O porquê dessa frase é simples. A idéia é bastante original se tratando de um filme, ainda mais se tratando de uma comédia. Já, na realidade, quando trazemos o exemplo para dentro de nossas residências, tal idéia se torna um clichê. Com certeza, muitas mulheres se identificarão com a personagem de Drew Barrymore, assim como muitos homens irão negar que são parecidos com o personagem de Jimmy Fallon. Verdade seja dita, hoje em dia não há nada mais normal do que um homem trocar a mulher por uma hora e meia de futebol. Esse é o ponto em que se encontra Ben (Fallon), quando sua vida é totalmente voltada ao seu time do coração, o Red Sox. O Red Sox é um time de baseball de Boston nos EUA que há muito tempo não vence uma "World Series" como é chamada a grande final da temporada. Lindsey (Barrymore) se vê numa tremenda saia justa quando resolve passar por cima de todos os obstáculos que o Red Sox promove em sua vida em busca do amor.

Uma sátira bastante divertida, mas séria em alguns momentos, como tem que ser, sobre as dificuldades que a mulher tem que lidar com essa paixão fervorosa do homem pelo esporte. Tamanha é a consideração feminina que até mesmo Lindsey, personagem de Drew, passa a freqüentar as partidas junto de seu mais novo namorado, Ben, interpretado por Jimmy Fallon. Saber conciliar a paixão pelo seu namorado e a briga contra o baseball é a batalha mais cruel que Lindsey terá que participar. A mesma se mostra bastante segura e capaz de abrir os olhos do pobre Ben, que nunca conseguiu ter um namoro sério por causa desse "pequeno problema".

São esses os pontos fortes do filme, pois de início, já se percebe a falta de
harmonia entre o casal. Ambos não possuem a química necessária pra fazer valer. O que se passa durante todo o filme, é Jimmy Fallon idolatrando o time e dando mancada com a namorada. Porém, do ponto de vista individual, cada um faz seu papel com precisão. Claro que quando ambos não estão contracenando.

O roteiro é baseado na obra literária de Nick Hornby, escritor inglês responsável por outras obras adaptadas como "Alta Fidelidade" e "Um Grande Garoto". O livro de Nick é ótimo, e, como sempre, a adaptação não faz merecer a base ao qual fora retirada. Lembrando que o escritor é inglês, e nada mais normal que suas histórias terem a ver com a cultura londrina. Esse foi o caso de "Amor em Jogo" e "Alta Fidelidade", ambos americanizados quando adaptados ao cinema. O único que escapou, mas nem tanto, foi "Um Grande Garoto" com o ator, também inglês, Hugh Grant. Não é hoje, nem vai ser amanhã que vão conseguir fazer um livro ser adaptado de forma magnífica. Apesar de sua grandiosidade, o Cinema não consegue atiçar a imaginação e envolver a concentração como uma obra literária consegue com seu leitor.

Roteiro e atuações à parte, do ponto de vista engraçado do filme, a direção dos irmãos Farrely deixa a desejar como a muito tempo não se via. Quem pôde assistir "Débi e Lóide", "Quem Vai Ficar Com Mary?" e "Eu, Eu Mesmo e Irene" sabe do que estou falando. Mas não tão diferente do último, o ótimo "Ligado em Você", "Amor em Jogo" exige um certo drama, decorrente do sofrimento que Lindsey tem por querer a atenção de seu namorado, mas a questão é: Os irmãos Farrely se saem divinamente bem quando o assunto é comédia pastelão. Quem não se lembra o choro e o problema com o zíper de Ben Stiller em "Quem Vai Ficar Com Mary?"? Quem não lembra da língua presa de Jeff Daniels no teleférico congelado em "Débi e Lóide"? Ou Jim Carrey se esmurrando em "Eu, Eu Mesmo e Irene"? São pequenos detalhes que são lembrados por aqueles que já acompanham os irmãos desde sua estréia no cinema e que já assistiram a seus filmes mesmo sem saber quem os dirigiam.

"Amor em Jogo" falha na química entre os personagens, mas é engraçado e tocante. Vale a pena ser conferido. E a cena em que Lindsey vê seu namorado Ben na TV é a melhor de todas. Jimmy Fallon está mais sério, mas não menos engraçado. Seu jeito bobão rouba as cenas e praticamente carrega o gênero "comédia" nas costas.