Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Contato de Risco

Assisti ao filme “Contato de Risco” unicamente com o propósito de escrever essa crítica e me assustei logo de início porque na ficha técnica dizia que o gênero era comédia e na locadora apontavam como policial. È certo que, equívocos à parte, o filme traz elementos de ambos.

Comecei a ver assim meio sem saber direito o que veria. Confesso que até a primeira hora de filme, não tive certeza do que se tratava especificamente. Se eu tivesse que escolher, votaria por classificá-lo em uma comédia romântica.

“As coisas nem sempre são preto no branco”, talvez essa consideração feita pela personagem de Lainie Kazan resuma o propósito do filme. Além de muitas risadas, o filme também pretende discutir os parâmetros de normalidade, quebrando preconceitos.

A história é muito simples: Larry Gigli, personagem interpretado por Ben Affleck, é um pequeno mafioso que recebe a missão de seqüestrar Brian (Justin Bartha) que é o irmão mais novo de um poderoso procurador federal. O objetivo do seqüestro é livrar um grandão do crime da prisão. O detalhe é que Brian é um garoto que sofre de distúrbios psiquiátricos.
Para ajudá-lo na empreitada, Larry Gigli recebe o apoio inesperado de uma aliada. Ela é Ricky, personagem de Jennifer Lopez.

No desenrolar da história, o casal mafioso acaba se envolvendo afetivamente com sua presa. Ele é um menino amável, doce e sensível. O afeto dos mafiosos impediu inclusive de cumprir à risca determinadas ordens de seu chefão. Eles não só protegeram o doce garoto como já possibilitam a realização de seus pequenos desejos, acredite, os mais inusitados.

Logo no inicio da operação, Larry Gigli, na sua postura profissional, tratava o garoto como um retardado. Exigindo inclusive que ele se comportasse de forma normal. “Normal, normal, normal!!!” Vários gritos de ordem foram dados com a finalidade de o menino se comportar de maneira aceitável. Aceitável?

Foi justamente essa aceitação da diferença, baseada nos afetos desenvolvidos, o grande trunfo do filme. Realmente ficamos inquietados com o que devemos considerar normal e aceitável.

Isso acontece também na relação que se estabelece entre os dois mafiosos, Larry e Ricky. Ela, belíssima, sedutora e instigante, mostrou-se logo de cara que não estava disponível a outros tipos de envolvimentos. Seu diferencial a impedia de ir mais além de uma relação profissional. Mais uma vez, em novos parâmetros de afetos, a aceitação da diferença se dá.

A temática foi boa e o filme até consegue arrancar boas risadas, mas não deve ser visto buscando riqueza de detalhes, explicações para os desfechos ou coisas do tipo. A narrativa é simplória, as cenas são bem nuas e cruas, nada que deva ser apreciada de maneira cuidadosa e atenta.

Enfim, vale como um bom momento de lazer despretensioso. Não deve ser visto com maiores expectativas. E pra quem já viu, saiba que a sensação de espirro para mim se deu bem mais agora do que quando vendo o filme.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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