Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Coronel e o Lobisomem, O

É claro que, o cinema nacional ainda tem que melhorar, e muito. Mas "O Coronel e o Lobisomem" foi uma boa escolha de Maurício Farias, um clássico da literatura brasileira, que merecia virar filme.

Roteiro que vem do livro de José Cândido de Carvalho, traz a história de Ponciano de Azeredo Furtado (interpretado por Diogo Vilela), coronel de patente e fazendeiro por direito da herança da fazenda Sobradinho, e seu irmão de criação, Pernambuco Nogueira, vivido por Selton Mello. Nas redondezas de Sobradinho, vários acontecimentos estranhos servem de base para o enredo, escrito por Guel Arraes, em seu maravilhoso estilo. Ponciano, como era o mais tinhoso, ficou com o cargo de estudar na escola militar. E Nogueira, foi estudar direito. Na teoria é claro, pois Ponciano vivia em casas de burlesco às custas de seu avô. Mas uma notícia, de repente, ataca o coronel de jeito: seu estimado avó Simião (Othon Bastos) havia morrido. Ele, então, resolve voltar para a fazenda, e tocar os negócios do avô.

É notável que o filme gira em torno da lenda de um lobisomem, mas no decorrer da história, muitos outros elementos da cultura popular aparecem, como o linguajar dos personagens(principalmente por parte do coronel Ponciano), os costumes, e outras lendas. Cada personagem preenche a história com a sua graça. Seu Juquinha, é um deles. Interpretado maravilhosamente por Pedro Paulo Rangel, Juquinha é o típico capataz de coronel. Aquele que sempre está lá para ajudar e dar conselhos, ainda que mirabolantes. Ele ajuda seu patrão nos momentos difíceis quando Nogueira começa a colocar suas garras de fora.

A prima Esmeraldina (Ana Paula Arósio), aparentemente, é uma daquelas mulheres que sonham com dinheiro e uma vida melhor. Mas na verdade, mesmo casada com Nogueira, ela ainda é apaixonada pelo primo Ponciano. Nogueira (Selton Mello), na sua posição de lobisomem, mantêm-se íntegro, querendo ajudar o primo. Mas suas verdadeiras intenções são as piores. Ele quer na verdade, amargurado com a inveja, acabar com o primo.
Personagens secundários, como Doutor Serapião (Francisco Milani), o Major Badeja (Marco Ricca), Seu Padilha (Tonico Pereira), Dona Bebé (Andréa Beltrão) e até o galo Vermelhinho, aumentam a expectativa do futuro do coronel e do lobisomem enrustido.

É claro que, o cinema nacional ainda tem que melhorar, e muito. Mas "O Coronel e o Lobisomem" foi uma boa escolha de Maurício Farias, um clássico da literatura brasileira, que merecia virar filme. Muita gente ainda tem preconceito contra filmes brasileiros, e até me indignei uma vez, ao ouvir: "É brasileiro, o filme? Então deve ser um lixo". Brasileiro tem mania de não gostar do que é seu, de subestimar o próprio povo e sua cultura.

Filmes brasileiros, feitos por quem sabe fazer, são um deleite! Não podemos generalizar, e dizer que para o Brasil, a sétima arte está condenada. “O Coronel e O Lobisomem” apresenta belos recursos de computação gráfica, e atrevo-me até em dizer que nosso lobisomem latino desbanca àqueles norte americanos, na cena em que Nogueira se transforma, revelando sua verdadeira face sob a lua. Selton Mello é, sem dúvida, o lobisomem mais bonito que existe.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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