Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Elvira, a Rainha das Trevas

Um filme, no mínimo, peculiar. De roteiro duvidoso, elenco suspeito e produção um tanto tosca. “Elvira, a Rainha das Trevas” é tudo isso sim!! Mas é exatamente por causa disso que já virou um clássico do cinema trash.

É preciso ter muito bom senso ao assistir ao filme. Não se pode esperar que algo de sério saia da história de Elvira, apresentadora de uma série de filmes de terror, que recebe uma herança em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos e tem que lutar contra seu maquiavélico tio para ter o que é seu de direito. Com esse roteiro, logo no início do filme, já sabemos o que está por vir: uma comédia que abusa dos artifícios fantásticos e acaba por ser uma daquelas diversões sem algo de útil a acrescentar. Desse modo, se era apenas essa a intenção do filme, ele cumpre bem o seu papel, além de ter se tornado, hoje em dia, uma pérola do cinema trash. Aquele tipo de filme que de tão ruim acaba ficando aclamado.

Tudo o que Elvira quer é vender a casa que herdou e ir morar em Las Vegas e sendo uma personagem bastante simpática, ao seu modo, logo encanta os jovens da cidade – seu jeito independente e, principalmente, seus decotes contribuem para isso. Porém o plano mirabolante de seu tio para afastá-las da herança consiste em fazer que a “heroína” seja mal vista pelos habitantes mais conservadores da cidade a ponto de tentarem expulsá-la de lá. O que eventualmente não tarde a acontecer.

A trama pode não ser das mais complexas, mas a partir desse conflito a história se desenvolve acaba até por envolver o espectador mais receptivo. Repito: quem espera de “Elvira, a Rainha das Trevas” algo mais que um excelente filme B, se decepcionará, mas quem souber apreciar a película como uma obra desse gênero particular (e por que não dizer peculiar?), com certeza, vai ficar satisfeito.

O filme ainda nos brinda com diálogos sensacionais e muitas vezes surreais – e citações pra lá de “nonsense”, como quando Elvira diz “Não quero que as pessoas lembrem de mim como um belo par de pernas…eu também era um belo par de seios!” São frases com essas que nos lembram a todo instante a que veio o filme.

Algumas cenas também são memoráveis como o arremesso de sapato executado por Elvira, que acaba por perfurar a cabeça de seu tio com o salto-alto ou a tosca coreografia do final, que chocou a platéia mais conservadora na época em que o filme foi lançado. Cenas como essas seriam impensáveis em outras circunstancias, mas nesse filme, tudo é possível.

O filme foi feito com o orçamento franciscano de 20 milhões de dólares e a atuação de Cassandra Peterson como a protagonista Elvira, rendeu à atriz a indicação ao prêmio Framboesa de Ouro (dado aos piores do cinema), na categoria de Pior Atriz.

Apesar de tudo, todos os amantes do cinema têm que assistir “Elvira, A Rainha das Trevas”, que já virou, sim, um clássico e serve de modelo e exemplo para os filmes trash. O filme pode dividir opiniões, mas no final, todos têm que concordar que assisti-lo é, no mínimo, uma diversão incomparável.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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