Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Anaconda 2

Mais um filme sem história, sem atores descentes, sem empolgação e sem direção (acreditem). Contudo, dá para assistir fazendo uma cara mais ou menos assim no final da exibição: :T

Chega uma hora que cansa falar mal dos filmes que estão sendo lançados ultimamente. Essa leva de filmes pós-férias blockbusters (Homem-Aranha 2, Shrek 2), o famoso pacote de filmes medianos para baixo, vem superando os recordes de críticas ruins. Temos exceções, sem dúvida alguma ('Brilho Eterno', 'Colateral', 'Eu, Robô', 'Fahrenheit 9/11'), mas a quantidade de mediocridade não é brincadeira. E agora, junto com o lançamento de outra bomba, “Rei Arthur”, temos o também horrível "Anaconda 2: A Caçada pela Orquídea Sangrenta" (êta nome grande e feio).

Nessa longa história do cinema já vimos muitos ótimos filmes de expedição (busca ao tesouro, amuleto sagrado e etc). Fica fácil até dizer quais são as personagens presentes na maioria deles, sem ao menos ter assistido. Quer ver como é fácil? Primeiro temos aquele que contrata o serviço, vulgo o chefe, que fará de tudo para conseguir seu objetivo (maioria das vezes, a peça ruim da história). Depois temos um cientista ou uma cientista que sabe tudo e se engraça com outro personagem também principal, mas que às vezes fica como coadjuvante por causa de outro membro da equipe, um mais forte, que é mais experiente. Tem aquele engraçadinho, que é mais para distrair o público da tensão. Ainda tem a gostosa que se engraça com um gostoso (eca), mas que também pode dar uns pegas o chefe ($$) da equipe. Pra finalizar, temos uns 2 coadjuvantes que só estão lá morrer e dizer que apareceram no filme. Se você lembrar de algum filme de expedição que tem por ai, não é mera conhecidência. Anaconda 2 é assim …

A história lambuzada de maionese começa quando uma equipe de cientistas viaja à uma floresta para observar um fenômeno que só acontece uma vez a cada sete anos: o desabrochar de uma rara orquídea, que, possivelmente, tem o segredo da imortalidade (Pára tudo! Imortalidade? God!). Na selva de Borneo está a rara orquídea, que desabrocha apenas uma vez a cada 7 anos (dejavú?). Considerada a chave para a produção de um soro da juventude, um grupo de cientistas decide embarcar numa viagem para encontrá-la. Eles acreditam que o soro irá render muito prestígio e dinheiro para suas carreiras, valendo a pena correr os riscos da expedição. Porém logo eles percebem que, além do mau tempo e a densa vegetação, algo mais pretende impedi-los de alcançar a orquídea: um predador mortal que a protege, a Anaconda! É, mas não é apenas uma cobra, e sim uma pancada de cobras que fazem uma verdadeira orgia da selva (literalmente).

Boa vontade, sempre tive quando vou assistir a um filme. Procuro não ler nada sobre ele na véspera para ir identificando algumas peças interessantes, tanto no elenco como em cenários, som e etc. No início vi uma tomada de imagens da selva de Borneo, o que lembra muito a nossa selva amazônica. Deu uma impressão boa, principalmente quando já aparecem membros de uma tribo fugindo da bendita cobra. Ótima cena e já garante a você que será nesse mesmo tom o filme todo. Ilusão? Sem dúvida, quando começam aparecer as personagens já dá um desgosto. Não tem ninguém famoso. Não que é um filme sem famosos não possa ser bom, mas este é uma continuação de um filme que já era ruim demais, que colocassem alguém famoso para pelo menos salvar o filme de tanta mediocridade nas interpretações das personagens. Pelo menos no primeiro filme tínhamos Jennifer Lopez, Ice Cube, Owen Wilson …

Bem, vamos dar nome às cabras: quem estar por trás desse filme é o diretor Dwight H. Little (Free Willy 2 e Halloween 4), que consegue não só fazer um filme horrível, como irritar a platéia com closes de rosto típico de novelinha. Fora que ele coloca um macaquinho (Kong) como um dos principais destaques do filme e que consegue, apesar de tudo, acompanhar a todos até o final do filme (não sei como). Se acontece algo de interessante no filme, o diretor coloca um close no macaco que faz expressões faciais chatas demais. Ainda tem o nerd Eugene Byrd, que é aquela espécie típica das expedições: o engraçadinho. Quebra clima! Chega a ser irritante às vezes a covardia dele. No entanto, dá para dar algumas risadas porque ele consegue atuar um pouco acima dos demais. Você sabe quantas pessoas criaram o roteiro do filme? Quatro! Isso mesmo, quatro pessoas criaram esse "brilhante roteiro". A história tem tanto furo que não vou comentar … bem, vou comentar só um: Borneo não tem Anacondas (rs).

Assista sem pretensão, sem medo de sair desgostoso com o final clichê e previsível. Eu recomendo assistir, porque só assim você vai compreender porque eu estou falando mal de tanto filme ultimamente. Alguns leitores pensam que é implicância. Desta vez eu recomendo que você assista e depois veja se a crítica bate com o que você estava pensando. Em tempo, há uma cena de uma queda de barco na cachoeira muito bem feita e alguns ataques das Anacondas também são interessantes, somente. O filme consegue não ser abominável, dá para assistir. Pelo menos ele consegue ser melhor que esse "Rei Arthur" (se é que isso bom).

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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