Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 17 de abril de 2005

Be Cool – O Outro Nome do Jogo

É um bom filme, mas as atuações de John Travolta e Uma Thurman, como os protagonistas, são fracas e abusivas, deixando muito a desejar.

É triste assistir um filme com o grande John Travolta e perceber o quão fraco ele está. O que podemos perceber também é que o problema não é só com o ator, mas sim com o personagem. Como exemplo podemos pegar suas interpretações em "Os Embalos de Sábado à Noite" e "Pulp Fiction" que despontaram a carreira do ator. Porém, o tempo pode se tornar um aliado, ou até mesmo um inimigo, pois com certeza ele não terá mais aquela "ginga" toda dos "Embalos de Sábado", mas ele tem capacidade e pode até conseguir e mesma proeza de Vincent Vega em "Pulp Fiction". A diferença de todos os outros personagens de Travolta para Chili Palmer é que exigem um certo grau de atuação. Chili Palmer é simplesmente "na dele", não provoca, não faz piada, simplesmente age como se fosse o dono da cidade, conhecido por todos e respeitado por muitos. Mas até mesmo fazendo o papel de um ex-gângster que agora vive numa boa, assim como ele mesmo, Travolta é cansativo.

O filme continua a história do mafioso Chili Palmer (Travolta) que no primeiro filme virou produtor de cinema. Desta vez, ele envolve-se com a indústria da música quando Edie, personagem vivida por Uma Thurman, recebe de herança de seu marido falecido, uma gravadora. Para ajudar Edie, Chili se envolve com várias outras figuras do mundo da música como Linda Moon (Christina Millan), o empresário Raji (Vince Vaughn), seu capanga Elliot (The Rock) além de Sinclair (Cedric The Entertainer) e seus capangas liderados por Andre, vivido pelo vocalista da banda Outkast, Andre 3000.

Uma Thurman volta a atuar ao lado de Travolta em sua melhor forma (física). E como ela está linda! Mas infelizmente "beleza não põe mesa". Ao contrário do ótimo "Kill Bill" de Quentin Tarantino, "Be Cool", como é melhor chamado, exige uma participação forçada da atriz, o que torna a sua personagem "esquecível". Para a nossa felicidade, nem todos estão em má fase. O fortão The Rock prova que não são apenas de filmes de ação que vive um ex-astro de programas de luta livre. Seu personagem, apesar de "durão", é carismático e engraçado, conseguindo ser destaque entre tantos outros.

Depois de The Rock quem mais nos consegue divertir é Cedric que faz o papel de Sinclair, o qual utiliza meios nada convencionais para alcançar o sucesso. Vince Vaughn faz o papel de um empresário que faz questão de agir como um "cafetão". Sua atuação é bastante engraçada, mas após um certo tempo você abusa dele.

Fora os principais, temos a participação nada especial do vocalista da banda Aerosmith, Steven Tyler, o qual não passa de uma aparição fútil e desnecessária. Tyler até esboça uma interpretação dele mesmo, mas era melhor ter entrado calado e pelo menos sair cantando.

O roteiro de Elmore Leonard é tolo, infelizmente em alguns momentos me faz lembrar de "Glitter" com a dispensável Mariah Carey. Uma história pra criança assistir, mas com um plano de fundo adulto, o qual é o ponto forte do roteiro. Não podemos esquecer que o filme é uma seqüência e, como a maioria das seqüências, é pior que o original.

O diretor F. Gary Gray conseguiu o que queria, reunir grandes nomes da indústria do cinema e da música e ainda por cima fazer John Travolta e Uma Thurman dançarem novamente depois de um pouco mais de 10 anos do ótimo "Pulp Fiction". Mas por favor, alguém pode me explicar o que diabos é aquilo? Como tiveram a capacidade de relembrar uma cena histórica como a de Travolta e Thurman dançando twist ao som de Chuck Berry, com essa nova dança de "esfrega esfrega" ao som de Black Eyed Peas?!? Tenho certeza como tal cena não agradou e nem agradará nenhum cinéfilo que se preze.

"Be Cool" é aquele filme pra você assistir sem muitas pretensões. Apesar de tolo, ele é divertido. Abram os olhos para o capanga com cabelo black power e um taco de beisebol na mão, pois ele rouba a cena de qualquer um. Agora, eu vos imploro, fechem os olhos quando Travolta e Thurman se levantarem da mesa para dançar.

Bruno Sales
@rmontanare

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