Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 25 de julho de 2006

Piratas do Caribe: O Baú da Morte (2006): uma boa diversão

Longa chega cerca de três anos depois do sucesso do primeiro filme e, para surpresa, se torna um dos filmes mais assistidos e mais esperados do ano de 2006, mais até que "Superman – O Retorno". E no fim das contas, acaba sendo bem mais entretenimento.

Finalmente a espera acabou. Mas não sei se para um resultado bom ou ruim, mas sim um satisfatório, que não chega a ser tão completo. A esperada continuação de “Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra” acaba de aportar nos cinemas brasileiros, lotando salas com espectadores eufóricos, adolescentes que gritavam em qualquer cena com Johnny Depp ou Orlando Bloom (tão histéricas que gritavam só em aparecer o nome deles).

A continuação começa algum tempo depois do primeiro filme, o que faz imprescindível você assistir ao primeiro para ter uma compreensão total dos personagens. Nessa nova aventura, Elizabeth Swann e Will Turner estão prestes a se casar quando são presos por ajudarem a fuga de Capitão Jack Sparrow (acontecida no final do primeiro filme). Logo, Will é levado a ter que procurar Jack Sparrow para tentar pegar a bússola (que no primeiro filme guiava para a ilha da morte) que irá guiá-los até o local onde está o Baú da Morte, que, segundo a lenda, contém algo muito importante, e que não posso contar para não estragar o filme. Logo Will e Jack irão se meter em diversas aventuras, como a vida de um pirata tem que ser.

A grosso modo, a história segue a premissa do primeiro filme. Aviso aqui aos desatenciosos que “Piratas do Caribe: O Baú da Morte”, o segundo capitulo da franquia, segue uma fórmula de Hollywood que em breve estará completamente desgastada e não terá mais valor de uso: os filmes que não possuem um final. Ou seja, “Piratas do Caribe: O Baú da Morte” segue o mesmo caminho que “Matrix Reloaded” (embora não compartilhe do mesmo destino nas bilheterias) e simplesmente encerra como se fosse um episódio de seriado, com retornos e reviravoltas que deixam qualquer espectador desesperado para ver o episódio seguinte. Claro, isso é fácil para um seriado, já que o episódio seguinte será exibido na semana que segue. Já “Piratas do Caribe 3” só chegará em maio de 2007 nos cinemas, então pode não agradar a muitos o final do filme.

Mesmo com esse roteiro que simplesmente copia os mesmo traços do primeiro filme, inclusive o alongamento desnecessário, transformando os 143 minutos do primeiro filme em 150 minutos que parecem não ter mais fim, nessa segunda parte. Além de buracos terríveis do roteiro. Por exemplo, se no primeiro filme a maldição foi quebrada, como o macaco do primeiro filme aparece como zumbi nesse segundo filme? Novamente a maldição da corda: parafraseando o primeiro filme, onde Jack Sparrow, no começo do filme foge pendurado nas algemas em uma corda e no final consegue saltar da corda (o que seria impossível, já que a corrente da algema passa por cima da corda), nesse filme, Will e seus comparsas piratas conseguem soltar a corda que os pendura em um globo no meio do ar, sem mesmo mostrar exatamente como isso aconteceu.

No quesito direção, Verbinsky provou estar mais maduro, saber lidar com cenas de ação, trazendo novos elementos bem mais interessantes do que no primeiro (se no primeiro a batalha entre Will e Jack na ferraria foi interessante, espere para ver a luta em uma roda de madeira em movimento). Os efeitos especiais são um espetáculo a parte, muito melhores do que o primeiro filme (claro que três anos causam uma melhoria nas máquinas responsáveis pelos efeitos), e se me permite dizer, muito melhores até mesmo que os efeitos de “Superman – O Retorno” (e olha que Piratas foi 35 milhões mais barato). As atuações não fogem muito do mesmo estereótipo do primeiro filme. Johnny Depp consegue pegar exatamente seu personagem a partir dos cacoetes que ele colocou para Sparrow, sem mesmo pestanejar, e fica fácil para o público aceitar que o filme acontece poucos meses depois do primeiro. Já o resto do elenco não consegue se sair muito melhor, chegando as vezes ser até irritante.

A trilha foi o que mais sofreu na segunda parte da franquia. Mudando de Klaus Badelt (compositor do primeiro) para o famoso Hans Zimmer (que compõe as músicas do segundo filme) foi o maior erro cometido por Verbinsky nesse filme. Parecendo sofrer de uma falta de criatividade, Hans Zimmer não compõe nenhuma música para este capítulo da franquia, simplesmente copiando os instrumentos e notas de outros filmes nos quais já trabalhou, como, por exemplo, O Gladiador (é incrível como tem horas que você jura que está assistindo a Gladiador e não Piratas do Caribe).

Em suma, a continuação se torna uma excelente diversão no cinema, com muito efeito especial, uma senhora aventura, mas para aqueles que não gostam de filmes longos, é melhor passar a distância das salas com este filme em cartaz.

Leonardo Heffer
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