Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 03 de dezembro de 2005

Domino – A Caçadora de Recompensas

O filme mostra a verdadeira história de Domino Harvey (Keira Knightley), que acaba sendo difícil de ser ingerida, face às suas proezas magnânimas. Entretanto, já que dizem ser assim, fazer o que, num é?

Domino, na vida real, é filha do respeitado ator Lawrence Harvey e da modelo que se tornou socialite, Sophie Wynn. Ela nem gosta desses parentescos, a moça simplesmente gosta de ser conhecida como Domino Harvey, uma caçadora de recompensas. A assassina nem sempre foi assim, haja vista que nasceu em lençóis ricos, mas nunca se atraiu por essa filosofia de vivência e acabou logrando “êxitos” na área da violência. Aos oito anos de idade, ela perdeu o pai, alimentando mais ainda seus pensamentos desviados do que chamamos ser uma menina patricinha. Seu estilo fúnebre já estava implantado e cada coisa que acontecia em sua vida aumentava ainda mais sua sede de querer ser diferente.

Sinceramente, lendo ali e acolá antes de começar a ver o filme, me empolguei. E olha que não foi pouco. Porém, as façanhas além do normal mostradas pela moça acabam nos levando a não crer muito que aquilo aconteceu de fato na vida da verdadeira Domino. Como de praxe, o cinema engrandeceu uma história a fim de vender, vender e vender. Trazendo para as telas o que é diversão pura para um público pipoca. Acho que nem tanto eles, pois tem gente que não agüenta mais de duas horas em um filme como esse.

Basicamente, a trama é focada na história de vida da caçadora de recompensas, mas, infelizmente não agrada. Então aí me atinei ao caso Tony Scott figurando na direção do filme. Tudo bem que ele é dono de vários filmes prazerosos, como o famoso “Top Gun – Ases Indomáveis”, mas não está muito em posição de elogios, ultimamente. Ele carrega o filme de forma que o torna cansativo e realmente chato. Não há outra palavra. Não é ruim, péssimo, horrível, só é chato. Pronto! Ora, quem tem em mãos um roteiro muito bom, cheio de premissas atrativas e acaba transformando-o em um filme-entretenimento-barato não merece nenhum tipo de desconto. Merece um adjetivo seco e direto. Para citar como exemplo o quanto tudo foi tudo mal conduzido, a história de Domino, que era pra ser o enfoque principal pelo fato de atrair as pessoas por sua autenticidade, acaba ficando pouco explorada, ficando ela em segundo plano, pois o primeiro foram as cenas elétricas que só agradam a expectadores facilmente ludibriáveis, deixando a entender que, de fato, só quiseram vender o filme. Tudo bem que essa é sempre a intenção, mas não precisava ser somente essa.

O clichê também está lá. Quem disse que ele não ia ser convidado para a festinha? Ele é visto no objeto primordial do filme, a narrativa. Ela se passou na cadeia para, em forma de depoimento da Domino para a agente do FBI. Poderia ser feito em outro local não? Ou, nem precisaria mostrar o local desde o começo. Lembrem que em “Menina de Ouro”, Morgan Freeman narra o filme todo e só mostram de onde e como ele está fazendo no final, deixando a narração bem natural. Ao contrário de como foi mostrada aqui, porque ser no local mais simples, mais esperado e mais direto? A cadeia…

Apesar de Keira Knightley estar bem, ela tem sua interpretação ofuscada pelas desgraças do filme. O que poderia ser uma atuação bem lembrada, caiu na mesmice. Venhamos e convenhamos, ela ainda tem que “tomar muito Neston” para chegar a carregar um filme nas costas.

Completando elenco analisável, como coadjuvantes, ainda há Mickey Rourke (Sin City – A Cidade do Pecado) e Christopher Walken (Penetras Bons de Bico). Coisa que não muda de forma alguma minha visão do filme. Apesar dos nomes bem conhecidos e donos de currículos grandiosos e vitoriosos, nada além do normal foi visto, o que acaba condizendo com o filme. Ninguém há de pedir que um coadjuvante salve um roteiro baseado em uma pessoa real. Quem tem que fazer isso, ou é o próprio roteiro, ou o ator/atriz principal – às vezes, depende muito de como foi a história real, entretanto, nesse caso, não.

A trilha sonora, por sua vez… por sua vez nada! Ela é ruim. Essa sim é ruim. Que raio de hip-hop para tentar deixar o filme frenético foi aquele? Ele, mal colocado e eletrizante ao extremo desviava a atenção das cenas. Eu vou ao cinema curtir o filme em primeiro lugar, depois vem as musiquinhas. Tudo bem, vou relevar, pois se trata de um filme bem aventura, e nesses casos as músicas tem que ser frenéticas mesmo. Não tanto, mas vai esse desconto!

Pecando em vários termos, o filme se salva por uma história que podia ser mais bem explorada (só pela história em si), um bom começo e nomes bem representados do elenco. Por isso, ele não ganha um título mais ferrenho quanto ao escrachamento. Verdadeiramente, essa não é uma boa pedida. Se estiver querendo gastar dinheiro com cinema, não gaste com a escolha dessa película. É melhor esperar sair em DVD e quando estiver procurando o último filme para fechar a promoção da locadora, pense nele. Daí você leva e, se der, assiste. Agora, faça pipoca – muita pipoca!

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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