Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 27 de junho de 2007

As Apimentadas – Tudo ou Nada

Mais uma franquia baseada em um filme que deu certo nos Estados Unidos. O terceiro episódio da série "Bring Ot On" não inova. Pelo contrário, por tentar ser mais uma história bem parecida com as “soap opera” americanas (o que pra gente seria bem próximo de Malhação), o filme espera se apoiar na trilha sonora e em algumas piadas forçadas.

Quem disse que mercado de Home Entertainment americano não é forte? E o melhor, não é nem tanto pela venda, mas sim pelas locadoras que a bolada enche novamente os cofres dos estúdios. Seguindo a mesma premissa Hollywoodiana de que não é bom mexer em time que está ganhando, a Universal Home Entertainment produziu mais um filme da série "Bring It On".

A história da franquia é baseada nas competições de líderes de torcida das escolas de ensino médio dos Estados Unidos. A bola da vez é Britney, uma líder de torcida que ao acabar de inscrever a sua equipe em um programa de televisão (de onde tiraram a Rihanna – que o estúdio deve ter pago para promovê-la) recebe a notícia de que seus pais terão que se mudar, e não só isso, mas mudar de estilo de vida, uma mais simples. Resultado, ela sai de uma escola particular cheia de patricinhas e mauricinhos e é dragada a uma escola multi-étnica em Los Angeles. A única forma de ela se encaixar na escola é tentar entrar para a equipe de líderes de torcida, que também irá concorrer ao programa para ganhar novos computadores para a escola. Agora ela terá que travar uma batalha e concorrer com suas novas amigas, contra as antigas.

O filme em si é bobo. Não há nem mais como puxar um roteiro para essa franquia, que aliás parece disputar com “American Pie” quem faz mais filmes, já que "Bring It On" já anunciou mais um novo filme para a série, chegando junto à outra franquia, que já conta com 5 filmes. A história é forçada, o elenco nenhum pouco simpático, o que prejudicou muito o filme. Os primeiros 20 minutos de exibição são os piores, não que o resto do filme não seja ruim), mas o começo é capaz de fazer qualquer pessoa procurar desesperadamente o botão do “stop” e desligar o DVD. Para a surpresa, após os 20 minutos iniciais o filme até que, depois de várias tentativas de arrancar um riso sequer do espectador, ele finalmente consegue. O mais interessante é justamente que em um pouco mais de 90 minutos de filme, são poucas as vezes que o espectador tem a oportunidade de rir, mas quando o filme consegue o intento, não são apenas risos, mas boas gargalhadas provindas de ações que você realmente não espera. Nisso o filme ganhou alguns pequenos pontos.

A direção é simplesmente forçada. É fácil entender porque Steve Rash não consegue deslanchar no cinema, sendo considerado o rei dos filmes “direto para DVD”. Ele consegue esquecer todos os pontos básicos que Peyton Reed tão cuidadosamente desenvolveu no primeiro filme. Rash esqueceu que o maior atrativo do filme são as coreografias apresentadas e consegue banalizá-las durante as cenas das competições, onde o espectador perde a estrutura lógica. Rash traz novas coreografias, muito mais ousadas do que o primeiro filme, fazendo uma mistura da dança hip-hop com os movimentos ginásticos das líderes de torcida e que, infelizmente, se perdem devido a edição do filme.

Não vou nem me deter para falar das personagens, mas só para se ter uma idéia, para quem já assistiu a "Todo Mundo em Pânico", qualquer que seja o episódio da franquia, ou melhor, qualquer filme de comédia que tire sarro com patricinhas, essas patricinhas das comédias são muito mais interessantes e complexas do que as personagens desse filme. Tentando agradar um público multi-racial, novamente retorna o elenco negro, mas com a adição dos latinos, nipônicos, enfim, quase uma Babel.

Junto com as boas (e muito poucas) gargalhadas que o filme traz, outro ponto positivo é a trilha sonora. A trilha sonora é composta basicamente por bandas pop, com músicas conhecidas no mundo inteiro como as de Gwen Stefani e Avril Lavigne. Embora se encaixe no tema, algumas músicas pareceram deslocadas das cenas, como a de Gwen Stefani, que inclusive já começa a tocar desde a logo da Universal (um ritmo que não casa em nada com a imagem).

Posso até estar sendo bonzinho, já que durante o filme o desejo era de dar um zero para este longa, mas pela trilha e pelas boas gargalhadas, conseguiu salvar um pouco "As Apimentadas – Tudo ou Nada", mas se você não estiver encontrando dinheiro em árvore, desista de alugá-lo.

Leonardo Heffer
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