Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Diário da Princesa 2, O

A seqüência da Disney melhora somente no humor porque o resto do filme é igual ao original. A garotada (10 a 15 anos) deve adorar.

Eu sei que não é muito normal um editor falar do ambiente no qual ele assistiu ao filme e muito menos dizer que este influenciou um pouco na sua opinião, mas como eu estou pouco me lixando para o quê "os mais entendidos" vão achar disso, creio que irá servir para algo durante esta crítica.

As pessoas que moram em Fortaleza e que tem o costume de ir ao cinema do Grupo UCI sabem muito bem que as principais estréias sempre tem o lugar reservado na Sala 8. Ela é a maior sala do complexo, mais aconchegante e foi palco de estréias bastante esperadas como "Matrix Revolutions", "O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei", "Homem-Aranha 2", "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban", "Tróia". Curioso foi ver que "O Diário da Princesa 2" estaria nesta sala durante toda semana, tendo em vista que tivemos 6 estréias nessa semana ("Meu Vizinho Mafioso 2", "Mar Aberto", "Wimbledon", "Menina dos Olhos" e "Com a Bola Toda"). Ainda curioso foi ver que se tratava de uma seqüência da Disney no cinema (yeah, seqüência), fato que não é costumeiro.

Adentrando ao recinto eu me senti deslocado. Desculpem-me, não é preconceito ou nepotismo com algum grupo de pessoas, mas o cinema estava completamente inchado de garotas de 12 a 15 anos que coloriam o ambiente escuro com cores verde limão e rosa. Pensei: "Meus Deus, onde eu estou? Baile de purpurina? Reunião da Comunidade das Patricinhas de Fortaleza?". Não é machismo ou algo do gênero, mas me senti fora do local. Sensação típica de estar entrando no lugar errado. Interessante presenciar como o efeito "PRINCESA" ainda possui nos dias de hoje.

Entendo que é um saco estar lendo algo do tipo, mas tenho mais uma curiosidade ou fato interessante que ocorreu durante a sessão. Ao meu lado sentaram 3 "adoráveis crianças", sendo que a do meio tinha apenas 7 anos e não entendia bulhufas do que estava aparecendo na legenda do filme (sim, o filme é de classificação livre e não era dublado). As garotas passaram o filme INTEIRO lendo o que aparecia nas legendas para esta pequena garotinha entender. Percebi que as garotas mais velhas sabiam ler e muito bem (devia ter entre 10 a 11 anos). Pena que encheu o saco escutar alguém sussurrando do meu lado o filme todo (rs)! Mais engraçado foi escutar a garotinha dizendo: “Não estou entendendo nada”.

Bem, vamos ao filme. Divertido! Sim, é impossível não dar gargalhadas com a aprendiz de rainha. O público gostou. Não generalizei em nenhum instante o público quando digo que o público gostou e deu boas gargalhadas, estou dizendo que desde as garotinhas de 7 anos há as senhoras da melhor idade que lá estavam presentes apreciaram. É meio impulsivo sorrir das peripécias que acontecem no filme. Se formos analisar pelo ponto de vista crítico, o filme é fraquíssimo. Consegue ser um pouco melhor do que o já ruim "O Diário da Princesa", por mostrar a fase após a conquista da princesa.

Em "O Diário da Princesa 2" vemos a continuação das aventuras de Mia Thermopolis (interpretada pela bonita Anne Hathaway), a desajeitada e inteligente adolescente de São Francisco e nobre relutante, que ganha postura e autoconfiança sob a tutela de sua avó, a rainha Clarisse (a ainda em forma Julie Andrews).

Passaram-se 3 anos, Mia, agora uma jovem segura de si, formou-se na universidade e amadureceu para abraçar sua herança genoviana. Ela está prestes a começar a mais importante jornada de sua vida, deixando tudo para trás e indo morar em Genóvia com a sua avó. Mas logo que chega ao palácio, é informada que seus dias de princesa estão contados – Mia terá que deixar a tiara de lado e colocar imediatamente a coroa.

Como se preparar-se para reinar já não fosse o suficiente, as apostas em Mia nunca foram tão altas – com a legislação genoviana estabelecendo que princesas devem se casar antes de serem coroadas -, ela se vê diante de um desfile de pretendentes que gostariam de se tornar seu rei. A caça ao noivo começa e ela tem pouco menos de 30 dias para conseguir um par para toda sua vida.

História banal, simples e totalmente clichê, como é de costume das continuações da Disney. O que consegue sustentar o filme são as partes engraçadas. Você mal percebe que a história é ruim devido às inúmeras situações em que Mia se envolve. Algumas vezes as coadjuvantes roubam a cena como as camareiras do palácio. O bom mesmo foi ver que Julie Andrews continua em forma, mesmo tendo um papel completamente caricato. A canção "Your Crowning Glory" é a primeira que ela canta em público ou em um filme desde a operação nas cordas vocais que fez em 1991.

O diretor Garry Marshall não se esforçou muito para deixar o filme no mesmo nível do anterior. Além dele ser o mesmo diretor do original, ele continua com os mesmos ingredientes da comédia passada e acrescenta apenas mais humor (well, humor fraquinho, passageiro, mas que consegue fazer sorrir). O que pode incomodar há algumas pessoas é a quantidade de cores que os cenários possuem. Parece que o palácio e suas redondezas são posicionados dentro de arco-íris.

O filme possui vários coadjuvantes que são importantes para a história (?), que você pode conferir assistindo ao longa. Ele é fraco no ponto de vista crítico, mas já que os psicólogos e educadores estão reclamando tanto que os filmes de hoje em dia já não consegue ser como antigamente (menos violentos e mais familiares), este é um da moda antiga. Humor típico, bem colorido, não tem palavrões, possui pessoas bonitas no elenco e tem romance. No final, é bem afrescalhado. Mas não chega a ser ruim …

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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