo sobre isso, que fique registrado nesta crítica que eu definitivamente não sou a favor de filmes dublados. Ok, alguns personagens do filme foram bem aproveitados pelos dubladores (caso do Ligeirinho e do Bode). Mas, em um contexto geral, a dublagem não ajuda. No entanto, a meu modo de ver, isso não foi surpresa e muito menos relevante durante a animação.

Enfim, pode-se dizer que "Deu a Louca na Chapeuzinho" não é um filme excelente. Talvez se não tivesse sido usada uma fórmula meio que "infantil" demais teria conseguido um melhor resultado. A verdade é que a animação não passa de um filme dispensável e que possui alguns pontos positivos, mas que não são suficientes para elevar sua qualidade final ou alcançar uma classificação considerada realmente "boa". Portanto, deixo aqui registrado: duas estrelas para o esquilo Ligeirinho e outras duas para todos os outros pontos positivos da produção juntos. Aproveite o filme para desfrutar da companhia de seu filho, sobrinho ou alguém dessa mesma faixa etária ou aguarde-o na locadora ou até mesmo na TV.

Ícaro Ripari
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